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Os primeiros anos de vida são fundamentais e quase decisivos para a formação do caráter, da personalidade e das virtudes. O que é ensinado às crianças nesta idade pode durar para o resto de suas vidas.
“Uma das ferramentas mais úteis na busca pelo poder é o sistema educacional”. (Schlossberg, Herbert, 1993).
Muitas pessoas começaram a pesquisar o que é homeschooling, especialmente a partir de 2018, ano que o assunto chegou ao Supremo Tribunal Federal. Antes de entender a polêmica, é preciso saber do que se trata.
O homeschooling é um método de educação realizado em casa, supervisionado pela família, em vez do ensino escolar. No homeschooling, a família decide os valores da educação e fornece um ensino personalizado para o filho-aluno.
Homeschooling é o termo em inglês para educação domiciliar ou educação em casa. Pode também significar escola em casa, embora não seja a intenção, pois não se trata de imitar a escola em casa, mas de mudar os métodos na busca do mais adequado.
A intenção é que os filhos sejam educados em casa, por seus pais ou por instrutores escolhidos por seus pais, e não na escola.
O ensino domiciliar é uma prática antiga, não é nova. Antes do surgimento das escolas e da escolarização, os mentores já educavam os filhos dos outros em casa.
Diferenciais do ensino doméstico
O homeschooling, ou educação domiciliar, permite a forma de ensino mais particularizada possível. Pais e tutores desenvolvem metodologias próprias para ensinar cada filho e maximizar o processo de aprendizagem.
Ao longo do artigo alguns dos principais benefícios serão explicados, enquanto as principais desvantagens das escolas também serão apontadas.
Diante desta realidade, a principal dúvida das famílias é se o homeschooling é permitido ou não. Esta questão possui várias nuances e será abordada de forma completa em outro artigo.
A prática é mais forte, por exemplo, nos EUA, Canadá e Austrália. Muitos pais não confiam nas escolas, educam em casa por preferência religiosa, evitam o problema do bullying e também o problema da violência nos colégios.
O ensino doméstico era comum antes da institucionalização das escolas estatais, no século XX. As escolas, como são conhecidas hoje, surgiram no século XII, na Europa, criadas pela Igreja Católica. O sistema de um professor ensinando diversas crianças é uma criação medieval.
É o que explicam Carlota Boto e Cecília Cortez, professoras de educação da USP. As escolas surgiram na Idade Média como uma forma da Igreja fazer caridade com as crianças que não tinham acesso a ensino personalizado, da maneira como funciona o homeschooling.
Porém, o sistema escolar era apenas uma opção, não visava ser a regra. Padres e Bispos do Brasil colonial auxiliavam famílias no ensino domiciliar. O ensino doméstico e personalizado era o mais comum entre os sábios gregos da Antiguidade. Os sumérios antigos também adotavam o ensino familiar.
Na modernidade, grandes cientistas e intelectuais tiveram a educação básica na modalidade do homeschooling. Alguns dos principais intelectuais que estudaram através do homeschooling são:
Albert Einstein;
Benjamin Franklin;
Thomas Edison;
Erwin Schroedinger;
Willard Boyle;
Soichiro Honda.
Atualmente, o homeschooling é legalizado e praticado em países de primeiro mundo, como:
Estados Unidos;
Suíça;
Austrália;
Bélgica;
Noruega;
Portugal;
Canadá.
Como é o homeschooling no Brasil?
O homeschooling já é praticado no Brasil em 30 mil lares, aproximadamente, segundo a Associação Nacional de Educação Domiciliar (Aned). A prática não consta na Constituição, mas um fato é claro e evidente: não é proibida.
A discussão sobre a legalidade do ensino domiciliar ainda é uma questão muito controversa, o que faz com que muitas famílias tenham receio de iniciar a prática e outras até são denunciadas (muitas vezes pelos próprios familiares), mesmo quando estão proporcionando uma educação de boa qualidade aos filhos.
A partir daí surge a necessidade de entender bem sobre o que é homeschooling, para saber se posicionar e evitar problemas.
Em primeiro lugar, deve-se saber que ainda não existe uma lei federal que regulamente o ensino domiciliar. Por esta razão, alguns estados e municípios já estão regulamentando o homeschooling em seu território.
No Brasil, as escolas seguem as normas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que propõe competências e habilidades a serem desenvolvidas ao longo da educação básica.
O debate sobre o que é homeschooling, como fazê-lo e se é permitido ou não, é recente.
Como o tema já foi amplamente debatido nos Estado Unidos, muitos estudos já comprovam a adequada socialização das crianças homeschoolers. Isto pode simplificar o debate em lugares onde ainda há resistência ao modelo.
Outra contribuição para o tema vem do próprio mercado de trabalho. Já existem estatísticas sobre a grande receptividade dos empregadores às crianças que foram educadas em casa. Em geral, elas possuem maior autonomia do que as que foram formadas na escola.
Quem ensina são os pais ou os professores particulares?
Os pais podem decidir se eles mesmos ensinarão seus filhos ou contratarão professores particulares. Há muitos casos em que os pais não precisam da ajuda de terceiros.
Em outros, quando os pais não se consideram aptos, professores são escolhidos para lecionar em casa. Isto não afeta o que é homeschooling, pois é uma realidade em que se aprende em casa, sem uma definição de quem vai ensinar.
Um regime misto também pode ocorrer. Os pais podem ser capazes de explicar uma parte dos conteúdos e precisarem de um tutor para ensinar algo mais específico.
Os pais não precisam saber tudo
É comum que os pais não tenham conhecimento de toda a matéria. O homeschooling também serve para que eles aprendam com seus filhos. É uma oportunidade de aprendizado em conjunto.
Basta estar disposto a se dedicar.
Para os homeschoolers, este contato próximo com o estudante pode ser uma grande vantagem. É possível ajustar a rotina sem deixar de cumprir as metas de estudos estabelecidas.
Além disso, estudar um novo assunto em conjunto com a criança pode ser uma lição muito mais importante do que apenas transmitir conhecimentos. Mostrar à criança como os adultos também têm dificuldade com algo e como agem para solucionar o problema é muito importante.
Uma mãe que se propõe a ensinar matemática a seu filho quando ela própria não domina o assunto, mas procura saber, serve como um exemplo de superação das dificuldades no estudo.
Se ela não foi capaz de aprender quando criança por qualquer motivo, isto agora pode ser resolvido junto com seus filhos.
Algo impressionante é o benefício de economizar tempo.