Ter uma família significa necessariamente ter um lar? O Britânico Roald Dahl mostrou em 1988 que não necessariamente. O escritor escreveu um livro no qual descreve a vida de uma garotinha que mesmo tendo pais, irmão e tudo o que o dinheiro poderia comprar, não tinha um verdadeiro lar. Seu nome era Matilda. 

O livro se tornou um clássico, e pode ser interpretado como um alerta para os perigos do materialismo. A obra aborda as traquinagens de uma menina em busca da atenção de seus pais, mas que acaba encontrando esse amor em sua professora, uma mulher que também fora uma menina abandonada. 

Sete anos depois, a obra ganhou sua primeira adaptação para o cinema, com a direção de Danny DeVito. A produção está disponível na BP SELECT, streaming de filmes da Brasil Paralelo. A plataforma foi cuidadosamente pensada para que o espectador não perca tempo procurando o que assistir. Nela o usuário também tem acesso aos Originais Brasil Paralelo e análises exclusivas dos filmes do catálogo. Clique aqui e faça parte. 

A história começa com Matilda, ainda recém nascida, sendo esquecida no porta-malas do carro. Num breve olhar semiótico é possível analisar que seus pais a viam como apenas algo para ser carregado. Mesmo tendo muitas habilidades, como ler aos 6 anos, a menina só é colocada na escola como uma forma de punição por uma travessura que tinha como o objetivo ter a atenção de seu pai. 

Um novo mundo e o encontro de um lar

Matilda é avisada pelo pai que a escola para onde ela irá é um lugar ruim e sombrio. A instituição é comandada por  Agatha Trunchbull, interpretada por Pam Ferris. Trunchbull é retratada como masculinizada, vestindo roupas militares e praticando lançamento de martelo. Sua silhueta corpulenta intimida as crianças, que precisam se comportar como robôs para atender as expectativas da diretora. A mulher tem como objetivo apenas a disciplina e o foco em resultados. 

Esse tipo de rigidez cognitiva é uma característica de todas as personagens adultas com as quais a menina havia tido contato até então. Seu pai, Henry Wormwood, está focado apenas nas vendas de carros e em ganhar dinheiro. Sua mãe só pensava em ir ao bingo e ganhar dinheiro. E seu irmão no mundo dos games. Ninguém olhava para nada além de si mesmo e das próprias expectativas. 

A primeira pessoa adulta com a qual Matilda tem contato e que não segue esse padrão é sua professora, Jennifer Honey. A mulher enxerga a carência de Matilda e acaba se tornando o porto seguro da menina, juntamente com seus colegas de classe. É ali que Matilda Wormwood finalmente encontra o seu lar. O grupo torna a sala de aula seu mundo particular, com desenhos pelas paredes e união entre o grupo. A única regra é adequar o local quando Trunchbull vai visitar a sala. 

Poderes aparecem

Quando finalmente conhece um ambiente saudável, Matilda passa a querer influenciar sua família ao mesmo comportamento. Ao se frustrar por não conseguir, acaba por encarar com raiva uma televisão. O aparelho explode e a menina percebe que pode ter causado o fenômeno. É quando ela descobre ter o poder de mover objetos com a mente. 

Decidida a não perder mais tempo com sua família, passa a utilizar seu talento para ajudar sua escola a se libertar da opressão de Trunchbull. A estratégia acaba por usar o medo, a mesma arma que a diretora usava para oprimir crianças e professores . É uma demonstração de que, para vencer um obstáculo, muitas vezes é preciso usá-lo como força motriz. 

Após ser assustada pelos alunos, a vilã foge, deixando para trás a escola e todos os bens que havia roubado de sua sobrinha, a professora Honey. 

As perdas por demorar a olhar para fora

A lição final de Matilda é apresentada na última cena. Seu pai passa a ser procurado pela polícia e precisa sair da cidade. A família então vai buscar a menina na casa da professora, mas é surpreendida pela reação das duas. Matilda pede aos pais para ser adotada por Honey, demonstrando que ela já não era mais uma Wormwood. 

A cena demonstra como a negligência em valores fundamentais, como a união familiar, podem não ter retorno. A última fala é da mãe da menina, afirmando que apesar de Matilda ser sua única filha, ela nunca a olhou. As duas se despedem e a menina se torna filha da professora.

Matilda é um claro exemplo de como os pais podem perder de vez seus filhos, caso não olhem para fora. No filme, a menina encontra um bom lugar para viver mas nem sempre isso acontece. Pensando em prevenir possíveis finais diferentes do de Matilda, a Brasil Paralelo lançou o Travessia da Família, um itinerário para os pais se concentrarem em proteger suas famílias dos perigos externos. 

Matilda conseguiu encontrar Jennifer Honey, porém, no mundo real, o acolhimento e a proteção dos pais para com seus filhos é de fundamental importância para que eles desenvolvam pertencimento e autoestima.