Entre 1094 e 1095, Alexios Komnenos, imperador de Bizâncio, enviou ao Papa Urbano II uma carta pedindo ajuda contra a ameaça que vinha do Oeste: os turcos seljúcidas. Eles haviam tomado quase toda a Ásia Menor das mãos do imperador Bizantino.
Diante da nova ameaça, no dia 27 de novembro do ano de 1095, na cidade francesa de Clermont, o Papa Urbano II lançou um chamado para os cristãos ocidentais. Este evento deu origem ao que foram as cruzadas.
Foram ao todo cerca de oito cruzadas. Muitos fatos, eventos e personagens estão envolvidos nessa história. Veja um resumo completo delas.
As Cruzadas foram expedições militares que buscavam proteger os cristãos que iam para a Terra Santa - Jerusalém, Belém, Nazaré e outras cidades. O objetivo era proteger os fiéis peregrinos atacados por ladrões e intolerantes religiosos. Foram oito cruzadas oficiais, tendo começado no século XI e terminado no século XIII.
Entre 1094 e 1095, Alexios Komnenos, imperador de Bizâncio, enviou ao Papa Urbano II uma carta pedindo ajuda contra a ameaça que vinha do Oeste: os turcos seljúcidas. Eles haviam tomado quase toda a Ásia Menor das mãos do imperador Bizantino.
Diante da nova ameaça, no dia 27 de novembro do ano de 1095, na cidade francesa de Clermont, o Papa Urbano II lançou um chamado para os cristãos ocidentais.
O chamado envolvia pegar em armas e libertar os territórios dominados pelos turcos. A salvação era prometida aos combatentes que participassem da peregrinação. O motivo era simples.
A principal causa das cruzadas foi o impedimento das tradicionais peregrinações de cristãos à Terra Santa. A rota para Jerusalém, a Ásia Menor, foi tomada pelos turcos seljúcidas, que violentavam os cristãos peregrinos por os acusarem de serem infiéis a religião muçulmana.
Pelo caminho, os peregrinos eram saqueados, raptados ou assassinados. Um caminho antes tranquilo, usado para devoção particular, foi tomado por um povo violento e que não tolerava a presença dos cristãos.
Há muito tempo os cristãos não tinham domínio político das terras na Palestina. A chegada dos seljúcidas trouxe a violência contra os peregrinos, que, em geral, andavam desarmados, com poucos suprimentos e seguiam as rotas fazendo penitência.
Aos poucos, foi se tornando necessário andar com escoltas armadas para concluir o caminho até a Terra Santa.
Não era permitido aos peregrinos portar armas ou escoltas. Mas, aos poucos a permissão de possuí-las foi sendo aprovada.
O Papa Urbano II buscou resolver o problema de maneira mais enérgica: convocou todos os cristãos a tomar armas e libertar os irmãos da Ásia dessa opressão.
O papa prometeu uma chance de redenção: todos que morressem lutando contra os infiéis seriam cumulados do perdão de seus pecados e garantiriam a salvação.
Ladrões, mercenários, pessoas que nunca realizaram nada em suas vidas, todos foram convocados para lutar contra os mouros. O objetivo do papa no que foram as cruzadas era algo maior.
O objetivo principal das cruzadas era proteger os cristãos que peregrinavam para a Terra Santa, Jerusalém. Grupos de muçulmanos atacavam os cristãos que iam conhecer a terra que Jesus andou, roubando-os e até mesmo os escravizando.
Do século XI ao século XIII aconteceram cerca de oito grandes cruzadas. Diferentes em datas, em personagens e mesmo em objetivos, elas partilhavam uma característica similar: a crença na unidade da cristandade em torno de um inimigo comum.
Resumo dos objetivos das Cruzadas:
Para entender o que foram as Cruzadas, é necessário contextualizar a época.
Quando Urbano II se tornou papa, a cristandade estava dividida entre a Igreja Católica Apostólica Romana e a Igreja Católica Apostólica Ortodoxa, fruto do cisma que ocorreu no ano de 1053.
O papado de Urbano II ocorria durante um período conturbado da história da Igreja. O Sacro Império Romano Germânico estava em conflito com o Bispo de Roma, pois ambos disputavam a supremacia sobre os territórios papais na Itália.
Ao mesmo tempo, o Império Bizantino vinha sofrendo derrotas para tribos turcas que avançavam sobre seu território.
Esta tribo de mouros havia dominado os territórios considerados santos pelos cristãos. A resposta foi a convocação do Papa Urbano II aos cristãos no Concílio de Clermont, na França.
Era uma viagem arriscada, custosa e extremamente complexa, mas o preço material e físico não era nada para os guerreiros que se alistaram nesta luta de fé.
Aos que seguissem na Cruzada, o papa prometia a salvação eterna e a redenção dos pecados. A cristandade estava finalmente unida diante do inimigo comum: o agressor mouro.
Assim que Urbano II propagou seu chamado pela Europa, multidões partiram rumo a Constantinopla. Roberto, o monge, transcreveu o discurso do Papa. Confira um trecho:
“Povo dos Francos, povo de além dos Alpes, eleito e amado por Deus, distinguido entre as nações pela posição de vossos pais, pela observância da fé católica e pela honra que presta à Santa Igreja, a vós se dirige nosso discurso e nossa exortação.
[...] Desde Jerusalém e desde Constantinopla chegou até nós, mais de uma vez, uma dolorosa notícia: os persas, povo muito diverso do nosso, povo de fato afastado de Deus, estirpe de coração inconstante e cujo espírito não foi fiel ao Senhor invadiu terras daqueles cristãos, as devastou com o ferro, a pilhagem e o fogo.
Levou parte dos habitantes como prisioneiros até seu país, outra parte matou com infames estragos, e as igrejas de Deus as destruiu até os fundamentos ou as entregou ao culto da religião deles.
Eu, ou melhor, o Senhor, imploro a vocês, como arautos de Cristo, que publiquem isso em todos os lugares e persuadam todas as pessoas de qualquer categoria, soldados de infantaria e cavaleiros, pobres e ricos, a levar ajuda prontamente a esses cristãos e a destruir aquela raça vil do terras de nossos amigos. Digo isso a quem está presente, é dirigido também a quem está ausente. Além disso, Cristo o ordena”.
Aqueles que estavam presentes começaram a gritar em Latim: “Deus vult! Deus vult!” que significa “Deus quer”. O Papa continuou seu discurso e todos ficaram inflamados, em pouco tempo as cruzadas começariam.
O então imperador do Império Bizantino, Alexios Komnenos, ofereceu apoio aos Cruzados e a sua viagem em troca de que as terras bizantinas fossem devolvidas, o que nem sempre ocorreu.
A primeira cruzada durou quatro anos e envolveu diversos processos, planejamentos e sucessivos ataques até a conquista cristã de Jerusalém. Pelo caminho, várias cidades foram conquistadas abrindo espaço para o cerco definitivo. São elas:
A cidade de Edessa, em 1098, passou a ser administrada pelos cruzados sendo convertida no primeiro reino latino nas terras sagradas para os cristãos, sob o comando de Balduíno de Bolonha.
A cidade de Antioquia também foi transformada em reino cristão. Convertendo-se no Principado da Antioquia, administrado principalmente por normandos do sul da Itália.
As tropas conquistaram três territórios estratégicos e avançaram em direção a Jerusalém. Próximos das muralhas, foram lideradas por Godofredo de Bulhão, o Duque de Lorraine, Raimundo de Toulouse, Roberto, o Duque da Normandia e Roberto, o Conde de Flandres.
No dia 7 de junho de 1099, cercaram a cidade. O cerco durou oito dias e várias perdas acometeram os cristãos. As muralhas pareciam repelir todas as suas ofensivas e seus recursos começavam a escassear.
Mas nada parecia abalar o desejo de retomar a Terra Santa, de libertar os irmãos cristãos e retomar o culto religioso nos locais sagrados. Deus Vult — em português, “Deus o quer” — gritavam os cruzados para reanimar o fervor de sua luta.
No dia 13 de julho de 1099, um grupo liderado por Godofredo conseguiu penetrar nas muralhas de Jerusalém e abrir suas portas. Este evento foi crucial para a vitória dos cristãos.
Nove dias depois, no dia 22, quando as lutas terminaram, Godofredo foi eleito o governante do Reino Cristão de Jerusalém.
O triunfo de Godofredo se eternizou, juntamente com a vitória improvável dos cristãos, que padeciam pouco a pouco com a fome, a escassez e contra um adversário com exército e defesas superiores.
Um ano após a conquista, acabou falecendo e foi sucedido por seu irmão Balduíno I.
No dia 12 do mês seguinte, os cristãos conquistaram uma nova vitória em Ascalão, enfrentando as forças islâmicas do Egito.
Após a conquista, uma falsa sensação de segurança tomou conta dos cruzados. Muitos retornaram aos seus lares e deixaram conquistas cruciais das batalhas desguarnecidas. A consequência destes fatos levou a uma segunda convocação de cruzada.
Dois grandes problemas despertaram a necessidade de uma nova cruzada: Edessa havia sido tomada em 1144 e, entre os mouros, o grande general Saladino havia ascendido ao poder. Ele foi responsável por unir os diferentes califados islâmicos que antes brigavam entre si pelo poder.
Assim como os cristãos se unificaram diante do apelo do papa contra o inimigo mouro, Saladino havia unificado seu povo contra os adversários cristãos do Oriente.
O perigo estava às portas de Jerusalém, o Condado de Edessa era uma rota de acesso à Terra Santa. Preocupado, o Papa Eugênio III convocou uma nova cruzada para defender a região.
Mesmo sendo o líder máximo da igreja, seu apelo não foi atendido. Por esta razão, o Rei Luís VII pediu a São Bernardo de Claraval que convocasse os fiéis.
Ao contrário da primeira, a Segunda Cruzada fracassou. Os cristãos encontravam-se cada vez mais acuados até serem vencidos pelo líder muçulmano chamado Nur as-Din.
Quando se trata do que foram as Cruzadas, sempre se tem em mente os Cavaleiros Templários e as ordens militares.
Na Segunda Cruzada, os cavaleiros da Ordem do Templo e de outras ordens participaram. A existência dos monges guerreiros será abordada mais para frente no artigo. O Concílio de Troyes conferiu a autorização papal para que as ordens militares existissem e participassem da Segunda Cruzada.
Quando o Rei Balduíno IV de Jerusalém morreu de lepra, foi sucedido pelo filho Balduíno V, que também morreu. Assim, sua mãe, Sibila, assumiu como regente.
Antes de continuar com os desdobramentos de sucessão ao trono, é preciso entender a importância das ordens militares. O monarca tinha legitimidade por causa de seu apoio, pois eram responsáveis por sua escolta e pela proteção da cidade. Os templários e os hospitalários (Ordem de Malta) defendiam os peregrinos em Jerusalém e aprovaram a coroação de Sibila.
Tudo mudou com a chegada de Guido de Lusignan, marido de Sibila, homem que ela desejava ver coroado rei. Para tanto, tinha ela o apoio dos templários, mas não dos hospitalários. No final, ele acabou sendo coroado ao lado de Sibila e se tornou o novo rei de Jerusalém.
Enquanto isso, Saladino havia expandido seu domínio sobre grande parte dos territórios outrora dominados pelos cristãos. O ano era 1186 e o confronto entre as tropas na cidade de Jerusalém era inevitável.
Como os templários derrotariam os muçulmanos?
Raimundo de Trípoli, chefe dos cristãos, aconselhou o rei a aguardar que o exército de Saladino se desgastasse no deserto. A vitória parecia certa com a execução deste plano. Entretanto, Geraldo de Ridefort convenceu o monarca a mudar de ideia e a atacar. Por causa desta mudança de estratégia, Jerusalém foi perdida.
Em 1187, Saladino derrotou os cristãos na Batalha de Hattin. Como consequência, eles prenderam o rei, 230 templários e Reinaldo de Châtillon, que era um antigo inimigo do líder muçulmano e morreu como mártir porque recusou-se a converter-se ao Islã.
O Rei Guido foi poupado, mas com os templários não poderia acontecer o mesmo. Eram homens que tinham escolhido dar suas vidas pela Igreja, por causa da fé em Jesus. Foi-lhes dada uma escolha entre duas opções: converter-se ao Islã ou morrer.
Os 230 escolheram a morte.
Com grandes derrotas, sobretudo em Dorylaeum, em 1147 e em Damasco, em 1148, a Segunda Cruzada é considerada um grande fracasso.
A notícia da tomada de Jerusalém pelos muçulmanos rapidamente chegou à Europa. Então uma nova Cruzada foi organizada.
Saladino continuava a expandir seus domínios. Em outubro de 1187, Saladino cercou e tomou Jerusalém. A Cidade Santa foi tomada e todo o esforço da primeira cruzada ruiu junto com a conquista do grande general.
Saladino continuava a expandir seus domínios e conquistava diversas cidades latinas e castelos cruzados. Espalhando seu domínio e um reino de terror contra os cristãos que foram deixados para trás.
O Papa Gregório VIII, preocupado com as condições do seu povo sob o cerco de Saladino, convocou a Terceira Cruzada.
Os reis Frederico Barba-Roxa, do Sacro Império, Filipe Augusto, da França e Ricardo, Coração de Leão, da Inglaterra, foram os organizadores da Terceira Cruzada. Esta foi a mais bem planejada de todas.
Os exércitos que foram mobilizados eram numerosos e bem equipados. E os reis que comandavam a operação eram grandes líderes que impunham respeito. Parecia o cenário ideal para os cristãos.
Eles ainda contavam com a respeitável força dos cavaleiros das ordens militares.
As tropas se dividiram entre duas marchas, uma saindo com as frotas italianas e outra atravessando por terra até o Império Bizantino e depois marchando até os reinos cristãos.
Apesar da trágica morte do Imperador Frederico, que morreu afogado no caminho para a Terra Santa, em 1190, Ricardo e Filipe comandaram as tropas na conquista da cidade de Acre em 1191.
Foi uma importante vitória para os cruzados. A fortaleza de Acre era bem localizada e serviria para as tropas se abastecerem. Em seguida, foram conquistadas as cidades Arsuf e Jaffa, nos dias 7 e 19 de setembro de 1191.
Após as conquistas e a reorganização das tropas, os cruzados partiram rumo à Jerusalém para o cerco final. Porém, intrigas políticas acabaram com a possível vitória da terceira cruzada.
As tropas estavam montando cerco em Jerusalém, mas Ricardo Coração de Leão recebeu a notícia de que seu irmão João estaria tramando com Filipe da França contra ele.
A manobra serviria para destronar Ricardo e fazer com que João assumisse a coroa inglesa.
Diante da notícia, Ricardo assinou uma trégua de 3 anos com Saladino e partiu para tentar recuperar o controle de seu país.
Assim, o grande rei guerreiro, Ricardo, Coração de Leão retirou-se com suas tropas assinando uma trégua com o inimigo.
A alcunha “Coração de Leão”, foi adquirida em combate por sua força extraordinária e a moral que inspirava em seus soldados.
A cruzada que possivelmente seria a maior de todas, teve um final trágico, tendo sido sabotada por Filipe da França.
Ricardo acabou morto em batalha na França, em 1194. Já Saladino morreu em 1193, seis meses após a assinatura do acordo com Ricardo.
O fracasso obrigaria os cristãos a se organizarem outra vez.
O Papa Inocêncio III, em 1198, percebeu a necessidade de retomar definitivamente os territórios santos. Então, convocou a Quarta Cruzada. Novamente, o papa prometia a salvação para os que morressem em combate.
Um exército considerável foi mobilizado, mas os combates ocorreram distantes da Terra Santa.
O doge, Enrico Dandolo, de Veneza, era um dos grandes financiadores da quarta Cruzada e o imperador bizantino, Isaac II, havia prometido apoiar os guerreiros cristãos como bizâncio sempre fizera nas cruzadas anteriores.
Inicialmente, as tropas assaltaram a cidade de Zara, retirando-a do domínio dos húngaros e liberando a navegação no Mar Adriático, o que facilitaria as incursões futuras das tropas.
Após a primeira expedição, as tropas se concentram em Constantinopla. O imperador grego promete suprimentos, tropas e auxílio no caminho para Jerusalém.
Porém, as tropas cristãs ficam estacionadas e não recebem os mantimentos prometidos. Além disso, o Imperador fica retardando a partida, criando uma situação insustentável.
Os soldados estavam perdendo tempo, estavam ficando sem suprimentos e não entendiam os verdadeiros interesses do Imperador Isaac II em retê-los na região.
Alguns cruzados passaram a saquear a região para garantir suprimentos e sustento neste contexto. Alguns soldados contratados pelo doge veneziano eram mercenários e pouca preocupação tinham em manter a própria honra.
Os saques levaram a confrontos entre as tropas gregas e alguns cruzados. As animosidades resultaram, por fim, num assalto cristão à Constantinopla e no saque da cidade.
Dificilmente pode-se contar esta quarta tentativa entre o que foram as cruzadas. As tropas acabaram conquistando uma cidade grega que estava sob posse dos húngaros e saqueando a capital do Império Bizantino.
O ímpeto de peregrinar com armas e retomar a Terra Santa diminuía, e no lugar disso, interesses escusos e políticos prevaleciam.
Em 1215, durante o Quarto Concílio de Latrão, o Papa Honório III propôs que os cristãos pegassem armas e organizassem outra Cruzada. Seu pedido só foi atendido em 1217, o que levou o papa a convocar oficialmente a cristandade.
André II, rei da Hungria, Leopoldo VI, duque da Áustria, Jean de Brienne, considerado por eles legítimo rei de Jerusalém, e Frederico II, do Sacro Império Romano-Germânico, responderam ao chamado e organizaram suas tropas.
O foco dessa Cruzada era atacar o centro de poder muçulmano no Egito. Lá se concentrava uma grande força dos mouros e o principal núcleo que poderia contra-atacar os cristãos.
Conquistado o primeiro objetivo, as tropas se concentrariam em recuperar Jerusalém.
Cerca de 300 navios de cruzados partiram ao Egito e conquistaram a cidade de Damietta, a 1218. Em 1221 tentaram avançar pelo Rio Nilo, mas o sultão Al Malik conseguiu forçar um recuo e recuperar Damietta ainda naquele ano.
Os soldados se encontram cercados próximos ao Cairo e sem reforços. Contavam com as tropas de Frederico II, mas eles não chegaram para apoiar os cruzados.
Cercados no território inimigo e sem suprimentos, as tropas basicamente estavam destinadas a abraçar a morte. Mas uma grande figura se destacou e garantiu a retirada em segurança.
Era um personagem improvável: um pobre religioso, com roupas surradas, sujas e que costumava andar descalço, conhecido pelo nome de Francisco de Assis. Diante do cerco das tropas cristãs e da falta de suprimentos, o irmão de Assis se dirigiu até o núcleo das tropas egípcias para negociar com o sultão.
A conversa correu muito bem e o irmão garantiu uma trégua com os egípcios de oito anos, em troca da completa retirada dos cruzados e o fim daquele conflito.
Ao final, a Quinta Cruzada foi um fracasso. Frederico II foi excomungado por não ter atendido verdadeiramente ao chamado e Francisco de Assis ganhou grande notoriedade por ter articulado uma negociação que parecia impossível.
O Imperador Frederico II, do Sacro Império Germânico, foi excomungado pelo Papa Gregório IX por não ter se juntado à Sexta Cruzada. Em uma tentativa de reverter a situação e voltar a ficar bem com o papa, o imperador promoveu a Sexta Cruzada com suas tropas, e por iniciativa própria.
Dessa vez, não foi o sumo pontífice que convocou as tropas cristãs, mas sim um imperador que liderou seu próprio povo. A motivação dos soldados não era a salvação eterna, mas sim a obediência às ordens do imperador.
Apesar disso, Frederico viajou com seu exército para a Terra Santa, em 1228, e negociou com o sultão do Egito, Malique Camil.
Apesar de historicamente ser contado como uma cruzada, a expedição não resultou em um confronto contra os mouros. Frederico II conseguiu negociar com o sultão e a conversa resultou no Tratado de Jaffa, em 1229.
Com o tratado, ficou estabelecido:
Frederico se proclamou rei de Jerusalém e governou sob todos os novos territórios que os cristãos haviam adquirido.
A cidade foi mantida até 1244, quando um grupo de turcos da Pérsia a conquistou. Os cruzados não voltaram a ter o controle de Jerusalém após esse episódio.
Manter um reino cristão em terras tão distantes e inóspitas aos europeus era realmente uma tarefa difícil. Outra vez Jerusalém sucumbira ao ataque muçulmano. Diante da nova perda, o Papa Inocêncio IV, no Concílio de Lyon, em 1243, pediu ajuda ao rei da França para retomar a Cidade Santa.
Durante o período das Cruzadas, muitos reinos cristãos também se esforçaram em repelir os mouros de suas terras no ocidente. Entenda a Reconquista da Península Ibérica.
O Rei Luís IX era conhecido como rei cristão. Vendo a situação dos seus irmãos no Oriente e diante da convocação do pontífice, respondeu prontamente ao chamado e mobilizou suas tropas. A estratégia elaborada por Luís foi a mesma da quinta Cruzada: o ataque ao Egito.
Em 1249 os litígios tiveram início com o ataque à Damietta, que foi capturada pelos cruzados. O exército seguiu então, pelo Nilo, em direção ao Cairo.
Em 1250 os cruzados foram derrotados na Batalha de Mansura e as tropas cercadas. O resgate foi uma elevada quantia em ouro e a devolução de Damietta.
Muitos retornaram à Europa após essa derrota, mas o rei Luís IX e alguns soldados fiéis permaneceram, ajudando a reconstruir uma fortaleza cristã na Síria.
Somente em 1254, na ocasião da morte de sua mãe, Luís retornou à França.
Em 1260, os Mamelucos, um grupo altamente treinado de soldados turcos, liderados por Baibars, conquistaram diversas terras na região da Palestina. Em 1268 eles conquistaram as cidades de Antioquia e Jaffa.
Como de costume entre os mouros mais beligerantes, a conquista foi seguida com o massacre dos habitantes.
Diante da triste situação que os ataques mamelucos provocaram, Luís IX novamente mobilizou seu exército em Cruzada. Mesmo mais velho e debilitado fisicamente por doenças, não hesitou em partir para defender sua fé.
Em 1270, o rei da França mobilizou suas tropas e partiu em direção ao Egito. Em agosto, pouco tempo após a mobilização das tropas, o rei cristão da França faleceu.
Com a morte de Luís IX, futuro São Luís da França, morreu também o último baluarte do espírito cruzado na cristandade.
O espírito cruzado não conseguiu se manter firme na Europa, e em 1291, o último grande bastião dos cruzados na Terra Santa, o castelo de Acre, caiu. Depois deste evento, seguiu a debandada nos castelos restantes menores e o fim das grandes cruzadas na Europa.
Apesar do esmorecimento do espírito cruzado na Europa, diversos eventos que ocorreram após a oitava cruzada ainda carregavam a motivação de expandir a cristandade. Um destes eventos foram as navegações portuguesas.
Um evento que é pouco conhecido, mas é icônico em ilustrar o espírito do que foram as Cruzadas, foi a Cruzada dos Pobres. Um líder religioso popular, Pedro, o Eremita, diante do chamado do Papa Urbano II, em 1095, mobilizou milhares de homens, mulheres e crianças para retomar Jerusalém.
Eles marcharam sem possuírem grandes armamentos, tampouco estratégias de guerra ou qualquer condição que os permitisse vencer algum tipo de combate. Mas nada disso esmoreceu o ímpeto popular.
Apesar do nobre desejo do povo em auxiliar a cruzada, o movimento foi um fracasso. Muitos morreram pelo caminho por fome ou por doenças.
Todo este movimento foi mobilizado enquanto os reis que participaram da Primeira Cruzada organizavam suas tropas e traçavam estratégias.
A ordem militar mais famosa sem dúvidas é a dos templários. Os monges cavaleiros são um aspecto crucial para entender o que foram as cruzadas.
Em 1120, o Rei Balduíno II de Jerusalém pediu ajuda. Ele a recebeu de um grupo de cavaleiros que estavam dispostos a sacrificar suas vidas para proteger os peregrinos cristãos.
Eram os “Pobres Cavaleiros de Cristo”, que conciliaram a vida militar e a vida religiosa. Seu líder era Hugo de Payens que levava uma vida de extrema pobreza.
O Rei Balduíno cedeu a Mesquita de Al-Aqsa para que eles morassem. O Templo de Jerusalém foi construído ali.
A ordem se organizava, mas dependia da aprovação papal para existir oficialmente. É a partir das pregações de São Bernardo de Claraval que a ordem ganhou força.
Foi ele quem apresentou ao Papa Honório II a causa dos templários. Isto aconteceu no Concílio de Troyes em 1129. Assim, a Igreja reconheceu oficialmente a “Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão” (Ordo Pauperum Commilitonum Christi Templique Salominici).
O monge de Claraval admirou as virtudes dos guerreiros que se propunham uma vida ascética, mística, e que ofereciam os sacrifícios dos combates e de suas vidas pela causa da Igreja.
A origem da Ordem de São João remonta a cerca de 1048. Os comerciantes da antiga República Marítima de Amalfi obtiveram do Califa do Egito a autorização para construir uma igreja, convento e hospital em Jerusalém, para cuidar de peregrinos de qualquer fé religiosa.
Assim se formou a Ordem de São João de Jerusalém, uma comunidade monástica que administrava o hospital local. Depois, sob a orientação de seu fundador, o Beato Gerardo, a ordem tornou-se independente.
O Papa Pascoal II aprovou a fundação do hospital com uma bula, no dia 15 de fevereiro de 1113 e colocou-a sob a égide da Igreja, concedendo-lhe o direito de eleger livremente os seus superiores sem a interferência de outras autoridades seculares ou religiosas.
Em virtude da bula papal, o hospital tornou-se uma ordem de leigos e religiosos. Os membros religiosos eram sujeitos aos três votos monásticos:
Assim como os cavaleiros do templo, viviam os votos e tinham uma vida ascética.
Depois que Jerusalém se tornou um reino cristão, a cidade vivia com a constante ameaça de ataques islâmicos.
A ordem do hospital, além de cuidar dos doentes e peregrinos, passou a assumir a defesa militar da região.
Os cavaleiros hospitalários cuidavam:
Após algum tempo de existência, adotaram a cruz branca de Malta, que contém oito pontas. Ela se tornou o símbolo da ordem e permanece sendo até os dias atuais.
A Ordem dos Cavaleiros do Hospital em Jerusalém também é conhecida como Ordem de Malta.
Uma curiosidade interessante é que o nome atual das instituições de saúde, "hospital'', deriva da organização criada por essa ordem. Ela inventou o sistema hospitalar moderno.
Em 1190, comerciantes das cidades de Bremen e Lübeck organizaram em Acre, na Terra Santa, um hospital de campanha para os soldados alemães pobres, doentes ou feridos em combate.
Pouco tempo depois, cavaleiros de origem alemã fundaram nesta casa uma ordem hospitaleira, seguindo o modelo dos hospitalários de São João de Jerusalém.
Em pouco tempo, a ordem foi aprovada pelo Papa Clemente III, no dia 6 de novembro de 1191. Seguindo uma linha de existência semelhante à Ordem de Malta, em 1198 tornaram-se uma ordem militar.
O Papa Inocêncio também aprovou a militarização da ordem, aplicando aos cavaleiros germânicos a mesma regra dos templários. Surgiu então a Ordem dos Cavaleiros Teutônicos.
As ordens militares tiveram grande impacto no que foram as cruzadas e nas consequências decorrentes das batalhas.
As principais consequências das cruzadas foram: o reestabelecimento do comércio entre o ocidente e o oriente; fortalecimento da burguesia; fortalecimento da vida urbana.
Foram quase 200 anos de guerras entre cristãos e muçulmanos. Porém, o objetivo de reconquistar a Terra Santa não foi bem sucedido. Apesar da derrota dos cristãos, as Cruzadas tiveram diversos impactos econômicos, políticos e sociais na Europa.
É possível resumir as consequências das Cruzadas da seguinte forma:
Comente e compartilhe. Quem você acha que vai gostar de ler sobre o que foram as Cruzadas?
A Brasil Paralelo é uma empresa independente. Conheça nossas produções gratuitas. Todas foram feitas para resgatar os bons valores, ideias e sentimentos no coração de todos os brasileiros.
Cupom aplicado 37% OFF
Cupom aplicado 62% OFF
MAIOR DESCONTO
Cupom aplicado 54% OFF
Assine e tenha 12 meses de acesso a todo o catálogo e aos próximos lançamentos da BP