Quem são os multimilionários russos mortos nos últimos meses?

Desde o começo da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, 13 magnatas russos com ligações com o governo morreram em situações com características semelhantes: suicídio ou acidentes ainda sob investigação. No último sábado, o empresário e deputado mais rico da Rússia, Pavel Antov, foi encontrado morto depois de cair da sacada de um hotel na Índia. 

O político estava em viagem com um grupo de amigos para comemorar seu aniversário de 66 anos, segundo a rede de TV Nexta. A imprensa indiana afirmou que o magnata foi encontrado sobre uma poça de sangue. 

Um dos amigos que o acompanhavam faleceu no mesmo hotel, um dia antes do acidente. 

A imprensa russa alegou que Pavel Antov cometeu suicídio por ter ficado deprimido com a morte do amigo, que também teria tirado a própria vida. 

O oligarca apresentava uma postura crítica ao regime russo, principalmente contra a Guerra na Ucrânia:

“Uma menina foi retirada dos escombros. O pai da menina parece ter morrido. Estão tentando retirar a mãe com um guindaste. Para dizer a verdade, é extremamente difícil chamar isso de outra coisa senão terror”, disse Pavel. 

Além de Pavel, a maioria dos empresários encontrados mortos estavam associados à gigante estatal russa de energia Gazprom ou suas subsidiárias. 

Outros tinham ligação com a maior empresa privada de petróleo e gás da Rússia, a Lukoil.

A companhia manifestou-se publicamente contra a guerra da Rússia na Ucrânia, pedindo simpatia pelas vítimas e o conflito.

Outros milionários russos tiveram destinos semelhantes em 2022:

Alexander Polyakov - Ligado à Gazprom, maior companhia de gás do país, ele foi encontrado enforcado nos arredores de São Petersburgo, no dia 25 de fevereiro. Seu corpo estava na garagem de um chalé. Alexander tinha 61 anos de idade.

Mikhail Watford - Mikhail Watford, de 66 anos, foi encontrado morto em março, em sua mansão avaliada em 18 milhões de libras, na Inglaterra. A polícia inglesa ainda não esclareceu as circunstâncias de sua morte, mas adiantou que não a considerou suspeita. Watford fez fortuna nas indústrias de gás e petróleo após a queda da União Soviética. 

Vasily Melnikov - Dono de uma empresa do setor farmacêutico, Vasily Melnikov foi encontrado morto em maio com a mulher e dois filhos pequenos, em Novgorod. A polícia também suspeita que ele tenha matado a família. Sua empresa fornecia equipamentos e insumos para hospitais.

Sergei Protosenya - Em 19 de abril, o ex-vice-presidente da empresa de gás natural Novatek, foi encontrado morto em sua mansão na Espanha, ao lado dos corpos da sua mulher e filha. A polícia espanhola suspeita que Sergei, de 55 anos, tenha esfaqueado as duas e se enforcado no jardim de casa.

Vladislav Avayev - Menos de 24 horas depois da morte Protosenya e sua família, o também multimilionário Vladislav Avayev, de 51 anos, foi encontrado morto com sua mulher e a filha de 13 anos em um apartamento em Moscou. A versão oficial divulgada da morte é similar à de Protosenya: Avayev teria matado a família com uma pistola e depois cometido suicídio.

Andrei Krukovsky - Em maio, o russo de 37 anos trabalhava como diretor-geral do resort de ski de Krasnaya Polyana, cuja gestão era comandada pela Gazprom. Ele teria caído de um penhasco na cidade de Sochi e não sobreviveu aos ferimentos.

Alexander Subbotin - Outro alto gerente da Lukoil, o magnata de 43 anos foi encontrado morto na casa de um xamã, também em maio. A suspeita é de que o bilionário tenha sido  intoxicado por veneno de sapo, usado em ritual. Subbotin foi encontrado morto no porão da casa em Mytishchi, uma cidade a nordeste de Moscou. A agência russa Tass acredita que o homem tenha sofrido um ataque cardíaco.

Yuri Voronov -  Ligado à Gazprom, o oligarca de 61 anos foi encontrado morto em julho, dentro de casa, nos arredores de São Petersburgo. Ele foi achado com ferimentos de bala na cabeça na sua residência de luxo em Leningrado, cidade portuária russa.

Leonid Schulman -  Schulman, de 60 anos, ocupava o cargo de diretor da Gazprom e foi encontrado morto em dezembro, na banheira de sua casa, em São Petersburgo. Uma carta indicando suicídio estava próxima ao corpo. Segundo a companhia, ele havia tirado uma licença para tratar de problemas de saúde. 

Assassinatos disfarçados?

O UOL Notícias afirmou que as mortes podem ser assassinatos disfarçados, segundo observadores habituados à política russa.

Igor Volobuev, ex-presidente da Gazprom, comentou o suicídio de Vladislav Avayev - um dos milionários russos que morreram em 2022 - em entrevista à CNN, em abril deste ano:

“O trabalho dele era lidar com banco privado, isso significa lidar com clientes VIP. Ele estava encarregado de quantias muito grandes de dinheiro. Então, ele se matou? Acho que não. Acho que ele sabia de alguma coisa e que representava algum tipo de risco”.

• Segundo Winston Churchill: " A Rússia é uma charada envolta em um mistério dentro de um enigma". Entender essa charada é entender um dos maiores atores da geopolítica global, especialmente devido à guerra na Ucrânia, um dos maiores conflitos do século XXI.

Para explicar toda a história por trás de uma das maiores guerras do século XXI até então, a Brasil Paralelo lançou no streaming o documentário Rússia vs Ucrânia, Putin vai à guerra, investigando sobre como Vladimir Putin concentrou o poder em si e se tornou um dos homens mais influentes do mundo.