Rasta

Um artista, um highlander

A sanha dos marqueteiros em lacrar. Mesmo que nem sempre com isso venham a lucrar…

Não é de hoje que as empresas vêm adptande seus discurse para agradar a todes. Entenda essa bigodagem e suas consequências ocultas.

Rasta

Boa noite, embaixadores. Boa noite, rastos e rastas.

Consciência social, culpa burguesa, reparação histórica ou apenas mais uma jogada marketeira kilingue para ludibriar o juvenil e angariar um troco?

No Deixa Rasta de hoje, trataremos de Empresas Lacradoras.

O mundo da publicidade mudou muito das décadas de 80 e 90 para cá. Quem não lembra das boas e velhas propagandas de cerveja, como a da Antarctica: “com colarinho ou sem colarinho?” A tartaruga futebolista da Brahma, o sirizinho da Brahma também, o que mostra a bunda em horário nobre, e o baixinho da kaiser.

Foram várias propagandas que ficaram eternizadas pelo senso de humor e pelo eventual apelo sexual ao pai de família médio, aquele que não perdia um episódio da Banheira do Gugu, depois da Missa.

O que dizer também das propagandas de cigarro? Quem não lembra do cowboy da Marlboro, ou da clássica propaganda do "hollywood: o sucesso", ou do logo nos carros de fórmula um.

Mas se já fomos Brasil na Copa e Kaiser no Copo, hoje somos Brasil na Cepa e Cipó no Caneco.

A tartaruga morreu queimada na amazônia com as girafas, o baixinho da Kaiser se aposentou e hoje é da tequila, o pai de família médio é pai solteiro de dois yorkshires que lambem o próprio furico e beijam ele na boca.

O cowboy da Marlboro morreu de câncer, dizem especialistas. O sucesso hoje é apenas o nome do loló, mistura de clorofórmio, éter e sebo de lagartixa donzela, muito apreciado no carnaval de Olinda.

Schumacher já não passa mais nenhum brasileiro para trás e não há nada mais na terra que faça bem ao ser humano.

Com estas mudanças culturais, as marcas tentam se ajustar às novas linhas editoriais. Com a explosão das pautas identitárias, que tendem a pegar o que há de mais irrelevante no ser humano e elevar ao patamar de essência do indivíduo, o mundo está cada vez mais cheio de tribos, com hábitos de consumo mais exóticos que os que tinha o homem comum que viu o Bebeto camisa 7, mas não menos previsíveis nem menos baseados na concupiscência e nos apetites mais banais.

Um caso famoso é o da Heineken. A Heineken é uma empresa que chegou no brasil através da mesma Kaiser do baixinho, nos anos 90, ela já teve diversas linhas editoriais de marketing.

Quem não lembra da propaganda do cachorro dirigindo o carro, do cara que alcança as cervejas para a Jennifer Aniston e de última hora decide ficar com as cervejas.

A Heineken já foi a cerveja da galera dinâmica, que frequentava festas transadas, que viajava para fora do país antes do PT…

Por sinal, faz anos que eu vou e venho dos EUA para o Brasil e eu nunca encontrei o tal do pobre que o PT colocou para andar de avião, sempre sonhei em encontrar um, levando uma marmitinha com uma galinha cabidela, uma macaxeira com charque, ou um torresmo para me salvar daquela comida horrível de avião. Mas não, eu só encontro funcionário público gordo vestindo a farda daquele colégio Hollister, com criança gritando com o rabo cheio de doce, tênis de luzinha e orelha do Mickey. Toda vez que eu vejo um funcionário público gordo eu penso, tá gostoso o meu dinheiro né, senhor barriga?

A Heineken da minha época já era a Heineken da liga dos campeões, saudosos tempos, Barcelona com Ronaldinho Gaúcho, Zidane no Real, Riquelme no Villarreal.

Era também a cerveja dos roqueiros e os metaleiros, tava lá o Tupiniviking de Osasco no Manitédio, em São Paulo, de braços cruzados, vendo algum roqueiro gringo da série C, imaginando que estava num festão e pagando 10 reais numa Heineken.

De liga dos campeões a banho dos campeões, a Heineken resolveu apostar na lacração, primeiro com a cerveja do arco-íris, depois com o apelo aos veganos.

Irmão, o Brasil é o país do Churrasco com cerveja, você tem que escolher melhor as suas batalhas. Daí depois que a cervejaria viu que escorregou no quiabo vegano e foi cancelada, tentou fazer ali um pedido de desculpas eco friendly, mas não colou.

É tipo aquela empresa do Condado dos coletes acolchoados lá, a XXT (XP), a favor da inclusão e diversidade, sempre antenada na linguagem dos jovens, postou fotinha só com os palmito faria limer no maior estilo foto de grupo japonês, o verdadeiro significado de tanto faz. Aí, meu irmão, o sangue dos justiceiros sociais ferveu o caneco.

A verdade é que esse fenômeno da tribalização cultural tem suas oportunidades comerciais, mas é natural que elas sejam de nicho, porque tribos não se assimilam e formam uma unidade.

Quem faz isso é uma nação, tribos brigam, você pode achar que só por causa do cabelo roxo e o ódio ao trabalho (que eu também compartilho), a tribo dos aquidauânus é amiga da tribo dos paukemamamos, e que tá todo mundo debaixo do mesmo arco-íris da interseccionalidade, mas não é bem assim, irmão.

Tem homem dando olé nos pronomes pra quebrar a cara de mulher no MMA, rastos e rastas.

Isso é o que a Renault percebeu. Há mercados em que uma lacrada funciona, então lá ela coloca o arco-íris, mas há mercados em que isso não acontece, como na Rússia, ou em países muçulmanos.

Não é de hoje que sabemos que as elites desses países não têm problema com todo o progressismo e liberalidade que deixa o ocidente mais dócil, mais consumista e putanheiro, contanto que ela não venha tentar fazer o mesmo lá.

Imagina a velha guarda da esquerda, preocupada em coletivizar a agricultura, matando rio para desenvolver indústria, fazendo um esforço nacional hercúleo para colocar cadela para morrer no espaço só para fazer frente ao mundo, vendo os progressistas se preocupando porque o dono da Barilla, marca de pasta italiana, fez um comentário homofóbico.

Eu, se fosse marketeiro da Barilla, eu resolvia esse problema em dois tempos: criava um formato arrojado de massa, e chamava de Frescoccini, entra duro, sai mole e pingando.

Mas no ocidente, a política, assim como os negócios, é marketing, e é hilário ver o que a velha esquerda brasileira faz para se modernizar. Por exemplo, o Ciro Gomes gamer jogando capoeira parecendo um caranguejo, subindo no palanque com o Mamãe Falei e o Doriana Cremosa.

Eu gosto de seguir o Lula por causa disso, vejo as lives que ele faz com os coletivos mais histéricos do Brasil. A máscara dá toda aquela ambiguidade. Vejo o pessoal falando com ele usando pronome neutro, falando esses termos importados da esquerda progressista americana, como “lugar de fala”, “sororidade”, e eu não sei se ele está rindo ou se ele está pensando como era mais fácil a época em que ele fala da exportação de veados de Pelotas e a época das cabritas.

E o Leftbank, vocês já viram esse? Um ex-deputado petista, preocupado com a concentração de poder dos grandes bancos, estes que o PT ajudou a deixar mais ricos e poderosos do que nunca, resolveu que a solução é fazer um banco alinhado com as ideias de esquerda.

O que é um banco com ideias de esquerda, meu rasto? 

É um Banque? Cartãe de crédite de celulose? É eu chegar pro meu gerente e ele me receber de calcinha e me oferecer um Macha com leite de soja, leite de amêndoa, de aveia ou qualquer leite de pau desses aí, no lugar do café?

Por que se for para financiar progressismo, ou para pegar carona na clássica política esquerdista de expansão de crédito com juros custeados pelo tesouro para que eu preciso de um banco novo? Bastava ir pro Itaú, mesmo.

Acontece também de algumas tentativas de lacrar darem muito errado financeiramente. Daí que surgiu a expressão "Go Woke and Go Broke", o famoso "Quem Lacra não Lucra", em português.

Foi o caso de uma cafeteria vegana badabauê (olha o leite de pau de novo aí), lá na Austrália. O nome da cafeteria era Handsome Her, feito por mulheres e para mulheres, aquele mafuá lá da Sororidade.

A cafeteria tinha três regras estampadas na entrada:

  • 1- Assento prioritário para mulheres;

Isso aí é regra para gente malcriada, né? Porque desde que o mundo é mundo que mãe e pai de todas as origens ensinam pro filho ceder lugar pra mulher, criança, idoso e deficiente físico.

O mundo está cada vez mais cheio de lares quebrados e meninos sendo educados por gente de bermuda e boné para trás que não tem lugar no carro para carregar uma feira porque o porta-malas se tornou tweeter e subwoofer. Não duvido que esse tipo de aviso possa ser necessário.

  • 2- Uma taxa de 18% para clientes homens, que é quanto elas achavam que era a diferença salarial na época.

Tentaram lacrar em cima daquele velho chamujo da diferença salarial entre homens e mulheres que Thomas Sowell já falava desde os anos 80. Veja, minha rastona, uma coisa é eu entrar na cafeteria e estar aquela melodia feiosa do Lulu Santos anos 80: “Eu vejo um novo começo de era, em que não sei se ela é ele ou ela”

A outra é eu, depois de ser taxado até a curva sigmóide pelo governo, ter que pagar uma taxa do "desculpa por ser homem."

Bom, dizem que não foi a taxa que fez com que o negócio fechasse as portas, mas que o "experimento social" tinha chegado ao seu fim.

Eu adoro país desenvolvido, é um monte de gordinho para quem montar uma birosca pretensiosa é um "experimento social".

Enquanto isso, no Brasil é como cagar um abacaxi de lado, o caboclo tem que reconhecer firma no cartório acompanhado de pai e avó, esperar 3 luas cheias, fazer a dança do papacualbino na ilha de Itamaracá com o períneo virado para o trópico de capricórnio.

  • 3- A terceira regra é que respeito é uma via de mão dupla.

“Beleza, mopirraia, devolva meu dinheiro, na moral”.

Houve também o caso do Museu da Língua Portuguesa. Impossível esquecer a tragédia de 21 de dezembro de 2015, quando o museu sofreu com um incêndio de proporções catastróficas.

Em julho deste ano, depois de seis anos em processo de restauração, que contou com o patrocínio da Rede Globo e do Banco Itaú, a equipe de comunicação do museu resolveu mostrar sua nova marca, a vírgula.

Segundo os marketeiros, a vírgula é “o respiro que representa o recomeço de um espaço aberto à reflexão e inclusão de todas, todos e TODES!”

Leitura recomendada: Linguagem Neutra.

Pelo amor de Deus, irmão, do que adianta restaurar o museu e armar uma cagada dessa? É um queima não queima, queima não queima.

Eu fico imaginando a reunião com um monte de jovem dinâmico publicitário faria limer, tomando um pica latte do Starboça, reunindo-se com o calça apertada e alguma rapariga good vibes da rede globo "ai, gente, eu achei a vírgula TUUUUDO", "super minimalista, conceito, tendência, já imagino até numa coleção de porta-copos da tok & stok, mont blanc", mas sabe o que tá faltando? Pronome neutre. - É o Que? - Pronome neutre, super da hore, vai dialogar com os jovens, inclusivo, arrojado, dinâmico.

Vai dialogar com que jovem, meu raste? Com a massa de 38 milhões de analfabetos funcionais "oficiais"? Que, na verdade, é muito mais que isso?

Minha rastaradagem, a vida não é assim. Vocês são um Museu da Língua, vocês têm a missão de preservá-lo para ajudar o jovem a se tornar aquilo que ele não pode ser sem a ajuda da língua, isto é, um adulto.

Eu sou a favor de a gente deixar de lado "o jovem no brasil não é levado a sério", porque  vocês estão com quarenta anos na cara, a testa parecendo uma folha de caderno tilibra e estão andando de bermuda. Sou a favor da gente voltar a "O jovem precisa acabar, urgentemente." É o conselho de Nelson Rodrigues, envelheçam!

Vocês têm um acervo imenso. Verifiquem a sessão de Machado de Assis e abram o conto O segredo do Bonzo. Trata-se da história dos caboclos que estão na cidade de Fuchéu, capital do reino de Bungo, e eles estão ouvindo, "pendurados na fala de um bonzo", um sábio, o velho Pomada.

O velho diz que a virtude têm duas existências paralelas, uma na pessoa que a têm e a outra no espírito dos outros que o ouvem. Ele conta a história da pedra da lua, que é uma pedra que, colocada no pico de um monte, poderia iluminar uma campina inteira.

A pedra não existia nem nunca ninguém a viu, mas muita gente acreditava nela. Meditando sobre isso, ele chegou à conclusão de que, entre algo existir na realidade e existir na opinião, a realidade é apenas uma conveniência. Mais vale existir na opinião.

Os caras aprendem a lição de que a virtude nada vale se não for acompanhada do aplauso e da estima da gente bela, gente fina, e saem de lá Pomadistas.

Pois o nosso MLP foi de Museu da Língua Portuguesa para Museu dos Lindes Pomadistes. O pior é que quando a possibilidade de comunicação com o passado for cortada definitivamente, e o jovem não conseguir mais se comunicar com Machado ou José Lins do Rego por que não tem Elu Elix, nem o gênero xyzw3714, quem é que vai se responsabilizar pela lambança? Ninguém.

A lacrada privada vai gerar um prejuízo público, em que ninguém sabe quem mandou a conta, mas todo mundo paga. Ou seja, um caso clássico de BIGODAGEM.