Especial de Natal 2025

Dia 15 de dezembro, garanta seu lugar

Cadastro gratuito
Guerra Oculta - Estreia exclusiva
Evento de lançamento começa em
00
D
00
H
00
M
00
S
December 2, 2025
Ative o lembrete
Sociologia
3
min de leitura

O que Florestan Fernandes defendia? Surpreenda-se com a vida e a obra daquele que foi chamado de pai da sociologia

A carreira do grande sociólogo brasileiro é marcada por uma intensa ação intelectual e política. Leia esse artigo e descubra o que Florestan Fernandes defendia.

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
3/9/2021 16:00
-

Um dos mais importantes sociólogos brasileiros do século XX levanta uma questão comum. Muitos se perguntam o que Florestan Fernandes defendia. De origem humilde, viveu as consequências da desigualdade social no Brasil. Por isso, dedicou sua obra intelectual e sua vida a defender as seguintes pautas: a redução desta desigualdade, a inserção do negro na sociedade brasileira e a democratização do ensino.

Conciliou seus escritos e a luta ativa em prol de mudanças efetivas. É considerado o criador da sociologia crítica no Brasil. Leia esse artigo e conheça sua história, obra e principais pensamentos.

Descubra a importância da teoria de Florestan Fernandes na construção da nação brasileira. Assista ao novo filme Cortina de Fumaça da Brasil Paralelo.

O que você vai encontrar neste artigo?

O que Florestan Fernandes defendia?

Florestan Fernandes defendia a inclusão social e o desenvolvimento das classes mais pobres da sociedade, especialmente na área da educação. Para ele,  grupos étnicos foram segregados ao longo da história do Brasil.

Em sua obra, dedicou-se a estudar as relações entre raça e classe social no Brasil. Apontando o aspecto da desigualdade social que continha um fator étnico. Sua principal obra foi a tese de livre docência: “A inserção do negro na sociedade de classes”.

O ponto central da obra, que orientou toda sua pesquisa posterior, é analisar a inserção do negro na sociedade capitalista e como isso se deu após a abolição da escravatura.

Entenda o estudo das relações raciais no Brasil

Para Fernandes, não houve uma integração efetiva dos libertos. Apenas adquiriram a condição de livres, mas permaneceram excluídos da sociedade.

Sua produção vale-se da análise marxista de classes para amparar seus escritos.

  • Conheça as principais ideias de Karl Marx e sua visão de mundo.

Há no Brasil, segundo Florestan Fernandes, uma relação entre a classe social e a cor. A intersecção entre pobreza e ser negro. Isso acontece porque não houve a integração dos libertos.

Logo, o capitalismo, conforme se articulou no Brasil, é a raiz das desigualdades sociais. E sem a integração real do negro, não é possível estabelecer a democracia. Em oportunidades, direitos e possibilidades.

O sociólogo explica esse conceito em uma entrevista a 1984:

“O negro vai ser sempre, enquanto não houver democracia no Brasil, o nosso melhor ponto de referência para determinar que o Brasil não é uma sociedade democrática. (…) Uma democracia deve ser um regime político, econômico, cultural, social que permite estabelecer igualdade entre todas as raças”.

Quem foi Florestan Fernandes?

Florestan Fernandes foi um sociólogo brasileiro do século XX. Atualmente, é considerado um dos mais importantes nomes da sociologia do país. Destacou-se pela intensa atuação acadêmica, produzindo uma teoria dedicada a orientar a ação política. Também foi um importante político durante a redemocratização do Brasil, formulando políticas educacionais e combatendo a desigualdade.

Quem-foi-Florestan-Fernandes

Nasceu em São Paulo no dia 22 de julho de 1920. Foi criado pela mãe, Maria Fernandes, uma imigrante portuguesa que se mudou para São Paulo. Nunca conheceu o pai.

A mãe trabalhava como faxineira numa residência abastada da cidade. Como precisava acompanhar a mãe no trabalho, convivia ora nos cortiços de São Paulo, ora nos bairros de classe alta.

A patroa da mãe tornou-se sua madrinha e introduziu Florestan Fernandes no mundo dos estudos e no interesse pela leitura.

Quando estava cursando o terceiro ano do primário, abandonou os estudos para ajudar nas finanças da casa. Trabalhou de engraxate, auxiliar de alfaiate e garçom.

Somente em 1937, aos 17 anos, retomou seus estudos. Cursou a Educação Básica Acelerada, passando por sete anos de estudo em apenas três. Desse modo obteve o título que lhe permitiu ingressar no ensino superior.

Aos 21 anos ingressou no curso de Ciências Sociais da Universidade de São Paulo (USP). Obteve o título de bacharel em 1943 e de licenciado em 1944.

Seguindo carreira acadêmica, cursou mestrado em Antropologia, também na USP. Sua pesquisa resultou na dissertação: “A organização social dos Tupinambás”, defendida em 1947.

Antes da conclusão do mestrado, tornou-se assistente de ensino de seu orientador, Fernando Azevedo.

Em 1951, concluiu e defendeu sua tese de doutorado: “A função social da guerra na sociedade Tupinambá.”. Dois anos depois se tornou professor titular da USP, ocupando a cadeira deixada pelo sociólogo francês Roger Bastide.

O ano de 1964 foi turbulento para a política brasileira e para sua carreira. Neste ano defendeu a tese de livre docência, que mais tarde se tornaria seu livro célebre “A inserção do negro na sociedade de classes”.

Por ter ingressado na militância de partidos de esquerda durante a universidade, foi preso em 1964, durante o regime militar.

Em 1969, com a implementação do AI-5, foi preso novamente. Porém, com maiores consequências: foi aposentado compulsoriamente da USP e exilado.

O exílio não lhe pôs fim à carreira. Lecionou até 1972 na Universidade de Toronto e depois, até 1977, na Universidade de Yale. Durante o exílio também visitou Cuba para observar o progresso do marxismo na política contemporânea.

Retornou ao Brasil em 1977, retomando sua carreira acadêmica como professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Sua carreira política despontou nesse retorno. Em 1980, filiou-se ao Partido dos Trabalhadores, sendo eleito Deputado da Constituinte, em 1986.

Em 1990, foi eleito Deputado Federal.

Em 1989, passou a publicar semanalmente uma coluna na Folha de São Paulo, escrevendo textos sobre política, educação, sociologia e questões sociais do Brasil. Enquanto isso, ainda publicava suas pesquisas e atuava na política brasileira.

Em 1994, Fernandes enfrentava problemas de saúde relacionados ao fígado. Em 1995, precisou ser internado por complicações do quadro de saúde e passou por um transplante de fígado, aos 75 anos de idade. Infelizmente não resistiu à cirurgia e faleceu no dia 10 de agosto de 1995.

Sua origem humilde está intimamente ligada à sua obra. O que se verifica nas suas próprias palavras em uma entrevista dada a 1994:

“Eu nunca teria sido o sociólogo em que me converti sem o meu passado e a socialização pré e extraescolar que recebi, através de duras lições da vida. Portanto, […] afirmo que iniciei minha aprendizagem sociológica aos seis anos, quando precisei ganhar a vida como se fosse um adulto”.

A Desigualdade Social e as Revoluções Burguesas

A questão da desigualdade social é um ponto central na obra de Florestan Fernandes. Inclusive sua atuação como parlamentar foi dedicada à redução dessa desigualdade no Brasil.

E qual a origem, portanto, da diferença social no Brasil? O modo como a revolução burguesa tomou forma no Brasil.

Para Florestan Fernandes, as revoluções burguesas na Europa do século XVIII souberam dialogar com as classes baixas e atender a alguns de seus interesses.

Já no Brasil e na América Latina não houve revolução. Os burgueses, tomando o poder, apenas se apropriaram das estruturas de um sistema político que já explorava as classes baixas.

Portanto, enquanto a burguesia europeia foi revolucionária, a americana foi conservadora.

  • É o capitalismo o grande culpado pelas diferenças sociais e econômicas do mundo?

Assim, o Brasil enfrenta duas dificuldades: acabar com a desigualdade social e conquistar autonomia.

Já que o modelo de exploração das camadas desfavorecidas se volta aos interesses econômicos europeus, isso só será possível reduzindo o poder da burguesia autocrática e diminuindo a influência estrangeira no Brasil.

Para o autor, só assim será possível abandonar o passado colonial e escravista que fomentou essa desigualdade que na sociedade brasileira perdura. E não foi só isso que Florestan Fernandes defendeu.

  • Contribua para que mais artigos como este continuem a ser produzidos tornando-se Membro da Brasil Paralelo. Além disso, você acessa materiais exclusivos todos os meses e ajuda na expansão e continuidade deste trabalho.

Relacionados

Todos

Exclusivo para membros

Ver mais