O atrito diplomático entre Brasil e Israel atingiu um novo patamar nesta terça-feira (26). O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, afirmou que o presidente Lula revelou sua “face antissemita” e se alinhou a regimes inimigos do Ocidente, como o Irã.
A declaração foi feita em uma publicação oficial nas redes sociais, acompanhada por uma montagem criada com inteligência artificial que mostra Lula como um boneco de marionete manipulado pelo aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do regime iraniano.
O estopim para a reação israelense foi a decisão do governo brasileiro de retirar o país da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), organismo fundado para combater o antissemitismo e preservar a memória das vítimas do nazismo.
Para Katz, ao abandonar a entidade, o Brasil “se colocou ao lado de regimes que negam o Holocausto e ameaçam destruir Israel”. O ministro acrescentou:
“Agora, Lula revelou sua verdadeira identidade como antissemita declarado e apoiador do Hamas. Como Ministro da Defesa de Israel, afirmo: saberemos nos defender contra o eixo do mal do islamismo radical, mesmo sem a ajuda de Lula e seus aliados.”
Até o momento, o Itamaraty não se pronunciou sobre as acusações.
Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023, o governo brasileiro tem condenado a estratégia israelense. As críticas de Lula levaram a um profundo desgaste diplomático.
Em fevereiro de 2024, após comparar as mortes de palestinos ao Holocausto, Lula foi declarado persona non grata em Israel. A chancelaria israelense chegou a repreender publicamente o embaixador brasileiro Frederico Meyer no Museu do Holocausto, em Jerusalém. Como resposta, o Brasil o chamou de volta a Brasília — e nunca indicou um substituto para Tel Aviv.
Na segunda-feira (25), Israel anunciou oficialmente o rebaixamento das relações diplomáticas com o Brasil. O motivo foi a recusa silenciosa do Itamaraty em conceder agrément ao diplomata Gali Dagan, indicado em janeiro para chefiar a embaixada israelense em Brasília.
Embora o governo brasileiro não tenha negado formalmente, a ausência de resposta foi interpretada como recusa. Segundo a chancelaria israelense, o gesto simboliza a “linha crítica e hostil” adotada pelo Brasil após os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro de 2023 — que resultaram em mais de 1.200 mortos e centenas de reféns.
Celso Amorim, assessor especial de Lula para assuntos internacionais, confirmou à TV Globo que a decisão está ligada ao tratamento dado a Meyer em Israel:
“Eles humilharam nosso embaixador em público. Depois daquilo, o que eles queriam? Não houve veto, apenas não respondemos.”
Amorim reiterou que o Brasil não é contra Israel, mas contra a condução da guerra pelo governo de Benjamin Netanyahu, que classificou como “barbaridade” e “genocídio”.
O Brasil retirou oficialmente seu embaixador de Tel Aviv em maio de 2024 e mantém a representação vaga desde então. Enquanto isso, Israel vê a postura brasileira como um alinhamento explícito ao Irã e ao Hamas.
A tensão evidencia uma mudança drástica na política externa brasileira: ao abandonar organismos internacionais de memória do Holocausto e intensificar críticas a Israel, o governo Lula se afasta do Ocidente e se aproxima de regimes acusados de fomentar terrorismo no Oriente Médio.
Como um veículo independente, não aceitamos dinheiro público. O que financia nossa estrutura são as assinaturas de cada pessoa que acredita em nossa causa.
Quanto mais pessoas tivermos conosco nesta missão, mais longe iremos. Por isso, agradecemos o apoio de todos.
Seja também um membro da Brasil Paralelo e nos ajude a expandir nosso jornalismo.
Cupom aplicado 37% OFF
Cupom aplicado 62% OFF
MAIOR DESCONTO
Cupom aplicado 54% OFF
Assine e tenha 12 meses de acesso a todo o catálogo e aos próximos lançamentos da BP