O Milagre da Libertação
Em 1940, já com 53 anos e uma carreira consolidada, Cunningham foi enviado ao quartel-general, em Dover, para auxiliar o vice-almirante Bertram Ramsay na logística da evacuação de Dunquerque, segundo o Imperial War Museums.
Sua missão era coordenar uma força heterogênea de soldados, marinheiros e civis — incluindo pescadores e engenheiros — para resgatar tropas encurraladas entre o mar e as linhas alemãs.
Ele organizou uma frota improvisada de 850 embarcações, de navios de guerra a botes de pesca, em uma operação que Winston Churchill chamou de “milagre da libertação”.
Antes disso, em 1917, na Batalha de Arras, ele já havia demonstrado sua capacidade de planejar contra-ataques sob pressão, um talento que o destacaria novamente em Dunquerque.
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Vingadores retrata esta improvável união de diferentes perfis
A conexão com os Vingadores surge na essência dessa união. Quando Stan Lee e Jack Kirby lançaram The Avengers #1 em setembro de 1963, a ideia era reunir heróis diferentes para enfrentar ameaças que nenhum poderia derrotar sozinho. É a partir desta ideia que o quarteto é formado.
Lee, nascido em 1922 em Nova York, cresceu ouvindo histórias da Segunda Guerra Mundial, um conflito que moldou sua visão de heroísmo coletivo. Em entrevista à Playboy em 1981, ele disse:
“Eu via os aliados como uma equipe, cada um com suas forças, lutando por algo maior.”
Cunningham, em Dunquerque, encarnou isso. Sem superpoderes ou tecnologia avançada, ele uniu militares experientes, voluntários civis e até cientistas improvisando comunicações para superar as probabilidades.
No livro Overlord (1984),o historiador Max Hastings, destaca como oficiais como Cunningham transformaram “desordem em determinação”, um eco do que os Vingadores fariam contra Loki ou Thanos. Lee, que serviu no Exército dos EUA entre 1942 e 1945 escrevendo manuais e filmes de treinamento, absorveu esse espírito de colaboração que marcou a época.
A Operação Dynamo, porém, não foi impecável. Cunningham enfrentou críticas por falhas como a falta de cobertura aérea inicial, que deixou embarcações vulneráveis aos bombardeios da Luftwaffe.
Segundo o The National Archives 68 mil soldados aliados não voltaram, por terem sido mortos ou capturados. Ainda assim, seu papel foi vital para o sucesso que manteve a resistência britânica viva contra Hitler.
Após Dunquerque, Cunningham ascendeu a tenente-general e, em 1941, comandou a East Africa Force na Campanha da África Oriental, derrotando os italianos e libertando Adis Abeba, permitindo o retorno do imperador Haile Selassie.
Promovido a general da Eighth Army no Norte da África, enfrentou Erwin Rommel na Operação Crusader, mas foi substituído por Claude Auchinleck após perdas iniciais.
Ele voltou ao Reino Unido, onde serviu em cargos como comandante do Eastern Command até 1945, quando foi promovido a general pleno.
Cunningham encerrou sua carreira militar como o último Alto Comissário da Palestina (1945-1948), supervisionando a retirada britânica em meio a tensões com milícias sionistas e árabes.
Morreu em 30 de janeiro de 1983, aos 95 anos, em Royal Tunbridge Wells, Kent.
O que torna Alan Cunningham um “vingador” da vida real era sua habilidade de transformar indivíduos comuns em uma força coletiva.
Os Vingadores da Marvel lutam contra invasões alienígenas; Cunningham enfrentou tanques e aviões nazistas. Também enfrentou forças italianas e desafios coloniais.
Em um mundo onde heróis fictícios inspiram milhões, sua história nos lembra que a realidade também tem seus protagonistas. Como disse Stan Lee em Stan Lee’s Mutants, Monsters & Marvels (2002):
“Os verdadeiros heróis são os que fazem o impossível parecer possível.”
Hoje, enquanto Chris Hemsworth brande o martelo de Thor nas telas, vale imaginar que, em algum arquivo empoeirado de Dover ou Nairóbi, o legado de Cunningham sussurra: a união sempre foi o maior poder.