Meio Ambiente
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O que está acontecendo na Amazônia venezuelana, e por que ninguém fala na COP30?

Milícias como o Grupo Wagner estão diretamente envolvidos na destruição da Amazônia, arquitetada pela própria ditadura da Venezuela

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
14/11/2025 16:07
Transparencia Venezuela

O avião da comitiva venezuelana pousou em Belém trazendo um discurso ambiental enquanto a floresta amazônica da Venezuela sofre um dos maiores desastres ambientais da nossa época.

Desde 2016, o regime de Nicolás Maduro converteu 12% do território nacional em uma zona de mineração. O projeto é chamado de “Arco Mineiro do Orinoco", e é uma das maiores iniciativas extrativistas da América Latina.

Na prática, o projeto entregou 111 mil km² da Amazônia a conglomerados e grupos armados. 

O Arco Mineiro vem sendo denunciado não só como um ecocídio, mas também como uma política de extrativismo que busca manter as finanças do regime venezuelano.

O que você vai encontrar neste artigo?

O que é o Arco Mineiro?

Criado em 2016 por decreto presidencial de Nicolás Maduro, o Arco Mineiro do Orinoco ocupa 111 mil quilômetros quadrados, cerca de 12% do território nacional, uma área maior que Portugal

Localizado ao sul do rio Orinoco, coração hídrico da Venezuela que conecta com o rio Amazonas, o projeto foi apresentado como um “plano de desenvolvimento estratégico” para diversificar a economia após o colapso do petróleo, principal sustento da economia venezuelana.

Isso foi na teoria. Na prática, o governo entregou a Amazônia venezuelana à mineração industrial e ilegal, permitindo a entrada de empresas transnacionais como Gold Reserve e Barrick Gold, além de militares e grupos criminosos.

Imagens do Arco Mineiro. Crédito: Flickr.

Hoje, a região é uma mistura de zona de guerra, enclave mafioso e campo de extração. O Estado não age nela, e o poder pertence aos grupos armados, os chamados pranes, herdeiros do sistema carcerário que controlam minas, cobram “impostos” e impõem sua lei.

Quais os efeitos do Arco Mineiro?

Devastação ambiental

Organizações como a SOS Orinoco e o Observatório de Ecologia Política relatam 1 milhão de hectares de floresta destruídos apenas no Parque Nacional Canaima, patrimônio da humanidade. 

O uso de mercúrio e cianeto na extração contaminou os rios Cuyuní, Caroní e Orinoco, afetando o sistema hidroelétrico que gera 80% da energia do país.

A água contaminada chega às aldeias indígenas e às cidades ribeirinhas. O resultado: 35% dos indígenas da etnia pemón apresentam níveis tóxicos de mercúrio no sangue.

Imagem de satélite do Cerro Yapacana, mostrando o impacto da mineração em suas encostas. Fonte: Google Earth, capturada em 2018.

Colapso sanitário

Com a floresta derrubada e os rios poluídos, doenças erradicadas voltaram a se espalhar. A malária, eliminada no ano 2000, ressurgiu com força e já atinge 74% dos casos concentrados no estado Bolívar. 

Hospitais sem medicamentos e comunidades isoladas tornaram a epidemia incontrolável.

Violência e deslocamentos

A mineração ilegal trouxe consigo um império de violência. Máfias locais, guerrilheiros e militares disputam o controle das minas. Além disso, denúncias da companhia britânico Grey Dynamics sobre a presença dos paramilitares russos do Grupo Wagner na Amazônia trazem uma dimensão geopolítica ao conflito.

O resultado: massacres, estupros e desaparecimentos. Povos como os pemón, yanomami e ye’kuanas foram expulsos de suas terras, forçados a trabalhar nos garimpos ou a migrar.

Crédito: Observatório de Ecologia Política da Venezuela

Corrupção institucionalizada

Estimativas da Transparência Venezuela indicam que até 90% do ouro produzido sai ilegalmente do país, alimentando redes de contrabando e contas secretas. 

E as COPs, o que dizem sobre isso?

Desde a criação do Arco Mineiro, nenhuma Conferência do Clima tratou diretamente da destruição da Amazônia venezuelana.

Nem mesmo os países amazônicos, reunidos no Tratado de Cooperação Amazônica, enfrentaram o tema com a seriedade que ele exige.

A situação da Amazônia é alvo de políticas e de uma guerra de narrativas, por trás das quais interesses geopolíticos se escondem. Se você quer conhecer mais, assista o Especial da COP30 que a Brasil Paralelo lançou respondendo perguntas de muita relevância.

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