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História
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Trégua de Natal na Primeira Guerra Mundial – Artilharias cantaram em vez de atirar

A Trégua de Natal de 1914, durante a Primeira Guerra Mundial, foi impressionante. Conheça a história completa, testemunhas e consequências.

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
31/8/2021 15:25
Uma escultura que representa a trégua de Natal.

Naquele ano aconteceu algo que os comandantes britânicos ou alemães não esperavam. Da lama e do frio das trincheiras, os soldados viram um brilho que não era o da pólvora acesa. A Trégua de Natal (Christmas truce ou Weihnachtsfrieden) causou comoção, polêmicas e tornou-se um símbolo de paz universal.

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O que você vai encontrar neste artigo?

Qual foi o contexto da Trégua de Natal?

Logo nos primeiros meses da Primeira Guerra Mundial, a França foi atacada pelos alemães em território belga. No início de setembro de 1914, os franceses repeliram as tropas alemãs que estavam em Paris com a ajuda dos britânicos, conforme explica o historiador Max Hastings, no livro Catástrofe. Era o início da Batalha de Marne.

Para se refugiarem, os alemães procuraram abrigo no Vale do Aisne. As forças aliadas não conseguiram fazê-los recuar mais. Isto os levou a um impasse. Os lados em guerra não cediam terreno e começavam a construir trincheiras.

Quais foram as consequências das trincheiras e por que elas influenciaram a Trégua de Natal?

Uma das principais características da Primeira Guerra Mundial foram as trincheiras, segundo o historiador Claudio Fernandes. Este estilo de batalha durou até 1918. Havia muitos impasses, pouca mobilidade e muito poder de fogo.

Os soldados cavavam as trincheiras para se protegerem do inimigo em campo aberto. Devido a este modelo, havia muito atrito sem avanços decisivos. No entanto, os exércitos ficavam próximos.

A distância média entre as trincheiras era de 100m, entre algumas era ainda menor. Era possível ver o inimigo e ouvi-lo. O espaço entre elas era chamado Terra de Ninguém.

Ao Norte, à direita do exército alemão, a linha de frente não estava definida. Ambos os lados enxergaram a vantagem da região para flanquear o inimigo e avançar. Por isso, tentaram tomar posse da região.

Enfrentavam-se repetidas vezes na corrida em direção ao mar, enquanto tentavam avançar à frente do inimigo. Após vários meses, as forças britânicas foram retiradas do Aisne e enviadas a Flandres.

O resultado foi que em novembro de 1914 uma linha de batalha contínua havia se formado. Ela se estendia do Mar do Norte até as fronteiras da Suíça. Sob ocupação suíça, os exércitos estavam preparados, mas em posição defensiva.  

Acrescentava-se a isto o enorme sofrimento causado pelas trincheiras. Um forte inverno havia chegado e os soldados foram relegados ao frio e à lama, às vezes até a altura da cintura. Esperava-se a primavera chegar para atacar.

A proximidade entre inimigos, o sofrimento e um fator psicológico contribuíram para a Trégua de Natal.

A duração da Primeira Guerra não foi a esperada

Os jovens soldados alemães, franceses e britânicos pensavam que a Primeira Guerra Mundial terminaria antes do Natal, e que retornariam para casa. A ideia era que a guerra seria rápida.

Poucos meses de guerra e centenas de milhares de soldados já havia morrido. As trincheiras fortaleciam o impasse sangrento.

Em 4 anos de batalha, entre 16 e 20 milhões foram mortos.

Como não sabiam disso no início, nem esperavam que fosse assim, havia um clima de entusiasmo entre as tropas, aguardando o fim da luta em dezembro.

O que foi a Trégua de Natal? Resumo

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Ilustração representando os soldados confraternizando na Trégua de Natal.

Em 1914, com a Primeira Guerra Mundial acontecendo, soldados alemães e britânicos deram-se as mãos. Ao longo da Frente Ocidental, no nordeste da França, eles suspenderam informalmente a guerra no Natal. Trocaram saudações e cantaram de suas trincheiras, segundo o historiador Reinaldo V. Theodoro no livro Trégua de Natal. Neste momento histórico, os inimigos trocaram presentes.

Na véspera do Natal e no próprio 25 de dezembro, os soldados deixaram as trincheiras para se aventurarem na Terra de Ninguém. Esta era a área onde eles ficariam desprotegidos e poderiam facilmente ser alvejados.

Não houve tiroteio, mas troca de presentes, alimentos e canções natalinas. O ponto máximo do encontro entre ingleses, alemães e franceses foram as partidas de futebol.

A trégua foi e ainda é vista como um símbolo de paz universal. Mas a humanidade que alguns grupos demonstraram entre si não foi geral. Em algumas frentes, as lutas foram mantidas mesmo no Natal. Em outras, apenas deram trégua para recolher os corpos.

Em 1915, algumas unidades queriam a trégua novamente. Os comandantes, porém, proibiram estas confraternizações e o cessar-fogo não foi divulgado como em 1914. Como exemplo, o Comandante Sir lain Colquhnoun da Guarda Escocesa foi levado à corte marcial por permitir uma trégua com a finalidade de enterrar os mortos.

Não apenas autoridades de alta patente se revoltavam ao saber das tréguas. Naquela época, Hitler era apenas um cabo. Ele desabafou a respeito, dizendo:

“Essas coisas não deviam acontecer em tempo de guerra. Os alemães perderam todo o senso de honra?”

O evento não tornou a repetir-se com a mesma intensidade. Em 1916, as sangrentas batalhas de Somme e Verdun já haviam começado e o gás venenoso já estava sendo usado. Os soldados não enxergavam seus inimigos como humanos, e a Trégua de Natal permaneceu apenas na memória.

Para evitar repetições, trocas eram feitas entre os batalhões para evitar familiaridade com o inimigo. Os comandantes ordenaram ataques mais intensos nestas datas, inclusive.

Mas mesmo que fortes bombardeios de artilharia fossem ordenados justamente na véspera de Natal, em alguns lugares a mira era posta em um lugar fixo. Assim, foram evitadas baixas de ambos os lados.

A história, no entanto, está repleta de outros detalhes importantes. Nos relatos detalhados abaixo, os trechos das cartas dos soldados confirmam a beleza da Trégua de Natal de 1914.

As súplicas de paz em meio à guerra

No Natal de 1914, um grupo de 101 mulheres sufragistas assinou a Carta Aberta de Natal, uma mensagem pública de paz dirigida “às Mulheres da Alemanha e da Áustria”.

Em 7 de dezembro, o Papa Bento XV aludiu a uma trégua entre os governos em guerra. Ele pediu:

“Que as armas possam cair em silêncio, ao menos na noite em que os anjos cantam”.

Seu pedido foi recusado pelas autoridades. Mas a vida das trincheiras, fria e lamacenta, motivou as tropas a cessar fogo por conta própria.

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Como foi o Natal de 1914 na Primeira Guerra Mundial?

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Foto de soldados alemães montando uma árvore de Natal nas trincheiras.

As Tréguas de 1914 não eram oficiais. Nenhum comandante ordenou um cessar-fogo no Natal. Mesmo assim, os armistícios estavam acontecendo na Frente Ocidental. De acordo com o historiador Stanley Weintraub, cem mil soldados dos dois lados aderiram às tréguas ao longo do ano.

Tudo começou quando as tropas alemãs decoraram o entorno de suas trincheiras em Ypres, Bélgica, na véspera de Natal. Foram colocadas velas e árvores de Natal que haviam sido enviadas pelo imperador alemão, Guilherme II, para reforçar a moral das tropas.

Algumas tréguas duraram até seis dias, alcançando o Ano Novo.

Quando os alemães cantaram canções de Natal, os britânicos responderam com suas próprias canções.

Exatamente na noite de Natal de 1914, as sentinelas na trincheira alemã cantaram Stille Nacht, Heilige Nacht. Mesmo sem entender alemão, os ingleses reconheceram a melodia e entenderam: era Silent Night (“Noite Feliz”).

A conversa entre eles semelhante a:

— “Good, old Fritz!”
— “Merry Christmas, Englishmen! We not shoot, you not shoot!”

Juntos, cada grupo cantava a mesma canção, cada um em seu próprio idioma.

O fuzileiro Graham Williams, da 1ª Brigada de Fuzileiros de Londres, escreveu sobre o fato de que cantavam a mesma canção em línguas diferentes.

“Começamos a cantar O Come, All Ye Faithful e imediatamente os alemães se uniram cantando o mesmo hino em suas palavras latinas, Adeste Fideles. Que coisa extraordinária – duas nações inimigas entoando o mesmo cântico no meio da guerra”.

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