Conheça o sequestro de Abílio Diniz, o empresário torturado por guerrilheiros comunistas
Conheça o emblemático sequestro de Abílio Diniz, em 1989. Um empresário de sucesso que foi torturado por guerrilheiros comunistas profissionais, marcando a história do Brasil.
Abílio Diniz é o empresário responsável pelo crescimento de importantes empresas brasileiras:Pão de Açúcar, Extra e Ponto Frio. Abílio tinha uma vida animada, era esportista, lutador e havia recebido treinamento de tiro com especialistas israelenses.
A década de 80 foi uma das melhores épocas dos negócios de Abílio. O Pão de Açúcar estava em grande expansão pela capital São Paulo e pelo país. Contudo, também era o período de desenvolvimento das guerrilhas latino-americanas e da expansão da prática de sequestros no Brasil, que aconteciam com frequência nas décadas de 80 e 90.
O empresário se recusava a andar com seguranças profissionais, pois acreditava que conseguiria se defender sozinho da violência que assolava o país, até que aconteceu a tragédia: o sequestro de Abílio Diniz por guerrilheiros comunistas.
As investigações do sequestro de Abílio ainda tiveram uma reviravolta nacional: a descoberta de provas que possivelmente incriminavam o Partido dos Trabalhadores (PT).
O carro de Abílio foi cercado por guerrilheiros profissionais perto de sua casa. Ele tentou resistir, mas os criminosos estavam em grande número e conseguiram rendê-lo, levando-o para uma estrutura profissional de tortura e isolamento.
O empresário foi entrevistado pelo Flow Podcast e contou sua perspectiva do caso.
A ação começou em uma manhã de 11 de dezembro de 1989, uma segunda-feira. Abílio dos Santos Diniz começava mais uma semana de trabalho. Apesar da fortuna e dos luxos de que Abílio desfrutava, o empresário não se utilizava de motorista particular.
A poucos metros de sua casa, uma Chevrolet Caravan disfarçada de ambulância bloqueia o seu caminho na esquina das ruas Sabugi com Seridó, no bairro Jardim Europa, na capital paulista.
Carro disfarçado de ambulância, utilizado pelos guerrilheiros.
Estranhando a situação, Abílio sacou seu revólver e abriu parcialmente a porta, mirando contra a ambulância. Foi quando sentiu um baque. Seu carro foi atingido atrás por um Opala, dirigido por uma jovem.
No instante seguinte, um homem vestido de policial atingiu Abílio na cabeça com uma coronhada de revólver. Do outro lado do carro, outro homem abriu a porta e arrancou a arma que o empresário segurava.
Apesar da resistência, o empresário foi carregado para dentro da falsa ambulância, onde suas mãos e pés foram amarrados com arame, e um capuz foi colocado em sua cabeça.
Não houve comunicação alguma entre os sequestradores e Abílio durante todo o trajeto. Depois de um tempo cruzando a cidade, o empresário foi transportado para outro carro de quatro portas, onde ficou acomodado sobre o colo de três homens que sentavam no banco de trás.
Novamente trocaram de veículo, dessa vez uma Kombi, que levou todos até o destino final.
Chegando no local do cativeiro, uma casa localizada na Praça Hashiro Miyazaki, no bairro do Jabaquara, zona sul de São Paulo, Abílio foi levado para o subsolo. Tiraram sua roupa e lhe deram uma calça de abrigo para vestir.
Quando retiraram seu capuz, o empresário estava em um cubículo recém-construído. Dentro havia um colchonete, um vaso sanitário, uma porta, um alto falante e um tubo por onde circulava o ar.
Pouco tempo depois, Abílio recebeu um papel contendo instruções e regras dos sequestradores. Segundo as normas, ele deveria ficar de frente para a parede sempre que alguém batesse na porta, e toda comunicação entre ele e os sequestradores deveria ser feita por bilhetes.
Deixaram claro para o empresário que ele não tentasse resistir, já que tinham o controle da situação. Abílio respondeu:
“Não vou criar problemas. Vocês venceram e sei quando estou derrotado. Vamos procurar atingir os objetivos pelo caminho mais rápido, no interesse de vocês e no meu”.
Através da troca de bilhetes, Abílio indicava os melhores caminhos para iniciar as negociações com a sua família. Os sequestradores questionaram o quanto o empresário achava que valia a sua vida.
Abílio tinha conhecimento técnico de mercado e argumentava sobre seu patrimônio, disponibilidade de caixa e a cotação do dólar. Após alguns dias com a vítima em suas mãos, os sequestradores pediram de resgate a quantia de 30 milhões de dólares.