Rodrigo de Melo Teixeira, ex-diretor de Polícia Administrativa da Polícia Federal e atual dirigente do Serviço Geológico do Brasil, foi preso nesta quarta-feira (17).
A prisão ocorreu durante uma operação da PF que investiga um esquema bilionário de corrupção em órgãos ambientais e de mineração.
Segundo os investigadores, Teixeira é acusado de ser o administrador oculto de uma empresa de mineração registrada em nome de sua esposa. Na prática, porém, ele seria o responsável por conduzir os negócios.
A PF afirma ainda que o ex-diretor usava a função pública para favorecer interesses privados. Entre os exemplos citados estão:
De acordo com os autos, empresários chegaram a ceder direitos minerários à empresa ligada a Teixeira de forma oficialmente “gratuita”, mas em troca de influência junto a órgãos públicos.
“Essa cessão, embora documentada como ‘gratuita’, foi possivelmente movida por interesse concreto: contar com a atuação de um delegado federal no interior da estrutura empresarial, como forma de obter acesso diferenciado a órgãos públicos, prestígio perante possíveis compradores, garantia de proteção diante de concorrência ou, ainda, investigações em curso.”
A PF também aponta que Teixeira negociava vender sua participação em uma mina por R$30 milhões.
Após deixar a diretoria da PF no fim de 2024, Teixeira assumiu o cargo de diretor de administração e finanças do Serviço Geológico do Brasil/Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (SGB/CPRM).
A instituição é vinculada ao Ministério de Minas e Energia.
Delegado de carreira, Rodrigo Teixeira foi superintendente da PF em Minas Gerais até 2024. Em 2018, ele iniciou a investigação do atentado a faca contra Jair Bolsonaro, em Juiz de Fora.
Em 2019, comandou a apuração do rompimento da barragem de Brumadinho, um dos maiores desastres ambientais do país.
Ao longo da carreira, também ocupou cargos de destaque:
Em 2024, foi nomeado pelo ministro Alexandre Silveira para o Comitê de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da Petrobras.
Agora, o nome de Teixeira aparece no centro de um esquema que, segundo a PF, envolve mais de 40 empresas, causou danos ambientais e colocou em risco áreas de preservação em Minas Gerais e em outros estados.
A operação da Polícia Federal cumpriu 22 mandados de prisão preventiva e dezenas de ordens de busca e apreensão em Brasília, Minas Gerais e outros estados.
Segundo a PF, o alvo é uma rede de favorecimentos ilegais que teria movimentado cerca de R$1,5 bilhão em lucros indevidos, envolvendo a Agência Nacional de Mineração (ANM), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e órgãos estaduais mineiros.
As investigações apontam fraudes em processos de licenciamento ambiental, pagamento de propinas e uso da máquina pública para beneficiar empresas privadas do setor de mineração.
Um diretor da ANM foi preso em Brasília, um ex-diretor é alvo de prisão e a sede da agência foi alvo de buscas.
Os investigadores afirmaram que o objetivo é combater crimes “independentemente de quem sejam os envolvidos, mesmo que seja um delegado da PF ou outro membro da instituição”.
As investigações seguem em andamento, e os presos serão ouvidos pela Polícia Federal nos próximos dias. O caso deve agora avançar para a fase de análise das provas recolhidas e possíveis denúncias do Ministério Público.
A expectativa é que novos desdobramentos revelem até onde chegava a rede de favorecimentos ilegais dentro dos órgãos ambientais e de mineração.
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