Em um trecho, Marcinho VP alega ter ajudado o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (MDB), na campanha para a prefeitura da capital carioca em 1996.
Em uma entrevista para a rede Record, o criminoso conta que conheceu Cabral no mesmo ano, durante um show do grupo Molejo no Complexo do Alemão:
“Foi em um domingo, ele subiu no meu camarote, lá comeu e bebeu, me abraçou, me elogiou pra caramba… Ele viu que eu estava armado, me abraçou, me elogiou e agradeceu por tudo que eu estava fazendo por ele.”
Segundo o presidiário, o ex-governador teria recebido ajuda do Comando Vermelho para ganhar votos e apoio de cabos eleitorais:
“Ajudei na campanha dele de 1996, com centenas de cabos eleitorais. Tudo 0800, ele não gastou um real. A pedido nosso, centenas de pessoas o apoiaram. Ele foi no meu palanque para fazer discurso, contou as histórias dele e me enganou direitinho.”
O bandido estima ter conseguido cerca de 50.000 votos para o candidato. Naquele ano, Cabral concorria pelo PSDB e perdeu para Luiz Paulo Conde (Democratas).
O ex-governador teria virado as costas para o traficante e seus aliados, sendo considerado por Marcinho VP como um traidor:
“Maior Judas que eu conheci na minha vida, daqueles que cospem no prato que comeu e vira as costas para que o ajudou algum dia.”
O criminoso diz que se revolta com a trajetória do político pela forma como ele agiu à frente do governo:
“Para mim não faz diferença ele ter me transferido para o presídio federal, é o trabalho dele, ele era governador. Minha maior indignação é que ele cuspiu no prato que comeu, fez muito mal para a população carioca, Sérgio Cabral Filho foi o maior charlatão, o maior facínora que já conheci.”
Traficante chamou Cabral de xerife de organização criminosa
Marcinho VP também criticou a política de segurança que o governador implantou no estado e acusou Cabral de chefiar “a maior organização criminosa do Rio”:
“É muita demagogia, o cidadão mandava centena de ladrões de galinha favelados para os presídios federais alegando que estava combatendo o crime organizado e hoje se descobre que a maior organização criminosa do Rio de Janeiro estava instalada dentro do Palácio Guanabara e Sérgio Cabral Filho era o xerife daquela organização ao cacique mor.”
Os advogados de Sérgio Cabral negam que ele tenha se encontrado ou mantido qualquer relação com Marcinho VP.
O político foi condenado a 430 anos de prisão após investigações da Lava Jato apontarem para o governador como líder de uma quadrilha que teria desviado mais de R$224 milhões.
Cabral foi preso em 2016 e passou a cumprir pena no regime domiciliar em dezembro de 2022.
No ano seguinte, o ex-governador teve a pena revogada após decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2).
Desde então, ele tem o direito de circular livremente com a condição de que utilize uma tornozeleira eletrônica.
Atualmente, Cabral usa as redes sociais para mostrar seu dia a dia e fazer alguns comentários políticos. Ele conta com mais de 51 mil seguidores no Instagram.
Em um dos vídeos, ele aparece na piscina de uma cobertura com vista para o Pão de Açúcar e recomenda alguns filmes:
O vídeo chamou atenção das redes e foi descrito por uma série de internautas como um retrato da impunidade no Brasil.
O Rio de Janeiro é considerado um dos lugares mais bonitos do mundo e símbolo do Brasil. Contudo, a cidade está dominada por facções que lutam entre si para controlar cada centímetro do território da capital carioca.
Em meio a esse cenário caótico, a população se tornou refém dos embates constantes entre organizações do crime organizado.
O paraíso descrito em tantas músicas brasileiras que conquistou o imaginário do mundo inteiro parece estar em chamas.
A Brasil Paralelo está investigando como uma cidade maravilhosa se transformou em uma zona de guerra.
O triste retrato dessa realidade, Rio de Janeiro: Paraíso em Chamas, estreia no dia 03 abril e será disponibilizado gratuitamente para todo o Brasil.
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