Brasília, agosto de 2025. No centro do poder, parlamentares de oposição ocupam as mesas diretoras da Câmara e do Senado.
Alguns com vendas nos olhos e na boca, outros acorrentados às próprias cadeiras. Entre eles, uma deputada carrega um bebê de colo enquanto senta na cadeira da presidência.
Os políticos prometem não sair enquanto duas pautas não forem votadas: a anistia aos presos do 8 de janeiro e o impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Gritos de protesto tomam conta do lugar. A polícia da Casa é acionada, e a pressão aumenta.
Um retrato da tensão institucional que paralisa o Congresso Nacional e expõe, em plena luz do dia, a crise entre os Três Poderes da República.
Mas como isso tudo aconteceu, e o que levou deputados e senadores a acamparem dentro da sede do legislativo?
Hoje você vai entender, de forma resumida e cronológica, a sequência de acontecimentos que nos trouxe até essa situação.
Para aumentar a divulgação deste texto, compartilhe com seus contatos!
Com Alexandre de Moraes oficialmente sancionado pelos Estados Unidos na Lei Magnitsky, um novo capítulo na política brasileira começou.
Lideranças da oposição já haviam convocado protestos nacionais para o dia 3 de agosto, e a sanção a Moraes fez o engajamento da população aumentar.
Centenas de milhares de manifestantes foram às ruas no último domingo em diversas capitais brasileiras, cobrando uma resposta do Congresso.
Os protestos pediam a anistia dos presos do 8 de janeiro e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
A resposta institucional não veio. E o clima se agravou na segunda-feira, um dia após as manifestações, quando Moraes decretou a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro.
A decisão foi motivada por vídeos divulgados em redes sociais, em que Bolsonaro aparece conversando com aliados durante os atos.
Segundo o magistrado, isso teria violado a proibição do ex-presidente de usar as redes, seja diretamente ou através de terceiros.
Para entender mais sobre a influência do Poder Judiciário na política, assista ao vídeo sobre os políticos silenciados, postado aqui no canal.
Em 5 de agosto, um dia após a prisão de Bolsonaro, a oposição reagiu, ocupando as mesas diretoras das duas casas do Congresso. Com isso, impediu a retomada dos trabalhos da Câmara e do Senado após o período de recesso.
Parlamentares colaram esparadrapos nos olhos e bocas em protesto simbólico contra o que chamaram de censura e silenciamento.
Em meio à ocupação do Senado, o senador Magno Malta se acorrentou à cadeira da presidência da Casa. Em suas redes sociais, disse que só sairia com uma solução vinda do Congresso.
Ilustrar com vídeo na íntegra: magno malta acorrentado
A deputada Júlia Zanatta levou sua filha de apenas quatro meses para o plenário e ocupou a cadeira de Hugo Motta. A parlamentar gravou um vídeo com a bebê sentada na posição da Presidência da Casa.
A Polícia Legislativa, acionada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta, não conseguiu retirar os manifestantes.
Sem sessões, o Congresso entrou em paralisia. Nenhum projeto foi pautado, e as articulações se restringiram aos bastidores.
Nikolas Ferreira e outros líderes do movimento passaram a divulgar um placar com a posição dos senadores sobre o impeachment de Moraes.
A lista começou com 34 favoráveis, passou para 38 e chegou à marca de 41 senadores, atingindo a maioria necessária para aprovar a abertura do processo de impeachment no Senado.
Entenda no próximo bloco o que acontece se o processo for adiante.
Se a denúncia encaminhada for aceita pelo presidente do Senado, ela é enviada para uma comissão especial eleita para o caso. Essa comissão tem até 10 dias para analisar e produzir um parecer sobre o caso.
Depois disso, o parecer vai para votação no plenário. Para ser aprovado, precisa da maioria simples: pelo menos 41 dos 81 senadores.
Se aprovado, o ministro é oficialmente notificado e tem 10 dias para se defender. A comissão analisa a resposta e prepara um novo parecer, agora dizendo se a acusação de crime de responsabilidade cometido pelo magistrado é válida ou não.
Se o parecer final da comissão for favorável à acusação, o plenário do Senado vota novamente. Se for aprovado por maioria simples, o ministro é afastado do cargo imediatamente e perde um terço do salário até a decisão final.
O julgamento ocorre em sessão presidida pelo presidente do STF, ou seu substituto, se ele for o acusado.
Para que o impeachment seja aprovado, são necessários dois terços dos votos: pelo menos 54 senadores devem votar “sim”.
Em caso de condenação, o ministro é destituído do cargo no mesmo instante, e pode ficar até cinco anos impedido de exercer qualquer função pública.
Segundo o Estadão, desde 2001, foram protocolados 176 pedidos de impeachment contra ministros do STF e só um foi afastado até hoje.
O ministro Alexandre de Moraes é o mais visado, com 48 pedidos, seguido por Luís Roberto Barroso, com 28, e Gilmar Mendes, com 22.
Até hoje, nem mesmo um processo de impeachment sequer chegou a ser aberto pelo Senado.
Nos últimos anos, a oposição acumula derrotas institucionais: com a anulação de votações no Congresso pelo STF e a abertura de inquéritos judiciais contra políticos da direita.
Hugo Motta, para se eleger presidente da Câmara, prometeu a deputados da oposição que colocaria em pauta a anistia. Ao assumir o cargo, não cumpriu. Nesse contexto, a estratégia de ocupação foi uma resposta direta: travar fisicamente o Congresso para forçar o cumprimento dos acordos.
No centro da crise política estão duas pautas mais urgentes para os conservadores: a anistia para os envolvidos nos atos do 8 de janeiro e o impeachment de Moraes.
A oposição argumenta que, sem a votação dessas pautas, não existe equilíbrio institucional que garanta isonomia entre os poderes.
Após a paralisação e com maioria formada, um novo acordo foi firmado na Câmara: pautar a votação da anistia e do fim do foro privilegiado na próxima semana.
A votação pelo fim do foro privilegiado é considerada estratégica. Segundo lideranças da oposição, o fim do foro, já aprovado no Senado, seria uma forma de proteger os parlamentares de possíveis retaliações do judiciário.
A tese é de que ele funciona hoje como um instrumento de coerção: supostamente, quem contraria interesses do Judiciário pode virar alvo de investigações e processos
Retirar essa competência do Supremo seria, para a oposição, uma forma de reequilibrar os poderes e garantir maior autonomia ao Legislativo.
Se aprovado, o fim do foro privilegiado fará com que deputados e senadores sejam julgados por instâncias inferiores, e não mais diretamente pelo Supremo.
Até agora, não há garantia formal de que as pautas serão realmente votadas, uma vez que o acordo foi costurado com os líderes de partidos do Centrão, e não diretamente com o presidente Hugo Motta.
Assim, a crise, até o presente momento, segue sem um horizonte para uma solução definitiva.
No documentário original A Direita no Brasil, a Brasil Paralelo reconstruiu a trajetória da chamada nova direita no país.
Desde os protestos de 2013 até os dias atuais, passando por momentos decisivos como a Lava Jato, o impeachment de Dilma Rousseff, a eleição de Jair Bolsonaro e os atos de 8 de janeiro.
A produção realizou uma investigação profunda, que incluiu entrevistas exclusivas, arquivos inéditos e análises dos principais acontecimentos que moldaram esse movimento político.
São especialistas, intelectuais e protagonistas dessa história que vão te ajudar a responder uma pergunta: existe um futuro para a direita no Brasil?
Assista agora ao documentário A Direita no Brasil, disponível na plataforma de streaming da Brasil Paralelo - toque aqui para liberar seu acesso.
Toque neste link e escolha o melhor plano para você e mergulhe nesse oceano de conhecimento hoje mesmo!
Cupom aplicado 37% OFF
Cupom aplicado 62% OFF
MAIOR DESCONTO
Cupom aplicado 54% OFF
Assine e tenha 12 meses de acesso a todo o catálogo e aos próximos lançamentos da BP