Em 17 de março de 2009, morria Clodovil Hernandes. Não teve filhos, nem nomeou herdeiros para sua herança. O Brasil ficou de luto quando uma das figuras públicas mais queridas do país faleceu de forma repentina.
Mas pessoas próximas ao deputado e estilista não ficaram apenas de luto, ficaram indignadas. Em um programa que não tinha cunho investigativo, mas falava apenas sobre moda, um amigo íntimo de Clodovil disse:
“Você sabe de quem era esse projeto [para redução do número de deputados]? Do Clodovil, e por isso ele foi assassinado”.
Essa foi a fala de Ronaldo Ésper, na Record TV, logo após a morte do amigo. Ronaldo e outros funcionários da casa de Clodovil emitiram ainda outras declarações fortes. Eles apontaram inconsistências nas investigações e expuseram brigas nos bastidores políticos que, segundo eles, levaram ao assassinato de Clodovil Hernandes.
O laudo técnico do Hospital Santa Lúcia, de Brasília, do dia 17/03/2009, indicou que a causa da morte de Clodovil foi um acidente vascular cerebral (AVC). Contudo, a versão oficial foi posta em dúvidas pela funcionária e um amigo próximo do artista.
As 2 versões da história possuem seus argumentos, os quais serão agora apresentados:
Clodovil Hernandes foi diagnosticado em 2005 com um tumor maligno na próstata. Ele retirou o tumor em uma cirurgia e não precisou fazer tratamentos complementares.
Em junho de 2007, Clodovil havia sofrido seu primeiro AVC. Ele estava em Brasília quando sentiu uma dormência no lado direito do corpo e dificuldade em mexer as mãos. Voltou para São Paulo, onde ficou internado no Hospital Sírio-Libanês. O derrame foi uma decorrência, de acordo com os médicos, de um quadro de hipertensão arterial sistêmica.
Em agosto de 2008, passou por mais uma cirurgia devido aos problemas na próstata. Após a cirurgia, durante a recuperação, o estilista e deputado sofreu uma embolia pulmonar. Em 2009, o segundo AVC teria ocorrido, mas dessa vez fatal.
Um dos biógrafos de Clodovil afirma, em entrevista, que o deputado estava sofrendo pressões e sendo ameaçado devido às suas posições políticas.
Pessoas próximas, ligadas a Clodovil, dizem que quatro dias antes de morrer ele havia descoberto que seus funcionários estavam desviando dinheiro de seu gabinete.
O fato teria deixado o parlamentar muito abalado e pode ter contribuído para o aumento da pressão arterial e, em consequência, ter causado o AVC.
A cozinheira foi uma das últimas pessoas a falar com Clodovil. A última conversa que tiveram foi no domingo, onde decidiram qual seria o cardápio do jantar a ser realizado na terça para o então presidente da Câmara, Michel Temer. O prato principal seria vitelo e a sobremesa marrom glacê.
Na manhã seguinte, por volta das 7h da manhã do dia 17 de março de 2009, o marido da cozinheira, que também era funcionário da casa, entrou no quarto de Clodovil para levar a cachorrinha Castanhola para tomar um remédio. Quando abriu a porta, viu a cena: Clodovil estava caído no chão, nu, com uma marca na testa, vomitado e desacordado.
Para Renata, a queda não seria o suficiente para causar a marca na testa e os sangramentos. A cama não era alta, nem o tapete onde Clodovil caiu era muito espesso.
A cozinheira afirma ter visto uma pessoa saindo do quarto de Clodovil às 4h da manhã, afirmando que há chances de essa pessoa ter sido a responsável pelos ferimentos do estilista.
A cozinheira diz ainda que o motivo que poderia ter levado ao assassinato de Clodovil foi a corrupção do gabinete do deputado. Renata afirmou que Clodovil descobriu desvios de verba milionária dos assessores de seu gabinete.
Ela afirma que Clodovil pretendia demitir todos e denunciar o esquema no dia seguinte ao de sua morte, já que o dia 17 era um domingo.
A funcionária tirou fotos do local um dia após a morte do patrão, mostrando bagunças anormais e manchas de sangue no quarto. As fotos podem ser vistas no vídeo do Investigação Paralela.
A funcionária disse que a polícia não investigou o local da morte e também não deram respostas sobre os ferimentos.
Outra pessoa próxima de Clodovil, que afirma que ele foi assassinado, foi o também estilista, Ronaldo Ésper. Em uma das exibições do programa “Hoje em Dia” na Record, Ésper interrompeu os outros participantes dizendo que precisava comentar uma das notícias apresentadas mais cedo no programa.
O estilista queria comentar sobre o projeto de redução do número de deputados no Congresso Federal. Ésper questionou o apresentador do programa: “Você sabe de quem foi esse projeto?” Com a resposta negativa, o estilista respondeu que era de Clodovil, o deputado federal mais votado do Brasil em 2006 e que foi por causa desse projeto que seu amigo acabou sendo assassinado.
Quando começou a explicar a sua posição, Ticiane Pinheiro mudou de assunto e seguiu com o programa. Após a polêmica, jornalistas entraram em contato com o estilista, que explicou o que disse ao vivo no programa.
Ésper afirmou que Clodovil era muito inteligente, que os outros deputados não estavam aceitando “uma bicha inteligente” e que seu projeto para redução do número de congressistas estava incomodando muita gente, e por isso resolveram assassinar Clodovil e enterrar o projeto.
Ésper afirmou:
“Um derrame cerebral sai sangue, mas não afunda o crânio. A cena do crime foi toda modificada, a empregada sabe, todo mundo sabe. Onde está o dinheiro do Clodovil? A empregada do Clodovil é testemunha que o corpo foi removido e trazido de volta, que o boletim de ocorrência tinha sumido”.
Há várias versões para a morte do Clodovil. Eu aceito a versão de um garoto de programa que foi usado por um político para matar ele”.
Ronaldo Ésper disse que estava sofrendo ameaças por ter comentado sobre o possível assassinato, ameaças inclusive da própria advogada de Clodovil.
Em outra oportunidade, o estilista afirma ter recebido uma ligação que o fez temer por sua vida. Ronaldo Ésper já havia anunciado em seu canal no YouTube que faria uma participação especial em um filme sobre a morte de Clodovil, mas em uma live no dia 22 de maio revelou que recebeu um telefone que o fez desistir do projeto.
“Recebi o telefonema de uma pessoa, e é um negócio perigoso. (...) Não vou, não. Aí tem máfia. A máfia do mal”.
Carlos Minuano, autor de uma biografia sobre Clodovil, afirmou no programa The Noite que foi ameaçado ao pesquisar sobre a tese do assassinato de Clodovil. O autor chegou a dizer que teme pela sua vida.
Clodovil não teve filhos, nem nomeou herdeiros para sua herança. Em seu testamento, o estilista, apresentador e deputado federal propôs a criação da Fundação Isabel Hernandez, em homenagem a sua mãe, que teria como sede a mansão de Clodovil em Ubatuba.
Dentro da casa, haveria um orfanato que abrigaria apenas meninas, onde elas receberiam comida, abrigo e seriam capacitadas para o mercado de trabalho. Mas por dificuldades financeiras e judiciais, o sonho de Clodovil não foi realizado.
O processo de inventário continua em andamento devido a alegação de um dos funcionários da casa, que afirma que tinha uma união estável com Clodovil.
Construído em um local privilegiado em cima de um morro, o imóvel de quase 5 mil metros quadrados era exótico como seu dono. 12 banheiros, piscina, hidromassagem, sauna, lago, capela, além de um vaso sanitário ao ar livre com vista para o mar e passagens secretas.
Palco de festas requintadas, doze anos depois da morte de Clodovil, a mansão se encontra abandonada e tomada pelo matagal.
Clodovil chegou a viver no local com seis empregados: um mordomo, uma arrumadeira, dois jardineiros, um segurança e uma pessoa que cuidava dos catorze cachorros da raça pug.
Após a morte de Clodovil, a mansão nunca mais foi habitada. As deteriorações e infiltrações afastaram possíveis interessados. Estimado em 1,5 milhão de reais, o imóvel já desvalorizou mais de 40%.
Não houve compradores nos dois primeiros leilões, e em 2019 a casa foi arrematada por 750 mil reais, mas o comprador desistiu e pediu na justiça o dinheiro de volta.
A advogada de Clodovil, Maria Hebe Queiroz, comentou sobre o seu testamento e sua intenção de criar a Casa Clô. Em entrevista, a advogada disse que Clodovil não deixou nenhum bem e passava por dificuldades financeiras.
Seu salário era reduzido pela metade em função de pagamentos de empréstimo consignado em folha e que, após feitos os cálculos, ele havia deixado mais dívidas do que bens. Maria Hebe disse:
“Ele não tinha nada. O Clodovil gastava muito, ele dizia que não tinha juízo. Ele sempre foi descontrolado. (...) Se ele não tivesse ficado doente, talvez já tivesse criado a instituição”.
A advogada afirmou que conhecia Clodovil desde 2004 e que ele não tinha contato com nenhum parente.
Em 27 de março de 2009, dez dias depois da sua morte, três de seus projetos foram aprovados na Comissão de Constituição e Justiça em sua homenagem:
Clodovil nasceu em Catanduva, São Paulo, no dia 17 de junho de 1937. Ainda criança, Clodovil despertou seu interesse pela moda. Na loja de tecidos do pai, dava dicas e sugestões para sua mãe, tias e primas, e logo começou a se maravilhar com as possibilidades que enxergava.
No último ano da escola, percebendo o grande interesse que Clodovil tinha por roupas, uma colega perguntou se ele desenhava vestidos. O jovem nunca havia pensado na possibilidade, e nem sabia que desenhar vestidos era uma profissão.
Em seu caderno de aula, começou então a desenhar modelos, criando 11 vestidos diferentes. Dos 11 desenhos, Clodovil vendeu 6 para uma loja de vestidos no centro de São Paulo. Nesse negócio, ganhou mais dinheiro do que recebia de mesada de seu pai. O jovem logo ganharia o apelido na escola de “Jacques Fath”, um famoso costureiro francês da época.
Percebendo que sua vocação havia sido descoberta, Clodovil larga os estudos e abre o seu próprio ateliê.
Nos anos 60, ganha alguns prêmios importantes da moda brasileira e se destaca no gosto das celebridades, artistas e das famílias da elite da época. A moda brasileira ainda engatinhava quando Clodovil fazia seu nome na alta costura.
Fez carreira como apresentador de tele programas nas principais emissoras do Brasil, como a Rede Globo, Bandeirantes, RedeTV e Jovem Pan. Ficou conhecido por sua personalidade forte e conflitos com artistas famosos.
Clodovil participou de 2 partidos em sua carreira política: primeiro no Partido Agir, depois no Partido Liberal (PL), anteriormente conhecido como Partido da República. O estilista tinha convicções muito fortes e queria que elas fossem aplicadas na política nacional para o bem do Brasil.
As principais posições políticas de Clodovil eram:
Clodovil foi o primeiro deputado assumidamente homossexual a ser eleito no Brasil. Fez leis para defender os direitos de patrimônio dos homossexuais brasileiros. Clodovil acreditava que o movimento LGBT exagerava nas suas reivindicações, desejando mais aparecer do que viver uma vida pacífica.
Em uma de suas falas sobre o assunto, o artista disse:
“O que é realmente certo diante do poder superior, que a gente chama de Deus, é o homem e a mulher porque eles geram uma outra alma que vem ao mundo”.
Clodovil Hernandes viveu uma vida animada pelo Brasil e o mundo. Trabalhou com grandes nomes da moda mundial e foi representante do povo no parlamento brasileiro. Era uma celebridade no país, deixando o Brasil em clima de luto no dia 17 de março de 2009.
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