Existem três formas de governo segundo Aristóteles. O poder pode estar nas mãos de um, de alguns ou de muitos. O bom governo visa o bem comum; o mau governo, visa o bem próprio, é uma corrupção e promove a injustiça.
Ao longo do tempo, as formas de governo mudaram e foram teorizadas por diferentes filósofos e teóricos políticos.
Aristóteles observou o comportamento humano e definiu o homem como sendo um animal político por natureza. Isto significa que é parte da essência humana buscar uma organização coletiva que seja vantajosa.
Ao usar o termo político, Aristóteles se refere aos cuidados com a pólis, que é a cidade. Ele observou que as pessoas precisam de muitas coisas, e para obtê-las, precisam do envolvimento de outros.
O que não pode ser obtido individualmente, é conquistado por meio de relações políticas, que acontecem naturalmente entre os homens. Alguns benefícios são conquistados apenas em conjunto, através da troca de bens e serviços que sobram para uns e faltam para outros.
Essa mesma noção permitiu o surgimento do capitalismo. Leia mais sobre este sistema econômico e como ele gera riqueza.
Este raciocínio envolve a natureza humana, mas também se desenvolve e abarca a cidade. Acrescenta-se a esta realidade a capacidade do homem de usar a razão e o discurso.
Para obter ajuda, bens, trocas e formar grupos com interesses comuns, o diálogo é imprescindível. Consequentemente, são desenvolvidas noções de justiça e injustiça, assim como as do que é bom ou mau.
A conclusão resumida da necessidade de cooperação e da habilidade de raciocínio e discurso, é que a cidade politicamente organizada se torna um prolongamento humano e deve existir para seu bem.
Cada um, individualmente, quer alcançar a felicidade. Quando os homens se agrupam, desejam juntos alcançar a mesma coisa, ser felizes. Portanto, o fim da política é a felicidade da cidade, o bem de todos.
Naturalmente, surgem formas de governo para a condução da vida social.
A teoria das formas de governo na filosofia
A classificação mais completa das formas de governo está no livro Política, de Aristóteles. Desde o início, observando a história, a realidade e os exemplos de seu tempo, o filósofo abordou o tema a partir do número de pessoas que exerciam o poder soberano.
Escreveu também a noção de uma constituição como sendo a estrutura que dá ordem à cidade, determinando o funcionamento de todos os cargos públicos e especialmente da autoridade soberana.
Retomar a história e aprender com os escritos da Antiguidade é necessário antes de procurar entender as formas de governo na Modernidade, com Maquiavel e Montesquieu, por exemplo; ou antes de entender as formas contemporâneas de governo, segundo os cientistas políticos.
Heródoto e o debate dos três persas
Ainda que Aristóteles seja um dos maiores expoentes das formas clássicas de governo, a origem da diferença, baseada no número daqueles que governam, o precede.
Heródoto foi um dos principais historiadores gregos. Em seu livro História, Livro III, ele narrou a conversa entre Otanes, Megabises e Dario. Cada um defendia a forma de governo que acreditava mais adequada ao seu país após a morte de Cambises, rei da Pérsia.
Otanes e a democracia
Otanes sugeriu um governo democrático. Argumentou que o monarca é movido pela prepotência e inveja, e que estes sentimentos o levam a cometer as maiores atrocidades.
Por ser um monarca com poder concentrado, não há nem mesmo formas de controle. Segundo ele, o governo do povo merece a isonomia, o princípio da igualdade.
Megabises e a oligarquia
Megabises concordou com otanes sobre os males da monarquia. No entanto, defendeu o estabelecimento de um governo oligárquico. Na sua opinião, as massas são ignorantes e não conhecem a melhor maneira de bem governar.
Também disse que o povo é mais prepotente que o monarca e que suas atitudes são mais inconsequentes. Segundo ele, o governo deveria ser entregue a um grupo de homens preparados, os melhores.
Dario e a monarquia
Dario, herdeiro do trono da Pérsia e monarca, concordou com os problemas da democracia, rejeitando o governo popular.
Em relação à oligarquia, afirmou que dentro do grupo dos melhores homens escolhidos para governar, surgiriam facções para lutar pela liderança. Consequentemente, o país voltaria à melhor forma de governo segundo ele: a monarquia.
Resumo
Para Otanes, a democracia é uma forma de governo melhor do que a aristocracia e a monarquia;
Para Megabises, a aristocracia é uma forma de governo melhor do que a monarquia e a democracia;
Para Dario, a monarquia é uma forma de governo melhor do que a aristocracia e a democracia.
A derivação destas explicações foi apresentada por Aristóteles e por Políbio, outro importante historiador grego. Eles foram além da descrição das três formas de governo e afirmaram que para cada boa constituição, existe uma má constituição correspondente.
Antes de conhecer a boa e a deturpada versão de cada governo, é importante resgatar o pensamento do mestre de Aristóteles.