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Quem foi Ludwig van Beethoven? A história e o exemplo do compositor surdo

Pianista, regente e compositor alemão. Ludwig van Beethoven tem uma história de vida impressionante pela perseverança nas dificuldades.

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
31/8/2021 15:44

“Ter carregado o caixão de Beethoven.” Esta foi a resposta de Franz Schubert, renomado compositor austríaco, ao lhe perguntarem qual havia sido sua maior realização musical. Após a Nona Sinfonia de Beethoven, muitos sequer ousaram compor novas sinfonias.

Buscar conhecer quem foi Beethoven é fazer uma descoberta. Para muitos, sua vida foi mais que a biografia de um compositor. Sua história é repleta de não poucas perdas dolorosas. Mas entre as tragédias em sua vida e a surdez, triunfou o amor à música.

Beethoven compunha música erudita – significa “ex rude” -, cuja finalidade é desembrutecer o ser humano. Enriquecê-lo interiormente. Era sua intenção que as pessoas ouvissem e compreendessem algo na própria alma, percebendo sentimentos universais.  

Aprenda muito mais sobre história da música com o professor e pianista, Álvaro Siviero. Ele foi o primeiro brasileiro convidado a participar da imersão na obra de Beethoven na Casa Orfeo-Fondazione Wilhelm Kempff, em Positano. Premiado internacionalmente, também realizou um recital particular para o Papa Bento XVI. O curso de música é gratuito!

O que você vai encontrar neste artigo?

O contexto do Classicismo e do Romantismo na música

A vida de Beethoven é também a expressão dos movimentos artísticos nos quais ele estava inserido. É preciso entendê-los para conseguir perceber a intensidade de sua biografia e composições.

Período do classicismo

Antes do classicismo havia o barroco, repleto de exageros, de ornamentos, de excessos. Para alguns artistas, essas características estavam unidas ao risco de retirar a atenção do ouvinte. Ele poderia não perceber a principal mensagem transmitida pela melodia.

O classicismo buscou uma linha melódica de simplicidade. Esta é a principal característica do movimento classicista, do qual Beethoven também fez parte. Buscava-se fazer isso de maneira agradável e positiva.

Na sequência, outro movimento contribuiu para a história da música, exaltando um elemento diferente.

O Romantismo e os sentimentos

A música possui três elementos principais: melodia, harmonia e ritmo. Os românticos, concentraram-se em provocar alterações no ritmo.

Os classicistas alteraram a melodia, mantendo o ritmo sempre o mesmo, contínuo e repetitivo. Esta característica não teve destaque no romantismo.

O maior espaço foi dado às emoções. O compositor diz ao seu ouvinte como ele se sente. Em suas músicas ele transmite paixões, raivas, ressentimentos, alegrias e, inclusive, mutações de sentimentos.

Ludwig van Beethoven destacou-se nesta vertente.

Quem foi Beethoven?

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Ilustração de Beethoven compondo diante de um piano.

Ludwig van Beethoven foi um pianista, regente e compositor alemão. Apesar da formação em filosofia, destacou-se como um gênio da música. Desde cedo, ele foi educado para ser um novo Mozart.

Beethoven partiu do clássico. Entretanto, sua maior contribuição foi principiar o movimento romântico na história da música.

Ao longo de sua vida, produziu mais de 200 obras entre sonatas, sinfonias, concertos e quartetos para cordas. A única ópera que produziu chama-se Fidélio.

Aos 26 anos de idade, Beethoven já apresentava problemas no sentido mais caro a um compositor: a audição. Aos 48, ele estava completamente surdo.

Suas obras comunicam ideias e sentimentos. Ele compreendeu as características românticas. De uma forma única, sua música tornou-se a representação das paixões por meio dos sons.

Beethoven, já sem ouvir o que compunha, foi pioneiro aumentando o número de músicos em uma orquestra. Sua última sinfonia também empregou algo nunca antes visto: a presença de um coro.

Álvaro Siviero é especialista em Beethoven e um dos professores que integra o Núcleo de Formação da Brasil Paralelo. Para aprender a história da música com ele, basta querer. As 5 aulas de música estão disponíveis.

Biografia de Ludwig van Beethoven

Sua vida foi conturbada. Ao ler sua história, percebe-se um homem cercado de tristezas e dificuldades. Por isso mesmo, sua biografia é um exemplo para muitas pessoas. Apesar de tudo, ele continuou seu trabalho.

As tragédias de sua infância e adolescência

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Retrato pintado de Ludwig van Beethoven em sua infância.

A história de Ludwig van Beethoven começa em 17 de dezembro de 1770 em Bonn, Alemanha. Neste dia ele foi batizado, mas presume-se que ele tenha nascido no dia 16 de dezembro, porque era costume batizar no dia seguinte ao do nascimento.

  • Em 16 de dezembro de 2020, data de publicação deste artigo, seus 250 anos são celebrados. No Especial de Natal da Brasil Paralelo, Beethoven foi homenageado e o pianista Álvaro Siviero representou algumas de suas principais composições.

Sua mãe, Maria Magdalena Keverich, era viúva de outro casamento e havia perdido seu primeiro filho ainda bebê. Depois, formou uma família com Johann van Beethoven.

Mais uma vez, seu primogênito morreu ainda bebê. O segundo filho foi Beethoven, que recebeu o mesmo nome de seu falecido irmão mais velho: Ludwig.

O terceiro e o quarto filhos sobreviveram, mas o quinto e o sexto não. Maria foi a sétima filha, irmã adorada de Beethoven. Morreu com um ano e meio de idade. Antes que morresse, porém, eles já haviam perdido a mãe, vítima da tuberculose.

Seu pai havia se tornado um alcoólatra descontrolado. Quando seu avô paterno faleceu, Beethoven precisou pedir que as rendas da herança não fossem dados ao seu pai, mas sim a ele, para servir de renda aos irmãos menores que estavam sob seus cuidados.

Aos 16 anos de idade, ele era órfão de mãe, havia perdido 4 irmãos, cuidava de dois e lidava com um pai refém da bebida.

Trajetória na música

Lodewijk van Beethoven, seu avô, foi pianista e regente. Ocupava um cargo prestigiado na época: maestro da capela do Príncipe-Bispo Clemente Augusto de Wittelsbach, na cidade de Colônia.

Seu pai também era músico e o fez estudar desde cedo. O primeiro instrumento que estudou foi a viola, um violino um pouquinho maior. Depois, já com 5 anos, dedicou-se também ao cravo.

A grande diferença entre o cravo e o piano é que, no piano, há martelos que batem nas cordas e, no cravo, há pinças que pinçam as cordas.

Sua educação musical foi muito difícil. Seu pai era muito exigente e aplicava lições por muitas horas, queria que Beethoven fosse um novo Mozart.  

  • Aos 7 anos, participou de um recital na Academia de Sternengass.
  • Aos 8, teve aulas com Christian Neefe, que lhe deu uma profunda formação musical.
  • Aos 11, já havia se tornado o organista-suplente da corte. Teve diversos professores, estudou Bach, aprendeu a tocar órgão e piano e aprendeu composições e teoria musical.
  • Aos 13 anos, era o solista de cravo da corte de Bonn. Teve a proteção do Príncipe Max Franz. Este era o governante dos trezentos pequenos Estados do Império Alemão.

Data desta época a publicação de sua primeira obra: Nove Variações para Piano sobre Marcha de Ernest Christoph Dressler. No ano seguinte, com 14 anos, publicou Três Sonatinas para Piano.

Em 1787, Beethoven foi recebido por Mozart, que viu nele um enorme potencial.

Após a morte de seu pai, Beethoven teve que deixar a escola para ajudar no sustento da casa. Para isso, dava aulas de piano e tocava na corte. Mais tarde, receberia a proteção de um conde que lhe encomendaria várias obras, Waldstein.

Por causa de seu benfeitor, Beethoven compôs uma belíssima sonata para piano e lhe deu o nome de Waldstein.

Mas o jovem Beethoven não ficou muito tempo em sua cidade natal. Aos 21 anos, mudou-se para o maior centro musical da época, Viena, onde procurou os contatos indicados pelo conde. Ele triunfou na cidade.

Beethoven fez do sofrimento e da amargura de sua vida uma explosão. Sua música  foi uma maneira de contestação e de eclosão para o mundo inteiro. Ele quis comunicar que as pessoas não podiam ficar paradas, que deveriam fazer algo.

Para Álvaro, Beethoven poderia pensar que sua vida não poderia ir avante.

“Eu acho que ele pensou naquela frase: ‘Eu reclamava que não tinha sapatos até que eu me encontrei com uma pessoa que não tinha os pés.”

Beethoven soube fazer algo a partir de sua realidade, difícil que fosse. Conseguiu.

Outro grande desafio que Beethoven precisou vencer foi o de sua frágil saúde.  

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