Estudar dói. Mas muitas coisas boas doem, precisamente porque exigem esforço, o que não anula o benefício dos frutos conquistados. Muitos se perguntam como estudar bem, porque realmente querem aprender. Nenhuma técnica muda o fato de que é necessário investir tempo e dedicação, cada qual a seu modo.
Entretanto, mesmo que a atividade seja a mesma, ela pode ser aprimorada. Muitos sabem que devem ler, mas como ler bem?
Muitos sabem que devem meditar o conteúdo aprendido, mas qual é o método para isso?
Fontes, livros pelos quais começar, atividades extras… Para estudar bem é necessário criar uma rotina. Tudo isso será abordado.
O primeiro passo para entender como estudar bem é olhar para si mesmo. Cada pessoa está em um estágio diferente de aprendizado. Alguns buscam uma vida intelectual, outros querem aprender apenas o que consideram necessário para alguma tarefa ou prova.
Responda a este questionário para se localizar:
Você tem constância em seus estudos?
Você lê vários livros ao mesmo tempo?
Você consegue se lembrar do que leu?
Você entende o que lê?
Você tem vontade de ser especialista em um único assunto?
Você quer ser mais inteligente para poder viver melhor?
Neste artigo sobre como estudar bem, o foco está centrado nas técnicas de estudo e de leitura. Para realmente aprender a ser mais inteligente, leia o conteúdo completo com o passo a passo para a vida intelectual.
Mapeando a própria ignorância
Há uma frase de um filósofo grego que permaneceu imortal ao longo do tempo. Sócrates, sabiamente, disse:
“Só sei que nada sei”.
Alguém que pense que sabe algo, naturalmente não se ocupará em estudar o que julga saber. Mas se sabe que não sabe, procurará entender melhor o assunto.
Antes de aplicar as dicas sobre como estudar bem e como ler melhor, você precisa ter bem claro para si uma coisa:
O que eu não sei?
O que preciso saber?
O que preciso saber ainda mais?
Descobrir os limites de seu próprio conhecimento é um passo imprescindível para realmente alcançar bons resultados em seus estudos. Há também etapas de preparação interior, que podem ser conferidas aqui.
A seguir, as principais dicas serão explicadas.
Se você estiver interessado no tema da educação, assista à trilogia Pátria Educadora, sobre a situação do ensino no Brasil.
Quais são as dicas para estudar bem?
Abaixo estão listadas as 19 dicas para estudar melhor. A partir delas, é possível que cada pessoa faça uma adaptação, considerando a intensidade com que deseja estudar e o tipo de estudo.
Algumas delas podem já estar sendo seguidas, enquanto outras serão novas.
1 – Não se feche em livros
Parece incoerente sugerir para as pessoas que não sabem como estudar bem. Seria de se esperar que, na busca da vida intelectual, perder-se nos livros fosse a lei. Mas não.
Os livros cristalizam a realidade intelectual que foi vivida em outro tempo. É como uma partitura.
O início está na experiência e o verdadeiro intelectual não se fecha para a realidade, para o mundo ao seu redor. A recomendação, portanto, é viver o mundo de verdade, sem criar um castelo mental desvinculado de tudo o mais.
Em outras palavras, as ideologias são inimigas do estudo, porque fecham o indivíduo ao mundo real e o aprisionam em seu mundo de opiniões. É necessário ter uma atitude de honestidade intelectual antes de se apegar aos livros.
Uma pessoa fechada em uma ideologia pode ler o quanto quiser algum livro que aponte o contrário. Ela não mudará, porque escolheu seguir uma linha por causa de sua paixão por uma vertente, não por causa da razão.
2 – Medite o conteúdo estudado
Este é um ponto muito importante do método de estudo vitoriano. A primeira coisa é ler. Então, um resumo é elaborado e memorizado. Com o conteúdo em mente, é possível meditar sobre o que foi lido.
A consumação da leitura se dá na meditação. É preciso refletir sobre o que foi recebido pela inteligência. Meditar sobre um conteúdo é como degustá-lo, saboreá-lo e olhar para ele como quem olha para um belo quadro na parede.
Pense sobre o conteúdo, imagine, descubra comparações, argumentações, críticas, desdobramentos. Isto é que faz uma pessoa estudar bem, pois elase lembrará do que aprendeu e saberá como colocá-lo em prática, interligando-o a outras áreas do conhecimento e da vida prática.
3 – Questione
Questionar não é ser crítico em relação a tudo. Mesmo antes de criticar, é necessário estudar muito o assunto. Para Mortimer Adler, em Como Ler Livros, não se pode dizer “concordo” ou “discordo” antes que se possa dizer “eu entendo”.
No início da vida intelectual, o mais criticado deve ser o próprio estudioso. Questione-se a si mesmo sobre sua própria ignorância.
A honestidade intelectual consiste em dizer que se sabe o que realmente se sabe. Por outro lado, é também confessar que não se sabe o que de fato não se sabe.
“Todo o meu saber consiste em saber que nada sei”.
A ignorância do conhecimento é inimiga do intelectual; inimiga, portanto, de quem quer saber como ser mais inteligente.
4 – Leia notícias
Esta dica pode não ser tão simples, pois não é fácil encontrar jornais não-tendenciosos, já vinculados a partidos e ideologias. Muitas vezes, é necessário preservar-se de matérias que mais desinformam do que informam.
No entanto, saber o que acontece no mundo é fundamental. Busque fontes que você julgue confiáveis e entenda o cenário global. Já acostumado ao estudo da história, será mais fácil entender o presente.
5 – Assine newsletters confiáveis
Receba em seu e-mail o conteúdo dos portais que você escolher. Normalmente, sites de conteúdo oferecem um resumo do que foi publicado, uma seleção das melhores notícias e comentários dos colunistas.
Acompanhar esta diversidade de conteúdos e opiniões ajuda na busca de uma vida de estudos.
6 – Crie uma lista de livros clássicos para ler
Um livro é considerado clássico por já ter abordado um assunto universal de forma excelente. São pontos altos da literatura reverenciados além do tempo e da cultura em que foram escritos.
Os clássicos transcenderam barreiras, abordando conteúdos que tocam o âmago humano. Sua leitura integra o aspirante a intelectual ao imaginário forte dos mestres da literatura.
Sugestões:
Odisseia e Ilíada, de Homero;
Divina Comédia, de Dante Alighieri;
Os Lusíadas, de Camões.
7 – Converse com outras pessoas sobre seus estudos
Uma das melhores maneiras de interiorizar o que se aprende é ensinar. Ter círculos de pessoas interessadas em aprender como ser inteligente é fundamental. Uma das consequências de aprender a estudar bem é descobrir maneiras de ensinar.
Muitos criam um clube do livro. Leem a mesma obra e debatem sobre ela. Isto é frutífero, pois exercita a habilidade de ouvir e de falar, que também são necessárias a um intelectual.
Ao mesmo tempo, aumenta-se a cultura geral ao ouvir o que diferentes pessoas têm a dizer sobre diferentes assuntos.
8 – Reserve um tempo específico para a leitura diária
Sem ele, não é possível estudar bem e melhor. Defina, de acordo com sua realidade, quanto tempo por dia você pode dedicar à leitura.
Se você não reservar um tempo específico para isso, o risco de terminar o dia sem ter feito nenhuma leitura será enorme. Muitas outras atividades durante o dia ocuparão seu tempo de estudo e servirão como desculpa para deixar seu livro de lado.
As distrações podem ser séries, filmes e o próprio celular, em que as horas são gastas em redes sociais. O livro perde para esses concorrentes, porque são mais atrativos e permitem a passividade da pessoa.
A leitura e o estudo, no entanto, devem ser uma atitude ativa. Existem regras para uma boa leitura ativa. Elas estão resumidas no artigo sobre Como Ler Livros, de Mortimer Adler.
9 – Ao ler, termine o capítulo
Antes de ler um livro, veja quantas páginas o capítulo tem e se seu tempo é suficiente para ir do começo ao fim. O conjunto de entendimento que um capítulo oferece deve ser compreendido em sequência.
A leitura de um capítulo em várias etapas pode fragmentar o entendimento e prejudicar a compreensão da ideia final. Portanto, sempre que possível, priorize a leitura de um capítulo do início ao fim, sem parar.
É aconselhável não ter o celular por perto durante sua prática de estudo.
10 – Faça um resumo do que você leu à mão
Desta forma, o cérebro assimila melhor o conteúdo. A atividade mecânica reforça a atividade mental. Escrever as palavras, formar frases, dizer de outra forma o que foi entendido, tudo isso fortalece a memorização.
Na sequência, haverá mais frutos na meditação, como abordado na segunda dica. Além disso, uma sugestão de Adler para ler melhor e tirar mais proveito dos estudos é anotar no livro.
Grife, sublinhe, circule palavras-chave, escreva nas bordas, no sumário, etc.
Grandes escritores tinham sempre papel e lápis consigo. Se surgisse uma ideia ou uma frase, anotavam para não esquecê-la. Escrever novas ideias diariamente favorece a criatividade, o que também é fundamental para quem quer ser mais inteligente.
Os que conseguem escrever o que entenderam terão mais facilidade para falar e ensinar o que foi estudado.
12 – Busque acompanhamento com professores renomados na área que você quer estudar
Qual nome é referência em seu principal tema de estudo? Assista às suas aulas, palestras e cursos. Esta etapa da vida intelectual está vinculada à herança que recebemos dos que estudaram antes de nós e por mais tempo.
Se seu autor preferido já faleceu, procure os professores atuais que são especialistas em sua obra. Também é recomendável assistir a especialistas em vários assuntos, discursando sobre suas áreas.
13 – Explore novas áreas
Mesmo que você tenha selecionado um autor específico para aprofundamento, é aconselhável ter assuntos secundários no escopo de leitura. Se o assunto escolhido for complexo, reserve tempo para a literatura como lazer.
Romances, ficção investigativa, poesias, contos e crônicas podem cumprir este papel.
Esta prática está intimamente relacionada ao método mais avançado de leitura, que é o método sintópico.
14 – Melhore habilidades distintas como foco, memória, agilidade, linguagem e resolução de problemas
Se você é do tipo que gosta de jogar no smartphone, alguns aplicativos podem ser úteis. Um deles é o Peak, com jogos para fortalecer as habilidades mencionadas acima.
Outro exemplo é o Lumosity, considerado um programa de treinamento do cérebro. Seus jogos envolvem lógica, matemática, pensamento crítico, memória e resolução de problemas.
15 – Alimente-se bem
Há alimentos e suplementos que são recomendados por nutricionistas para ajudar na concentração e memorização.
Em geral, é necessário ter uma alimentação saudável em primeiro lugar para dar conta de uma rotina e de estudar. Se for extremamente difícil se concentrar, alguns suplementos podem ser úteis.
Por exemplo, o Psiquiatra Italo Marsili recomenda alguns tipos que não possuem contraindicações. Eles ajudam a ter energia, concentração e memória: MCT; Whey Protein do tipo isolado com baixo teor de carboidrato, associado ao MCT; Q10 e D-Ribose.
16 – Faça exercícios físicos
Fortaleça o corpo também. Os benefícios dos exercícios físicos para a saúde, o estímulo do organismo, favorecem a disposição e o bem-estar para o estudo.
A sugestão é criar uma rotina. Levante-se sempre ao mesmo horário, faça a refeição adequada ao seu tipo, exercite-se (se possível) e comece os trabalhos e estudos. Faça isso durante um mês e você já notará muita diferença.
Exemplos básicos:
Caminhada;
Corrida;
Vôlei;
Natação;
Artes marciais;
Basquete;
Futebol.
17 – Aprenda um instrumento
Esta é uma opção para aqueles que querem não apenas ser mais inteligentes e cultivar a vida intelectual. Algumas pessoas buscam novas habilidades, que exercitem diferentes áreas do cérebro.
Envolver-se com a música é uma excelente opção para compreender as emoções, treinar a inteligência, a imaginação e as habilidades motoras.
18 – Aprenda novos idiomas
Esta é outra maneira de exercitar diferentes áreas do cérebro. Aprender outra língua enriquece o vocabulário da própria língua nativa, favorece a intertextualidade e ainda oferece o benefício de poder ler obras importantes em sua versão original.
19 – Ouça podcasts
Quanto tempo você passa no trânsito? No tempo entre um lugar e outro você poderia ouvir podcasts de seu interesse. Ouça os áudios das aulas, palestras e cursos. Esta é uma forma de alimentar o cérebro com informações relevantes, mais conhecimentos e novidades.