Antes do filme Incêndios, o trabalho do diretor Denis Villeneuve era pouco conhecido. Responsável por produções como Duna, A Chegada e Os Suspeitos, ele ganhou maior destaque após o lançamento do drama, considerado um marco em sua trajetória.
Afirma o teólogo e escritor Jurandir Gouveia:
“Em 2010 quando Denis Villeneuve lançou seu filme Incêndios, poucas pessoas tinham ouvido falar desse cara, mas logo depois que ele lançou todo mundo queria saber quem ele era”.
O drama dirigido e escrito por Denis Villeneuve é baseado na peça homônima de Wajdi Mouawad. A trama acompanha a jornada de Jeanne, que busca cumprir o último desejo de sua mãe, revelado em seu testamento.
No documento, a mãe pede para ser enterrada nua, de costas, sem lápide ou oração, afirmando que aqueles que não cumprem suas promessas não merecem uma sepultura digna.
Para cumprir o objetivo, Jeanne precisa entregar dois envelopes: um destinado ao pai, que ela acreditava já ter falecido, e outro para um irmão cuja existência era desconhecida.
Conforme avança em sua busca, Jeanne descobre mais sobre o passado de sua mãe e os eventos que culminaram no pedido contido no testamento.
Determinada, ela não descansa até realizar o último desejo da mãe e garantir-lhe uma sepultura digna.
O filme aborda temas como:
O fim do ciclo de violência foi um dos principais pontos destacados por Denis Villeneuve em uma entrevista concedida a uma rede de televisão árabe.
“Para mim, parece uma história que me trouxe muita esperança. Sobre a humanidade, uma história sobre essa ideia de wajdi, que talvez seja possível acabar com esses ciclos de raiva dentro de uma família ou violência dentro de uma sociedade”.
Duração: 2h10min
Direção: Denis Villeneuve
Idioma: Francês
O filme está disponível na plataforma de membros da Brasil Paralelo, e conta com uma análise feita pelo teólogo e escritor Jurandir Gouveia.
Neste artigo, exploraremos os principais aspectos do filme Incêndios.
Uma câmera aberta revela uma paisagem árida e característica do Oriente Médio. O ambiente é quente e silencioso, com apenas o vento balançando algumas poucas árvores.
A câmera se movimenta lentamente enquanto a melancólica música You and Whose Army? da banda Radiohead começa a tocar.
Em seguida, aparecem garotos com a cabeça raspada. Um close em duas crianças destaca seus olhares de incerteza. Logo após, várias outras crianças com as cabeças raspadas são mostradas. Uma delas segura uma arma, sugerindo o destino que os adultos haviam planejado para elas.
Segundo o teólogo e escritor Jurandir Gouveia:
“Queriam transformá-las em verdadeiras máquinas de matar”.
Por fim, a câmera foca em um último garoto, cujo olhar reflete medo misturado a uma certa raiva. Após essa cena, o espectador é transportado para um escritório, onde um homem está apoiado em uma prateleira de documentos.
Esse homem, o notário Jean Lebel, interpretado pelo ator Rémy Girard, pega uma pasta de documentos e entrega um envelope. Ele, então, cumprimenta duas pessoas apresentadas como Les Jumeaux (Os Gêmeos): Jeanne e Simon Marwan.
Os irmãos acabaram de perder a mãe e estão no escritório do notário para ouvir a leitura de seu testamento. O conteúdo lido foi o seguinte:
“Meus bens serão repartidos entre os gêmeos Jeanne e Simon. O dinheiro será dividido e os imóveis distribuídos conforme o desejo deles”.
Quanto ao enterro:
“Ao notário Jean Lebel, enterre-me sem caixão, nua, sem nenhuma oração, meu rosto voltado para o solo, de costas para o mundo”.
Lápide e epitáfio:
“Nenhuma lápide sobre meu túmulo, nem meu nome gravado. Nenhum epitáfio para quem não cumpre sua promessa”.
Para Jeanne e Simon:
“A infância é uma faca enterrada na garganta. Não pode ser removida facilmente. Jeanne, o Sr. Lebel lhe entregará um envelope. O envelope é destinado ao seu pai. Encontre-o e entregue-lhe este envelope.
Simon, o notário lhe entregará um envelope. O envelope é destinado ao seu irmão. Encontre-o e entregue para ele este envelope. Quando estes envelopes chegarem aos seus destinatários, uma carta lhes será entregue, o silêncio será quebrado, uma promessa será cumprida e uma lápide poderá ser colocada no meu túmulo, meu nome gravado nela, exposto ao sol”.
Após a leitura do testamento, os gêmeos descobrem que o pai, que acreditavam estar morto, está vivo e que possuem um irmão cuja existência desconheciam. Jeanne decide partir em busca de respostas sobre a vida de sua mãe.
Conforme a história avança, novas revelações surgem sobre o passado da mãe e sua trajetória. Segundo Jurandir Gouveia, o filme conduz o espectador a refletir sobre as complexidades das relações familiares e os segredos que moldam nossas histórias.
“Quanto realmente conhecemos de nossos pais? sabemos apenas uma fração de suas vidas, de seus amores, de seus pecados de seus medos e dos terrores que passaram ou causaram: Conhecemos uma versão, mas não conhecemos completamente quem eles são. talvez se tivéssemos a mesma oportunidade de embarcar numa jornada de descoberta do passado, a gente ficaria assombrado com algumas descobertas”.
Trata-se de um filme sobre família, como afirmou o diretor em entrevista à revista Empire, que também nos conduz ao contexto de uma guerra real no Oriente Médio.
Nesse cenário, o espectador é levado a acompanhar Jeanne em sua busca por seu pai e por seu misterioso irmão.
Um dos elementos marcantes no filme de Denis Villeneuve é a escolha das músicas. Segundo Jurandir Gouveia, em sua análise na plataforma de membros da Brasil Paralelo, a primeira faixa, You and Whose Army?, reflete a essência do filme.
“Uma música melancólica, melódica e triste que captura a essência do filme em várias cenas, a música reflete de forma poderosa a mensagem da luta de uma pessoa contra o exército, uma pessoa que mantém sua força e sua coragem diante dos horrores e brutalização a que é submetida. A música amplia a tristeza da cena”.
Villeneuve explica que a intenção de usar a música no contexto do filme é transmitir a ideia de que a história está sendo contada sob a perspectiva de um ocidental.
“A música do Radiohead foi anexada à abertura deste filme desde o primeiro dia. Uma das ideias por trás da música é que fique claro que será o ponto de vista de um ocidental sobre este mundo: o ponto de vista de um impostor. Que será uma ficção. Quando você coloca a imagem com uma música árabe ou do Oriente Médio, parece autêntico, e eu não gostei nem um pouco”.
Na plataforma Rotten Tomatoes, o crítico Eddie Harrison avaliou o filme com a nota 5/5 e fez o seguinte comentário:
“Este pode não ser seu trabalho mais conhecido, mas Incendies é provavelmente o melhor filme de Villeneuve até hoje; se você estiver disposto a testemunhar as consequências de eventos indizíveis, é uma exploração particularmente potente da moralidade distorcida de um ato terrorista”.
á a crítica Jay Pride, da NewcityFilm, que também deu a nota máxima ao filme de Villeneuve, fez a seguinte observação:
“A elegância de aço dos movimentos enfáticos de câmera e enquadramento de Villeneuve são tão importantes na ‘história’ quanto os terrores do passado descobertos por duas crianças crescidas, porém inocentes”.
O filme conta com Lubna Azabal no papel principal. A atriz belga, nascida em Bruxelas em 15 de agosto de 1973, recebeu três prêmios de Melhor Atriz por sua atuação em Incêndios.
Mélissa Désormeaux-Poulin interpreta a personagem Jeanne. A atriz franco-canadense, nascida em Montreal em julho de 1981, ganhou em 2014 o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante no Gala Quebec Cinema por seu trabalho em Gabrielle.
Simon Marwan é interpretado pelo ator canadense Maxim Gaudette, nascido em 8 de junho de 1994 em Quebec. Em 2010, o ator foi premiado com o Prêmio Genie e o Gala Quebec Cinema por sua atuação no filme Polytechnique.
Denis Villeneuve fez a seguinte afirmação em entrevista a Thomas Dawson, da instituição inglesa BFI:
“Fizemos com que ela lesse algumas cartas, e ela parecia ter cerca de 18 anos, embora na vida real ela tenha 30, eu sabia que com maquiagem poderíamos envelhece-la para as cenas no Canadá. Artisticamente, eu me apaixonei por ela imediatamente. Ela era simplesmente Nawal”.
Denis Villeneuve nasceu em Quebec no Canadá e ganhou notoriedade com o filme Incendies (2010) com o qual foi indicado ao Oscar como melhor filme estrangeiro do ano.
Seus trabalhos são conhecidos pela estética visual marcante que o levaram a indicações ao Oscar inclusive com seu trabalho em A chegada.
Entre seus principais trabalhos estão:
O roteiro premiado foi desenvolvido por Villeneuve, baseado na peça de teatro homônima ao filme, escrita por Wajdi Mouawad.
O roteiro do filme foi adaptado da peça de teatro homônima escrita por Wajdi Mouawad. Escritor, ator e diretor, Mouawad nasceu no Líbano em 1968 e é naturalizado canadense.
Em entrevista à rede de televisão Al Jazeera, Denis Villeneuve afirmou que a obra de Wajdi lhe trouxe uma mensagem de esperança, mesmo em meio a um contexto sombrio.
“O que eu adoro em Wajdi Mouawad é que ele não tem cinismo. Ele acredita na humanidade, e isso me trouxe muita esperança”.
Incêndios foi indicado na categoria de Melhor Filme Estrangeiro em dois grandes prêmios:
Contudo, o filme conquistou diversos prêmios na 31ª edição do Genie Awards:
Na plataforma de membros da Brasil Paralelo, além de ser possível assistir ao filme na íntegra, há também uma análise feita pelo teólogo e escritor Jurandir Gouveia.
Em sua análise, ele afirma que tanto o filme quanto a peça são uma mistura de tragédia grega, suspense e investigação.
“Através deste filme, eu cheguei desarmado para o clímax da história e fui capaz de entender o impacto dessa tragédia grega”.
Jurandir compara o filme às grandes tragédias clássicas, como a história de Édipo Rei, de Sófocles, afirmando que a tragédia se dá no encontro dos protagonistas com o seu destino.
“É o reconhecimento dos gêmeos de sua verdadeira identidade que leva ao ponto alto dessa história”.
Em outro momento, ao falar sobre o final do filme e a intenção do autor, ele afirma:
“Neste sentido, apesar do final trágico, esse é um filme sobre esperança”.
Essa ideia é confirmada pelo diretor Denis Villeneuve, em entrevista à rede de televisão árabe Al Jazeera:
“Para mim, não parece uma história sombria. Para mim, parece uma história que me trouxe muita esperança. Sobre a humanidade, uma história sobre essa ideia de wajdi, que talvez seja possível acabar com esses ciclos de raiva dentro de uma família ou violência dentro de uma sociedade. O que eu adoro em Wajdi Mouawad é que ela não tem cinismo. Ela acredita na humanidade, e isso me trouxe muita esperança”.
Além dessa análise do filme Os Suspeitos, é possível encontrar muitas outras análises de filmes consagrados na plataforma de streaming da Brasil Paralelo..
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