Quando o helicóptero finalmente pousou no Camp Mystic, no interior do Texas, Scott Ruskan se deparou com um cenário desolador: crianças descalças, cobertas de lama e tremendo de frio esperavam por socorro.
A enchente tinha chegado de madrugada e, em poucas horas, o rio Guadalupe subiu mais de seis metros, inundando a região.
Ruskan, de 26 anos, nadador da Guarda Costeira, desembarcou ali para sua primeira missão real de resgate. Ele mal sabia que, naquele dia, ajudaria a salvar 165 pessoas e se tornaria o rosto de um dos maiores esforços de evacuação já vistos no estado.
“A água da enchente subiu tão rápido. Eles não tiveram tempo de pegar os sapatos. Você só carrega crianças descalças, cobertas de lama, e tenta tirá-las de lá." afirmou Ruskin.
Na madrugada de sexta-feira, o volume de chuva, em poucas horas, sobre o Condado de Kerr foi equivalente a meses. O acampamento cristão Camp Mystic, voltado exclusivamente para meninas, estava lotado quando o rio transbordou.
O número de mortos ultrapassou 90 em toda a região. Pelo menos 27 vítimas estavam no acampamento, entre monitoras e campistas. Outras continuam desaparecidas.
A Guarda Nacional e a Guarda Costeira dos EUA foram acionadas para apoiar as autoridades locais. Os helicópteros começaram a sobrevoar as áreas alagadas logo ao amanhecer. Mas o mau tempo impediu um avanço imediato.
Ruskan e sua equipe decolaram da estação Corpus Christi às 7h, mas precisaram voltar devido à baixa visibilidade.
Horas depois, com melhora no clima, conseguiram pousar no Camp Mystic por volta das 14h30.
“A rajada das hélices derrubava até alvos de arco e flecha no chão”.
Ele ajudou a embarcar os primeiros resgatados no helicóptero MH-65 Dolphin. Em seguida, permaneceu em terra para orientar o restante das vítimas, que foram resgatadas por aeronaves Black Hawk.
Ao todo, mais de 500 pessoas foram retiradas da região pelas forças de resgate.
“Parte do trabalho era só conversar com eles, consolar e tentar fazê-los se sentirem confortáveis”.
O jovem nadador também destacou a bravura dos monitores adolescentes do acampamento.
“Alguns me contaram que tiveram que jogar as meninas mais novas por janelas e portas para salvá-las das águas. Foi um ato realmente heróico. Espero mesmo que recebam o reconhecimento que merecem.”
Formado em contabilidade, Ruskan trabalhava na área antes de ingressar na Guarda Costeira. Passou pelo rigoroso treinamento de nadador de resgate e ouviu de seus instrutores que nada o prepararia completamente para sua primeira missão real.
“A expectativa é que você não seja um herói, mas alguém que ajuda e coloca as pessoas em segurança. Era isso que eles precisavam que eu fosse — e foi o que eu tentei ser.”
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