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Ah, o Natal! Aquela época mágica do ano em que tiramos os pratos mais pomposos do armário, nos reunimos com a família e comemos… um frango e um presunto.
Ops, quer dizer, Chester e Tender. Porque sim, amigo, por trás desses nomes sofisticados e marketeiros, está a simplicidade de sempre: um frango parrudo e um presunto cozido.
Mas vamos por partes, como diria o açougueiro.
Vamos começar pelo Chester, essa estrela das ceias natalinas brasileiras. A história começa nos anos 1970, quando uma grande empresa alimentícia decidiu criar uma alternativa ao Peru, que era mais caro e não cabia no orçamento de muitas famílias.
O Chester nada mais é do que um frango turbinado, selecionado para ter peitos e coxas generosos, porque ninguém queria se contentar com as asinhas magrinhas do frango tradicional.
O nome “Chester” vem do inglês chest, que significa “peito”, e foi escolhido para destacar justamente isso: o peito avantajado da ave. Sim, acredite, é isso.
Ele não é uma espécie rara nem uma ave mística criada em laboratório, como alguns podem imaginar.
É apenas um frango, alimentado com ração especial e criado para ter mais carne. Pode ser saboroso? Claro que pode. Mas ainda é um frango.
Agora vamos ao Tender, o queridinho natalino que se vende como algo requintado, mas que, no fundo, é… um presunto.
Sim, o Tender é um presunto cozido e, na maioria das vezes, moldado em uma forma arredondada.
Se você quiser algo mais próximo do “autêntico”, pode buscar o Tender com osso, que é basicamente o mesmo presunto, só que com o osso incluído para dar aquele toque rústico.
A verdade é que o Tender ganhou status nas ceias porque traz aquele ar americano de Natal com presuntos gigantes, mas na prática, ele é a versão brasileira e compacta dessa tradição.
Nada contra, claro — ele combina super bem com frutas caramelizadas e dá um toque doce à mesa, mas, no fundo, é só um primo mais elegante do presunto fatiado do seu café da manhã.
Agora vamos falar do Peru, a ave que simboliza o Natal em vários países. A tradição do Peru remonta às festas natalinas europeias, onde o ganso era a ave preferida.
Quando os colonizadores chegaram à América e encontraram o Peru, uma ave grande e fácil de criar, ele logo foi adotado como substituto.
Nos Estados Unidos, virou o prato principal no Dia de Ação de Graças e, por tabela, também no Natal.
No Brasil, ele chegou como item de luxo e virou símbolo de festa, mesmo que muitas vezes precise de doses generosas de manteiga para ficar saboroso.
A resposta é simples: marketing.
Empresas alimentícias perceberam que poderiam criar símbolos para o Natal brasileiro e empurrar produtos que fossem acessíveis e fáceis de preparar.
Foi assim que o Chester e o Tender entraram para a lista de favoritos da ceia, ao lado do Peru e do Panetone.
Tudo para transformar a ceia em um momento especial, com uma ajudinha do branding.
No final das contas, Chester é um frango parrudo, Tender é um presunto cozido, e o Peru é… bem, o Peru.
Não há nada de errado em apreciá-los, mas saber o que está por trás desses nomes sofisticados nos lembra que o mais importante é o momento de compartilhar a mesa com quem amamos.
E, se você quiser economizar, é só pegar um frango grande e um bom pedaço de presunto — com ou sem o glamour do nome.
Afinal, Natal é para celebrar, e o sabor está em quem faz o prato, não no rótulo.