Bruno Lamoglia e Lucas Scudeler falaram sobre vícios, maturidade e a importância das virtudes para a saúde mental durante a live especial de 9 anos da Brasil Paralelo.

Em um diálogo direto, técnico e ao mesmo tempo acessível, os dois apresentaram um diagnóstico da cultura contemporânea e indicaram um caminho claro de cura: a busca pelas virtudes cardeais.

Quando o prazer adoece: o ciclo vicioso da dopamina

Para Lucas Scudeler, todo vício nasce da tentativa frustrada de preencher um vazio e termina ampliando esse vazio.

“Se você tem hábitos que liberam dopamina, mas tomam mais energia do que geram, eles se tornam ciclos insustentáveis”, explicou.

O padrão, segundo ele, é conhecido: prazer imediato, seguido de culpa, vergonha e arrependimento.

“É como cavar um buraco e tentar tapá-lo ao mesmo tempo. Um comportamento autodestrutivo.”

Bruno Lamoglia reforçou esse ponto: “O vício é um padrão lesivo, que te afasta de quem você realmente é.”

Para ele, a cultura do imediatismo, impulsionada por redes sociais e excesso de estímulo, é um dos principais fatores de vício hoje.

“Quanto mais forte for o estímulo, mais o sistema fica viciado. O celular, por exemplo, é a droga número 1. Ele não é o problema, mas o uso desregulado gera uma realidade de fuga, de desconexão com o esforço.”

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A maturidade como antídoto: das virtudes à liberdade

Os dois especialistas insistiram: o vício não se sustenta, mas a virtude sim.

“O vício é uma espiral de autodestruição. Se a pessoa continua nesse caminho, ela acaba se destruindo”, alertou Scudeler.

A cura, segundo ele, está no caminho da maturidade e a maturidade exige virtude.

“Sem as quatro virtudes cardeais, não se torna adulto”, disse. As virtudes são:

• Temperança – a justa medida, segundo Aristóteles;
• Prudência – saber decidir com clareza e equilíbrio;
• Justiça – dar a cada um o que lhe é devido;
• Fortaleza – suportar as dificuldades sem perder o rumo.

Para Bruno, “os bons e verdadeiros prazeres exigem esforço. O prazer fácil perde o valor.”

Ele também afirmou que a mente precisa ser fortalecida para resistir ao apelo constante do prazer imediato.

“A virtude é o antídoto para o vício. E a pessoa madura é aquela que governa as próprias emoções e decisões.”

O ser humano como fonte de valor

Além do diagnóstico, os dois apontaram para o que significa viver bem.

“A alma humana tem a mesma constituição desde sempre”, afirmou Scudeler.

O problema da modernidade não é a alma em si, mas a velocidade com que ela pode ser saciada ou melhor, iludida.

“Uma pessoa madura entrega mais do que consome. A pessoa disfuncional é como um parasita, que precisa de mais energia do que devolve ao ambiente”, disse ele.

No fim, a mensagem é: vício é fuga. Virtude é encontro. Para curar a alma, é preciso restaurar o esforço, o autocontrole e o amor ao bem.

Tudo isso começa pela consciência de que o prazer mais valioso é aquele que custa mas transforma.

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