Saída do Brasil da IHRA
O estopim para a reação israelense foi a decisão do governo brasileiro de retirar o país da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), organismo fundado para combater o antissemitismo e preservar a memória das vítimas do nazismo.
Para Katz, ao abandonar a entidade, o Brasil “se colocou ao lado de regimes que negam o Holocausto e ameaçam destruir Israel”. O ministro acrescentou:
“Agora, Lula revelou sua verdadeira identidade como antissemita declarado e apoiador do Hamas. Como Ministro da Defesa de Israel, afirmo: saberemos nos defender contra o eixo do mal do islamismo radical, mesmo sem a ajuda de Lula e seus aliados.”
Até o momento, o Itamaraty não se pronunciou sobre as acusações.
Relações paralisadas
Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023, o governo brasileiro tem condenado a estratégia israelense. As críticas de Lula levaram a um profundo desgaste diplomático.
Em fevereiro de 2024, após comparar as mortes de palestinos ao Holocausto, Lula foi declarado persona non grata em Israel. A chancelaria israelense chegou a repreender publicamente o embaixador brasileiro Frederico Meyer no Museu do Holocausto, em Jerusalém. Como resposta, o Brasil o chamou de volta a Brasília — e nunca indicou um substituto para Tel Aviv.
Rebaixamento diplomático
Na segunda-feira (25), Israel anunciou oficialmente o rebaixamento das relações diplomáticas com o Brasil. O motivo foi a recusa silenciosa do Itamaraty em conceder agrément ao diplomata Gali Dagan, indicado em janeiro para chefiar a embaixada israelense em Brasília.
- O agrément é um procedimento diplomático em que um país solicita a aprovação do governo receptor para nomear um embaixador ou chefe de missão. Regido pela Convenção de Viena de 1961, garante que o indicado seja aceitável, evitando tensões. A recusa, mesmo implícita, pode indicar crise nas relações bilaterais.
Embora o governo brasileiro não tenha negado formalmente, a ausência de resposta foi interpretada como recusa. Segundo a chancelaria israelense, o gesto simboliza a “linha crítica e hostil” adotada pelo Brasil após os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro de 2023 — que resultaram em mais de 1.200 mortos e centenas de reféns.
Reação do Planalto
Celso Amorim, assessor especial de Lula para assuntos internacionais, confirmou à TV Globo que a decisão está ligada ao tratamento dado a Meyer em Israel:
“Eles humilharam nosso embaixador em público. Depois daquilo, o que eles queriam? Não houve veto, apenas não respondemos.”
Amorim reiterou que o Brasil não é contra Israel, mas contra a condução da guerra pelo governo de Benjamin Netanyahu, que classificou como “barbaridade” e “genocídio”.
Brasil retirou oficilamente o embaixador de Tel Aviv do país em maio de 2024
O Brasil retirou oficialmente seu embaixador de Tel Aviv em maio de 2024 e mantém a representação vaga desde então. Enquanto isso, Israel vê a postura brasileira como um alinhamento explícito ao Irã e ao Hamas.
A tensão evidencia uma mudança drástica na política externa brasileira: ao abandonar organismos internacionais de memória do Holocausto e intensificar críticas a Israel, o governo Lula se afasta do Ocidente e se aproxima de regimes acusados de fomentar terrorismo no Oriente Médio.