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Quem matou PC Farias? Conheça um dos casos mais graves da política brasileira

Buscar quem matou PC Farias é adentrar em um dos casos mais sérios e violentos da política brasileira - Entenda.

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
30/5/2022 10:41

Paulo César Farias foi tesoureiro e coordenador da campanha de Fernando Collor de Mello, o primeiro presidente eleito desde a ditadura militar. PC não possuía um cargo público formal no governo Collor, mas atuava como principal conselheiro do presidente.

Em maio de 1992 começam a vir à tona denúncias de corrupção que apontavam PC Farias como o líder de um esquema de desvios de verba pública, um total estimado no valor de 1 bilhão de dólares. 

Nesse momento, PC começou a ser procurado pela Polícia Federal e pela Interpol. Imediatamente o tesoureiro fugiu do Brasil, deslocando-se por vários países com documentos falsos, passando-se por um príncipe árabe, em uma fuga digna de Hollywood.

PC acabou sendo preso, mas, após ser solto e ter agendado depoimentos sobre os esquemas de corrupção do governo Collor, Paulo César foi assassinado em sua própria casa. Desde então, uma questão ficou no ar: quem matou PC Farias?

  • Este artigo foi baseado no programa Investigação Paralela, série de investigações criminais exclusiva da Brasil Paralelo:

O que você vai encontrar neste artigo?

O que aconteceu com PC Farias?

Na madrugada do dia 23 de junho de 1996, em Guaxuma, no estado de Maceió, PC Farias e sua namorada, Suzana Marcolino, foram encontrados mortos a tiros em sua cama, na casa de veraneio do tesoureiro.

Na semana de seu assassinato, PC Farias iria depor em uma CPI. O tesoureiro entregaria os nomes dos empresários que alimentaram os esquemas corruptos de Fernando Collor de Mello.

Quem era Suzana Marcolino?

PC Farias e Suzana Marcolino - assassinato - investigação
Suzana Marcolino com PC Farias, seu namorado.

Suzana Marcolino era a namorada de Paulo César, não tendo chegado a ser esposa de PC Farias. Vivia do dinheiro do namorado. 

A moça estava contente com o relacionamento que havia sido oficializado há menos de um ano — dizia a toda sua família que, enfim, iria se casar com um homem rico. Suzana levava uma vida de princesa. Além do carro, ganhou jóias, roupas caras e uma generosa conta bancária.

Antes de ser assassinada, Suzana foi a locadora, e alugou uma fita VHS de um filme sobre um assassino que consegue escapar da lei.

Quem assassinou PC Farias?

O secretário de justiça e o delegado local declararam no mesmo dia que havia ocorrido um crime passional: um assassinato seguido de um suicídio. Suzana matou PC e depois tirou a própria vida.

Os investigadores afirmaram que o motivo seria ciúmes de Suzana, devido ao fato de PC estar determinado a romper o namoro. No mesmo dia, o irmão de PC, Augusto Farias, disse que estava satisfeito com as conclusões.

Documentos mostram que Suzana tinha comprado a arma do crime e praticado tiro dias antes do crime. Segundo o testemunho de um dos seguranças, Suzana e PC foram vistos brigando aos gritos na varanda da casa naquela madrugada.

Porém, mesmo com esses fatos, a família de Paulo César Farias ainda desconfiava de uma possível farsa, apenas Augusto Farias não via problemas na versão oficial. 

Ao longo daquele ano, muitas publicações de jornais e revistas contestavam a versão oficial, apontando controvérsias no laudo preliminar.

O clima de desconfiança logo contaminou a população brasileira, que pedia por novas investigações. Legistas e peritos começaram a reunir-se em todo o país para, de forma independente, coletar provas e apontar as contradições da investigação oficial.

Foi quando surgiu outra teoria sobre as mortes em Guaxuma.

Descoberta de farsas

Em abril de 1997, 10 meses depois da tragédia na casa de Guaxuma, o clamor popular por uma nova investigação recaiu sob o nome de George Sanguinetti. O legista, professor de medicina legal da Universidade de Alagoas, apresentou um dossiê no qual contestava o laudo oficial emitido por Badan Palhares.

Depois que Sanguinetti apresentou seu laudo, o Ministério Público reabriu as investigações. A polícia exumou os corpos e analisou as provas novamente, descobrindo as seguintes inconsistências do laudo oficial:

  • o tamanho de Suzana estava registrado com um erro de 10 cm, o que muda o cálculo da trajetória de tiro e, consequentemente, tornava impossível os fatos narrados na versão oficial;
  • a altura de Suzana indicava que ela estava em outra posição no momento de sua morte, uma posição de defesa;
  • a exumação dos corpos indicou que a mão de Suzana não tinha elementos químicos que ficam nas mãos de quem atira;
  • não havia vestígios de sangue ou impressões digitais no revólver.

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