Em março de 2025, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou a entrega de 180 mil hectares de terras no estado de Bolívar, sul do país, ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Brasil.
A área, maior que a cidade de São Paulo, foi cedida sob a justificativa de desenvolver um projeto agroecológico chamado “Pátria Grande do Sul”.
Segundo Maduro, o MST utilizará o terreno para produzir alimentos como feijão, banana, mandioca, mamão, cana-de-açúcar, além de carne e leite, destinados ao consumo na Venezuela, no norte do Brasil e para exportação.
A iniciativa, anunciada com honra na TV estatal venezuelana, é apresentada como uma colaboração para fortalecer a soberania alimentar e combater a escassez no país vizinho.
Rosana Fernandes, representante do MST, celebrou a doação como um “ato de reafirmação do compromisso com o povo venezuelano”, destacando a produção agroecológica e a formação política e técnica.
No entanto, críticos apontam que a parceria vai além da agricultura e levanta questões sobre interesses políticos e estratégicos na fronteira Brasil-Venezuela.
O MST, historicamente ligado ao Partido dos Trabalhadores (PT) e ao chavismo, mantém relações próximas com o regime de Maduro, mesmo após críticas do governo Lula às eleições venezuelanas de 2024, consideradas fraudulentas por opositores e governos estrangeiros.
Curiosamente, um dia antes do anúncio de Maduro, o governo brasileiro assinou um acordo de cooperação técnica em agricultura com a Venezuela. O Itamaraty negou relação entre os eventos.
A doação ocorre em um momento delicado para a Venezuela, que enfrenta sanções dos EUA, inflação galopante e uma crise econômica que já levou milhões de cidadãos a emigrarem.
A entrega de terras expropriadas a um movimento estrangeiro também desperta críticas internas, com analistas questionando a legalidade e a viabilidade do projeto. Além disso, a localização estratégica do terreno, próximo à fronteira com o Brasil, levanta temores sobre possíveis implicações geopolíticas.
A revista Veja destacou que a proximidade do MST com Maduro reforça a percepção de uma aliança ideológica que pode comprometer a soberania brasileira na região.
Por outro lado, defensores do projeto argumentam que a iniciativa é uma resposta à crise alimentar venezuelana e uma oportunidade para o MST expandir seu modelo de agricultura familiar.
A Carta Capital enfatizou que o projeto reforça laços de solidariedade entre movimentos populares da América Latina, enquanto a CNN Brasil apontou que a produção pode beneficiar tanto a Venezuela quanto o norte do Brasil.
A parceria entre Maduro e o MST coloca o Brasil em uma posição delicada. A região de Bolívar, rica em recursos minerais, é estrategicamente sensível, e qualquer atividade do MST na fronteira pode atrair a atenção de autoridades brasileiras e internacionais.
Além disso, a associação com um regime acusado de violações de direitos humanos pode gerar tensões diplomáticas, especialmente com os EUA, que intensificaram sanções contra Maduro em 2025.
Para o MST, a doação representa uma expansão de sua influência, mas também um risco. A dependência de um regime instável como o de Maduro pode comprometer a credibilidade do movimento, enquanto a narrativa de “invasão ideológica” ganha força entre opositores no Brasil.
A longo prazo, o sucesso do projeto dependerá da capacidade do MST de entregar resultados concretos em um país marcado por crises logísticas e políticas.
A doação de terras ao MST ainda está em fase inicial, e muitos detalhes permanecem obscuros. Como o movimento organizará a produção em um país com infraestrutura precária?
Qual será o impacto econômico e social no norte do Brasil? E quais são os objetivos políticos de Maduro ao ceder uma área tão vasta a um movimento estrangeiro? As respostas a essas perguntas podem redefinir as relações entre Brasil, Venezuela e os movimentos sociais na América Latina.
Essa aliança pode afetar a segurança na fronteira, a política externa brasileira e até a percepção do MST no Brasil.
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