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Música Clássica Brasileira – 16 grandes compositores e suas obras

A música clássica brasileira, ou música erudita, é reconhecida nacional e internacionalmente e conta com grandes nomes e obras marcantes.

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
2/9/2021 16:20

Engana-se quem pensa que o Brasil ofereceu ao mundo apenas MPB, Samba e Bossa Nova. Já são ao menos 4 séculos de produção artística. Desde a colonização, o número de compositores de música clássica brasileira apenas aumentou. Internacionalmente, os brasileiros já faziam sucesso no mundo dos concertos há muito tempo.

Aprenda muito mais sobre música no documentário A Primeira Arte, disponível gratuitamente. Esse documentário está entre os mais belos já produzidos e levou muitas pessoas às lágrimas.

O que você vai encontrar neste artigo?

O que é a música erudita brasileira?

A música erudita surgiu no ambiente eclesiástico europeu a partir do século X. Distingue-se da música do povo, folclórica, surgida do cotidiano da vida de uma cultura. No Brasil, foi trazida principalmente pelos jesuítas, que consideravam a educação musical um componente importante da formação humana.

Ao falar-se em música clássica ou erudita, ou ainda em música de concerto, tem-se por referências à sinfonias, concertos, sonatas, óperas, cantatas, balés, noturnos, corais e demais variações.

São músicas que venceram o tempo pela qualidade que apresentaram. Tornaram-se clássicas por serem permanentes na história, tamanho o impacto que geraram.

Já temos um artigo com o resumo da história da música onde esses detalhes são abordados com exemplos.

Quando a música clássica chegou ao Brasil?

A música clássica brasileira existe desde o Período Colonial. Inicialmente, nasceu vinculada à Igreja Católica e à catequese. Com o tempo, o movimento foi crescendo à medida que surgiram manuscritos e construíam-se espaços para concertos, além do surgimento das irmandades musicais, formadas por leigos, comuns nas províncias das Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Pernambuco.

Foram os jesuítas a popularizarem o ensino da música, utilizada para contribuir na catequização dos índios nos dois primeiros séculos da colonização brasileira. Foram eles também os autores da popularização do teatro musical.

No tempo colonial, a música clássica brasileira era predominantemente sacra, composta pelos mestres-de-capela nas sedes dos Bispados.

Na época, era comum o gosto pela ópera-bufa, um tipo de ópera cômica italiana. Fundaram-se casas de ópera no Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife, Belém, Cuiabá, Porto Alegre, Campos dos Goytacazes e outras cidades.

O principal repertório consistia nas óperas do escritor e dramaturgo luso-brasileiro Antônio José da Silva, conhecido como O Judeu.

Outro compositor brasileiro, anterior ao chamado barroco mineiro, foi Luís Álvares Pinto. Nasceu em Pernambuco a 1719. Foi teórico musical, mestre de capela e compositor. Pela FUNARTE, o padre Jaime Diniz poucos registros encontrou, apenas a partitura Te Deum Laudamus e um Salve Regina.

Na segunda metade do século XVIII, a música clássica brasileira religiosa foi extremamente popular. Em Diamantina, por exemplo, havia muitas confrarias de homens pardos com instrumentistas, compositores, maestros, copistas, cantores e construtores de instrumentos.

Todavia, deu-se o desenvolvimento maior em 1808, com a chegada da Família Real. A partir de então, a música erudita brasileira foi grandemente impulsionada.

D. João VI acelerou o desenvolvimento artístico e intelectual no Brasil. Foi neste período que o padre José Maurício Nunes Garcia se destacou como o primeiro grande compositor brasileiro, conforme ainda será explicado.

Aqui você entenderá como foi a vinda da Família Real para o Brasil e quais foram as estratégias impressionantes de D. João VI.

Qual o nome do primeiro grande músico da história da música erudita brasileira?

Régis Duprat, musicólogo brasileiro, foi quem descobriu na Bahia um Recitativo e ária datado de 1759, do período áureo do barroco europeu. Trata-se do documento musical mais antigo já encontrado, uma obra setecentista com texto em vernáculo.

Infelizmente o nome do autor é desconhecido.

Na sequência, um dos primeiros grandes músicos da história da música erudita brasileira foi Ignácio Parreiras Neves, nascido em Ouro Preto a 1730. Ele foi compositor, cantor e regente.

Trabalhou para o Senado e para as irmandades de São José dos Homens Pardos e de Nossa Senhora das Mercês. Quase tudo o que produziu foi perdido. De suas obras, restaram Credo,Ladainha e Oratória ao Menino Deus para a Noite de Natal, de 1789.

Posteriormente, a primeira figura a ser mencionada, na tendência nacionalista da música brasileira, é a do compositor e diplomata Brasílio Itiberê da Cunha. Com a obra, A sertaneja (1866-1869), uma rapsódia para piano, ele anunciou o período do nacionalismo musical.

Apesar de no século XVIII achar-se algumas composições perdidas e alguns compositores desconhecidos, muitos outros se tornaram nacional e internacionalmente conhecidos, como se verá.

Principais compositores brasileiros da música erudita

Alguns dos principais compositores brasileiros de música clássica são:

  1. Padre José Maurício Nunes Garcia;
  2. D. Pedro I;
  3. Carlos Gomes;
  4. Henrique Oswald;
  5. Alberto Nepomuceno;
  6. Heitor Villa-Lobos;
  7. Mozart Camargo Guarnieri;
  8. César Guerra Peixe.

Padre José Maurício Nunes Garcia

José Maurício Nunes Garcia (1767-1830) foi padre, multi-instrumentista, maestro e compositor. É considerado um dos precursores da música clássica brasileira. Nasceu no Rio de Janeiro e era descendente de escravos. Em vida, foi mundialmente aclamado.

Assinou mais de 400 obras, compostas em grande parte do gênero sacro, como missas, motetos e vésperas. Porém, também compôs modinhas, estilo musical que transitava entre o clássico e o popular.

Uma das mais conhecidas são a Missa em mi bemol (1811), o Requiem (1816), as Matinas de Finados e as missas de Santa Cecília e Nossa Senhora do Carmo.

No Brasil Colônia, tornou-se o primeiro mestre de capela da Catedral do Rio de Janeiro, designação esta de compositores da Corte Portuguesa. Esse feito só foi possível porque Nunes surpreendeu D. João com seu talento.

Sigismund Neukomm, um importante compositor austríaco que esteve no Brasil, escreveu um artigo para o jornal da música de Leipzig onde apontou José Maurício como “o maior improvisador ao cravo do mundo”.

Abaixo, um Laudate Dominum de sua autoria:

D. Pedro I

O próprio Imperador do Brasil foi compositor de música erudita. D. Pedro I (1798-1834) foi um excelente músico. Tocava cravo, clarineta, fagote e violoncelo. Muitas vezes tocou clarineta na orquestra de negros de São Gonçalo onde havia um conservatório para escravos e alforriados.

D. Pedro I compunha em um estilo que recordava tanto Rossini quanto Mozart. Como por exemplo, este Credo de sua autoria para orquestra, coro e 3 solistas vocais:

Carlos Gomes

Antônio Carlos Gomes (1836-1896) foi o mais importante compositor de ópera brasileiro. Nasceu pobre em Campinas, filho de uma índia com um mulato.

Carlos Gomes teve aulas com Francisco Manuel da Silva, o compositor do Hino Nacional Brasileiro. E após escrever duas óperas com texto em português e ter bom êxito, atraiu a atenção do imperador. Foi escolhido por D. Pedro II por causa de seu talento musical.

A imperatriz defendia que Carlos Gomes deveria estudar na França. O imperador, por outro lado, preferia que fosse na Alemanha. De toda maneira, ele foi financiado.

Acabou preferindo a Itália, onde desenvolveu sua técnica. Sua primeira apresentação, chamada O Guarani, tornou o Brasil conhecido e participante da grande Cultura Ocidental. Ele mostrou ao mundo que seu país não era apenas uma grande selva.

A arte vanguardista de Carlos Gomes mostrou ao mundo que o Brasil também se destacava nas artes.

Ao retornar, apresentou aos brasileiros sua composição, O Guarani. A família real estava na plateia e foi muito aplaudido.

Ele é a grande figura do período romântico brasileiro, tornando-se símbolo da vida musical no Segundo Império também com as obras A Noite do Castelo (1861) e Joana de Flandres (1863).

Sucedendo o famosíssimo Verdi, Carlos Gomes foi um dos mais executados na Alla Scala de Milão, templo mundial da ópera. Figurou entre os compositores com o maior número de estreias nessa casa.

Curiosamente, toca-se ainda O Guarani na abertura do programa de rádio A Voz do Brasil:

Henrique Oswald

Henrique Oswald (1852-1931) foi educador, compositor, pianista e concertista brasileiro, adepto do romantismo. Dirigiu o Instituto Nacional de Música, hoje UFRJ. Foi contemporâneo de Carlos Gomes e, como ele, construiu uma sólida carreira na Europa.

Arthur Rubinstein, um dos grandes virtuoses do piano no século XX, apelidou Oswald de Gabriel Fauré Brasileiro.

Fauré foi um renomado compositor francês, razão por que ser a ele comparado foi um grande elogio.

As composições de Oswald remetem ao estilo neoclássico e suas obras mais conhecidas são Il Neige e Sonata em mi maior para violino e piano, Opus 36.

Longe de estar esquecido, em 2014, uma coletânea de seus concertos para piano entrou na lista de mais vendidos do gênero da BBC Music no Reino Unido.

Alberto Nepomuceno

Alberto Nepomuceno (1864-1920) foi um cearense que estudou na principal escola de música de Berlim, por admiração a Wagner. Buscou certo nacionalismo brasileiro. Sua maior dedicação voltou-se à música instrumental para orquestra.

Fez curso de composição e ao encerrar seus estudos “mit Auszeichnung” com distinção, regeu um concerto com a Filarmônica de Berlim com obras próprias.

Uma de suas principais obras se chama O Garatuja, poema sinfônico executado internacionalmente com grande sucesso.

Nepomuceno morou com Edward Grieg, o maior compositor da Escandinávia. Foi incentivado a imitar menos a Wagner e a compor suas obras com o que era mais característico do Brasil.

De fato, ele mudou o rumo de suas obras e passou a compor música clássica brasileira com elementos extraídos da música ouvida pelas ruas do Rio de Janeiro.

O que ele fez gerou escândalo, pois adicionou aos stradivárius das sinfônicas os atabaques, pandeiros e berimbaus. Para alguns, isso lhe concedeu o título de “pai da música nacional”.

Heitor Villa-Lobos

O dia 5 de março é o Dia Nacional da Música Clássica. Escolheu-se essa data por ser ela a data de nascimento de Villa-Lobos (1887-1959). Ele é considerado o grande nome da música clássica no Brasil e um dos maiores nomes das Américas.

Villa-Lobos foi quem mais universalizou a ideia de uma miscigenação sonora entre a música clássica brasileira e a europeia.

Ele abordou as culturas popular e folclórica brasileiras de forma crítica. Nada foi puro, nem a cultura brasileira, nem a europeia. Ele era nacionalista e trouxe as paisagens brasileiras para suas composições.

Sua mistura atingiu uma universalidade sem igual, fazendo dele o maior compositor brasileiro de música erudita, o mais executado no exterior.

Sua fama foi tal que ele chegou a afirmar:

“Hoje não sou apenas o maestro do Brasil. Com mais propriedade, direi que sou o maestro do mundo”.

Sua obra, Choros Nº10, é apontada internacionalmente como uma Sagração da Primavera brasileira. Ela apresenta as características da composição sinfônica contemporânea, do melodismo sentimental latino/português, os fonemas indígenas e uma infraestrutura rítmica afro-brasileira.

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Villa-Lobos era um chorão (músico de chorinho) e marcou a música popular no Brasil por causa do contraponto entre o violão e a música de bar, mesmo se dedicando à música instrumental para orquestra e para piano.

Também compôs óperas. É de sua autoria o método do Orfeão, específico para a educação musical no Brasil.

O que mais tornou Villa-Lobos emblemático foi a representação genuinamente brasileira que ele trouxe para suas composições, sobretudo com a presença do violão na orquestra. Ele equilibrava bem o sentimental e o técnico, conseguindo tocar o público.

Durante sua vida, compôs quase duas mil obras, dentre Bachianas Brasileiras, choros, concertos e obras para violão. Villa-Lobos morreu em 17 de novembro de 1959, também no Rio de Janeiro.

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Mozart brasileiro

Mozart Camargo Guarnieri (1907-1993) recebeu esse nome porque seus pais queriam homenagear o renomado Mozart, compositor austríaco. De fato, o garoto não frustrou as expectativas da família, que era de músicos.

Guarnieri demonstrou ter talento nato e liderou o nacionalismo modernista. Atuou ao lado de grandes nomes como o escritor Mário de Andrade e o compositor Villa-Lobos.

Inclusive, Villa-Lobos regeu a sinfonia de estreia, Curuçá, de Guarnieri. Isso aconteceu em 1931, na antiga Sociedade Sinfônica de São Paulo.

Uma de suas obras primas é a Dança Brasileira, frequentemente executada por algumas das principais orquestras do mundo, entre elas a Filarmônica de Nova York e a Orquestra Sinfônica Simón Bolívar da Venezuela.

César Guerra-Peixe

César Guerra-Peixe (1914-1993), nasceu em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Filho de imigrantes, foi compositor de música erudita brasileira, arranjador, violinista e professor. Integrou o movimento Música Viva, buscando implementar uma linguagem de música universal.

Aproximou-se também das vanguardas do serialismo, estabelecendo-se em 1950, mas também teve influência direta no modernismo brasileiro.

Estudou música dodecafônica na Suíça, mas voltou ao Brasil e dedicou-se à música folclórica. Sua música ganhou a influência dos ritmos nordestinos, como xangô, maracatu e frevo.

Assim, nasceu uma importante composição que marcou a fase nacionalista: Sinfonia Brasília.

Recebeu o Prêmio Shell e o Prêmio Nacional de Música do Ministério da Cultura.

Estes são apenas alguns compositores de música erudita brasileira, o que não significa que ainda não existam exemplos na contemporaneidade.

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