Na última sexta-feira, 1º de novembro, a correspondente internacional da rede Globo, Sandra Coutinho, acusou um colega de trabalho de “mansplaining”. O termo é utilizado por feministas para classificar quando um homem interrompe a fala de uma mulher.
Os dois participavam de uma análise sobre as eleições americanas. Coutinho argumentava que as pessoas não querem Kamala Harris como presidente pela questão de gênero. A jornalista alegava que “o caminho para as mulheres é mais difícil”.
“Eu acompanhei várias pessoas falando na Geórgia, na Carolina do Norte, que não querem uma mulher na Presidência. Desculpe, mas neste assunto, eu sei que na pauta identitária ninguém mais tem paciência, mas quem tem lugar de fala sou eu”.
Demétrio Magnoli interpelou a colega, afirmando que há outros motivos que não esse para eleitores não escolherem a democrata. Segundo Magnoli a questão racial é mais relevante nessa situação.
"A maioria dos homens negros continua votando nos democratas, na Kamala Harris, não no Trump".
Buscando vencer seu argumento, Coutinho o acusou de desrespeitá-la e de não ter "lugar de fala" na questão. Magnoli rebateu:
"Não, não, eu também tenho lugar de fala. Não! Eu tenho lugar de fala também porque sou um analista político”.
Coutinho continuou criticando o colega por rir de suas acusações, alegando que se tratou de uma brincadeira.
“Eu acho inclusive que é feio você rir debochadamente. Eu não faço isso com você, Demétrio. Eu tenho respeito pela sua opinião. Eu fiz uma brincadeira sobre o lugar de fala. Acho que é importante a gente entender que não se trata de mimimi”.
Veja o vídeo da discussão:
A defesa de pautas identitárias é tema de “As Grandes Minorias”. A trilogia da Brasil Paralelo mostra como esse movimento está cerceando a liberdade de expressão de quem discorda com certas ideologias. Assista o primeiro episódio gratuitamente.
Sandra Coutinho nasceu em 20 de julho de 1967. Ela é jornalista e tem MBA em Relações Internacionais pela FGV. Trabalhou como editora-chefe de Internacional na Globo News entre março de 2009 e fevereiro de 2010.
Em 2010 Sandra se mudou para Nova York como correspondente da Globo. Antes ela morava no Rio. Seu marido Anderson Gazio também trabalha no escritório da Globo em Nova York.
Atualmente, participa do programa Em Pauta na Globo News.
Um divisor de águas em sua carreira foi em 2015, quando ela perguntou a Dilma sobre o Brasil ser ou não uma potência global.
O presidente Obama respondeu no lugar da brasileira, afirmando que via sim o Brasil de tal forma.
Depois do episódio, Coutinho foi promovida para trabalhar como correspondente no Jornal Nacional, tendo a novidade anunciada no ar pelo editor-chefe da atração, William Bonner. Sandra substituiu Hélter Duarte, que voltou ao Brasil.
Sua discussão com Demétrio Magnoli dividiu opiniões nas redes sociais. O usuário Ariel Costa manifestou apoio à jornalista, questionando “quantas mulheres ainda são silenciadas, interrompidas por esse tipo de homem todos os dias”.
Outro afirmou considerar “sensacional a exposição” de Magnoli:
Por outro lado, pessoas que aprovam o trabalho da jornalista criticaram a forma como ela defendeu seu ponto de vista. Caio Carlini relatou que “todo mundo pode debater qualquer assunto”.
A economista Renata Barreto ponderou que “na cabeça dela, ela pode falar o que quiser, do jeito que quiser, e o colega não pode responder ou revidar no meio de uma discussão porque senão vira mansplaining ou manterrupting.
O debate entre Sandra Coutinho e Demétrio Magnoli levanta a questão sobre o chamado “lugar de fala” para cercear opiniões diversas.
A trilogia "As Grandes Minorias", da Brasil Paralelo, aborda essas questões. A série analisa como movimentos identitários influenciam debates públicos. Ela também discute os impactos desses movimentos na liberdade de expressão.
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