Especial de Natal 2025

Dia 15 de dezembro, garanta seu lugar

Cadastro gratuito
Guerra Oculta - Estreia exclusiva
Evento de lançamento começa em
00
D
00
H
00
M
00
S
December 2, 2025
Ative o lembrete
Psicologia
3
min de leitura

Conheça os personagens de Alice no País das Maravilhas: uma jornada psicológica e simbólica

Os Personagens de Alice no País das Maravilhas: uma jornada psicológica e simbólica

Por
Lucas Brandão Pelucio
Publicado em
9/4/2025 11:08
Filme clássico da Disney sobre Alice no País das Maravilhas

A obra Alice no País das Maravilhas, escrita por Lewis Carroll em 1865, é famosa por entreter e gerar curiosidade em crianças e adultos. Ao longo dos anos, o livro foi adaptado  várias vezes no cinema que foram assistidas por centenas de milhões de pessoas.

Segundo a revista Box Office Mojo, apenas o filme live-action de Tim Burton, Alice no País das Maravilhas (2010), produzido pela Disney, arrecadou mais de 1,025 bilhão de dólares em bilheteria mundial.

Muito mais do que uma simples história infantil, trata-se de uma narrativa repleta de simbolismo, nonsense e camadas psicológicas que continuam a fascinar leitores e estudiosos. 

Cada personagem que Alice encontra em sua jornada reflete aspectos da psique humana, da sociedade e da busca por sentido em um mundo caótico. Neste artigo, exploraremos os principais personagens da trama, trazendo interpretações inspiradas em grandes pensadores da psicologia e da filosofia, como Sigmund Freud, Carl Jung, Rudolf Allers, Alfred Adler e Santo Tomás de Aquino, entre outros.

O que você vai encontrar neste artigo?

Alice: a Busca pela Identidade e o Confronto com o Inconsciente

A personagem principal da história é uma garota inglesa de sete anos que acredita ter muito conhecimento devido a sua inteligência e eloquência extraordinárias para a idade.

Ela pensa compreender o mundo e estar no nível de maturidade dos adultos. É interessante notar que a protagonista foi baseada em uma pessoa real: Alice Liddell, filha de um conhecido de Carroll.

Sua vida muda completamente ao avistar um Coelho Branco atravessando o jardim, trajado com um colete e carregando um relógio. Diante de uma cena tão inesperada e intrigante, ela se deixa guiar pelo impulso da curiosidade e decide acompanhá-lo, sem considerar o que poderia resultar dessa escolha.

Nessa hora começa um dos principais significados da história: ela se depara com um mundo completamente diferente do que ela conhece e espera. É como se o autor retratasse que o mundo é muito mais complexo e vasto do que podemos imaginar em nossa possível prepotência.

“Há mais coisas no céu e terra, Horácio, do que foram sonhadas na sua filosofia” (fala da peça Hamlet, de Willian Shakespeare).

Visão psicológica

A jornada de Alice pode ser vista como uma metáfora do processo de autodescoberta. Analisando a personagem conforme o pensamento de Carl Jung, Alice pode representar o arquétipo do "herói" em sua busca pela individuação, o processo de integrar o consciente e o inconsciente para formar uma identidade coesa. 

Suas constantes mudanças de tamanho simbolizam a instabilidade da infância e a luta para compreender o "eu" em um mundo de regras que não estão dentro do seu campo de conhecimento e expectativa.

Já Rudolf Allers, com sua visão tradicional da psicologia, poderia sugerir que Alice busca um sentido transcendente em meio ao caos, uma luta para alinhar sua alma com a ordem divina, como diria Santo Tomás de Aquino ao falar da harmonia entre razão e fé.

  • Gosta de histórias fantásticas e profundas? Então você precisa conhecer a BP Select, o streaming com a maior qualidade de filmes segundo a média do IMDb - toque aqui para saber mais.

O Coelho Branco: a ansiedade e a pressão do tempo

O Coelho Branco é uma figura ansiosa e apressada, vestido com um colete e segurando um relógio de bolso, que atravessa o jardim e desperta a curiosidade de Alice. Representando a obsessão pelo tempo e a ordem, ele a conduz ao País das Maravilhas, onde sua agitação contrasta com o caos reinante.

Freud poderia ver no coelho uma representação da neurose, com sua ansiedade constante sendo um eco do superego rígido que cobra perfeição.

Para Alfred Adler, ele poderia simbolizar o complexo de inferioridade: sua obsessão por cumprir horários e agradar a Rainha reflete uma busca por validação externa, típica de alguém que teme não estar à altura das expectativas. 

Do ponto de vista de Santo Tomás de Aquino, o Coelho Branco poderia ser uma metáfora da alma inquieta que, sem a contemplação do eterno, se perde na superficialidade do tempo terreno, não encontrando a verdadeira felicidade nas realidades passageiras. 

Já Jung enxergaria nele o arquétipo do "mensageiro", guiando Alice para o submundo psíquico, ainda que de forma desajeitada, talvez refletindo a falta de jeito de Alice para lidar com tais questões.

O Chapeleiro Maluco: o caos da razão e a liberdade Criativa

O Chapeleiro Maluco é um excêntrico anfitrião de um chá eterno, marcado por sua lógica nonsense e comportamento imprevisível. Acompanhado da Lebre de Março e do Arganaz, ele desafia as convenções da razão, oferecendo a Alice um vislumbre de loucura.

Na Inglaterra vitoriana, os chapeleiros usavam muito mercúrio em suas produções. O produto chegava a envenenar alguns deles, deixando-os com tremores e confusão mental. Uma expressão famosa era "louco como um chapeleiro”, devido a essas condições e, possivelmente, pela profissão ser mais artística e criativa.

Na narrativa original, o Chapeleiro é apresentado como um anfitrião peculiar que desafia Alice com enigmas sem resposta (como "Por que um corvo se parece com uma escrivaninha?") e uma lógica nonsense que reflete o caos do País das Maravilhas. 

Ele explica que está preso em um chá eterno porque "brigou com o Tempo" — uma referência a uma cena anterior em que irritou o Tempo durante um recital para a Rainha de Copas, sendo condenado a ficar às "seis horas" para sempre. 

No livro, o Chapeleiro não luta contra a Rainha de Copas. Ele reaparece brevemente no julgamento de Alice (Capítulo XI), como testemunha nervosa e confusa, mas não há um confronto físico ou narrativo significativo entre ele e a Rainha. 

Sua relação com ela é de subserviência relutante: ele a teme, como todos no País das Maravilhas, mas não a desafia diretamente.

Para Jung, ele poderia encarnar o arquétipo do "trickster", o agente do caos que desafia convenções e revela verdades ocultas. Sua mesa de chá eterna, onde o tempo parece parado, reflete uma resistência à linearidade da vida adulta, um tema que Adler exploraria como uma fuga da responsabilidade social, uma relutância em amadurecer.

Freud talvez visse no Chapeleiro um exemplo de regressão psíquica, um retorno a um estado infantil onde as regras do ego são suspensas. 

Rudolf Allers, por sua vez, poderia interpretá-lo como uma alma desorientada, incapaz de encontrar a "finalidade última" que Aquino associava à felicidade verdadeira, lutando para permanecer na vida terrena, sem Deus, para sempre.

O Gato de Cheshire: o mistério e a sabedoria ambígua

O Gato de Cheshire (Cheshire Cat, no original) é uma das figuras mais intrigantes e memoráveis de Alice no País das Maravilhas, criado por Lewis Carroll em 1865. Ele aparece pela primeira vez no Capítulo VI ("O Porco e a Pimenta") e se destaca por seu sorriso enigmático, sua habilidade de desaparecer gradualmente até restar apenas o sorriso, e suas conversas ambíguas que confundem e orientam Alice ao mesmo tempo. 

Características e aparição no livro

O Gato de Cheshire é descrito como um gato grande e sorridente, empoleirado em uma árvore, com a capacidade única de se desmaterializar à vontade. Quando Alice o encontra, ele está na propriedade da duquesa e a saúda com um sorriso largo antes de iniciar um diálogo filosófico e provocador. 

Ele pergunta a Alice para onde ela quer ir, apenas para responder que, no País das Maravilhas, todos os caminhos levam a algum lugar (ou a lugar nenhum), já que todos são loucos, incluindo ele próprio. Sua declaração "Somos todos loucos aqui" tornou-se uma das frases mais icônicas da obra.

O Gato reaparece mais tarde, durante o jogo de croqué da Rainha de Copas (Capítulo VIII), flutuando no ar e irritando a Rainha com sua presença intangível. Quando ela ordena "Cortem-lhe a cabeça!", o Gato desafia a lógica da execução ao desaparecer, deixando os carrascos confusos sobre como decapitar algo sem corpo. Essa cena reforça sua natureza esquiva e sua tendência a subverter a autoridade com humor.

Origens e inspirações

Carroll pode ter se inspirado em várias fontes para criar o Gato de Cheshire:

  • Folclore Local: o condado de Cheshire, na Inglaterra (onde Carroll nasceu), tinha uma tradição de gatos sorridentes esculpidos em igrejas medievais, como na St. Wilfrid’s Church, em Grappenhall. A expressão "grinning like a Cheshire cat" (sorrindo como um gato de Cheshire) já existia antes do livro, possivelmente ligada a esses entalhes ou ao queijo local, moldado em forma de gato.
  • Símbolo Filosófico: o Gato também evoca questões metafísicas, como a separação entre aparência e essência, algo que Carroll, como lógico e matemático, apreciava explorar.

Papel na História

Na narrativa original, o Gato de Cheshire atua como uma espécie de guia paradoxal para Alice. Ele não oferece respostas claras, mas suas provocações a ajudam a navegar pelo País das Maravilhas. 

Por exemplo, ele sugere que ela visite o Chapeleiro Maluco ou a Lebre de Março, mas avisa que ambos são loucos, deixando-a decidir sozinha. Sua presença é ambígua: ele é ao mesmo tempo um observador distante e um participante ativo, desafiando as regras rígidas da Rainha sem se envolver diretamente em conflitos.

Diferente de adaptações modernas, o Gato no livro de Carroll não luta contra a Rainha de Copas nem assume um papel de herói. Ele é mais um comentarista irônico, um espírito livre que zomba da autoridade e desaparece quando conveniente. Sua "loucura" é autoconsciente, o que o diferencia dos outros personagens, presos em suas próprias ilusões.

Para Jung, ele seria o arquétipo do "sábio" ou do "guia espiritual", oferecendo a Alice insights crípticos que a ajudam a navegar pelo País das Maravilhas. Seu sorriso persistente, mesmo quando seu corpo desaparece, sugere a permanência do inconsciente coletivo, uma ideia central no pensamento junguiano.

Freud poderia interpretá-lo como uma projeção do superego de Alice, um juiz interno que a provoca e a desafia, mas nunca oferece respostas claras. 

Adler, por outro lado, poderia ver no Gato uma manifestação do poder da autoconfiança: ele existe em seus próprios termos, indiferente às regras alheias. 

Já para Santo Tomás de Aquino, o Gato talvez representasse a razão especulativa, que guia sem impor, deixando Alice livre para encontrar seu caminho.

A Rainha de Copas: o poder autoritário e a tirania emocional

Relacionados

Todos

Exclusivo para membros

Ver mais