Biografia
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Maurício de Nassau - biografia e realizações do governador do Brasil holandês

Explore a trajetória de Maurício de Nassau, o líder que transformou o Brasil Holandês com suas estratégias militares e administrativas.

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
18/9/2024 17:48
Foto da Capa: pintura de Maurício de Nassau, por Jan de Baen.

Após mais de um século do descobrimento do Brasil pelos portugueses e após o rei da Espanha tornar-se também rei de Portugal, a Holanda decidiu ocupar o nordeste brasileiro. Entre os administradores dessa colônia destaca-se o Conde Maurício de Nassau.

João Maurício de Nassau, militar e aristocrata nascido na região da atual Alemanha, foi convidado a assumir o governo da colônia holandesa no Brasil por sua experiência militar e linhagem nobre.

Sob seu comando, houveram progressos econômicos e militares no nordeste brasileiro tais como:

  • Transformou a cidade de Recife na capital do Pernambuco;
  • Ordenou a construção de um palácio, um jardim botânico e um observatório astronômico visando o crescimento científico da colônia;
  • Ofereceu crédito e empréstimos para o restabelecimento dos engenhos e vendeu terras abandonadas pelos portugueses com o objetivo de aumentar a produção de açúcar;
  • Permitiu a liberdade de culto dentro da colônia holandesa, resultado de sua formação acadêmica em universidades do norte da Europa;
  • Expandiu o território da colônia holandesa no Brasil, anexando as regiões do Ceará, Sergipe e Paraíba.

A estadia de Maurício de Nassau no nordeste brasileiro deixou marcas na cultura e na arquitetura local. Neste artigo serão explorados alguns pontos sobre sua influência e administração enquanto governador do Brasil Holandês.

Para conhecer mais sobre a história do Brasil e entender os principais eventos que contribuíram para a consolidação da identidade brasileira, assista à série Brasil: a Última Cruzada, para um aprofundamento no tema.

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Resumo da vida de Maurício de Nassau

João Maurício de Nassau-Siegen, nascido em 17 de junho de 1604 em Dillenburg, então parte do Sacro Império Romano-Germânico, foi o primeiro filho do segundo casamento de João VII, conde de Nassau-Siegen, com Margarida de Schleswig-Holstein-Sonderburg.

Maurício foi o 13º de 25 filhos e recebeu uma educação voltada para sua posição na aristocracia.

Em seu livro, Nassau: O governador do Brasil holandês, o historiador Evaldo Cabral de Mello relata que, aos dez anos, Maurício de Nassau ingressou na Universidade da Basileia, conhecida desde os tempos de Erasmo de Roterdã.

Embora fosse um centro calvinista, a universidade também estava sob influência de Castellion, um dos principais opositores de João Calvino. Essa influência pode ser observada nas atitudes de tolerância religiosa adotadas por Maurício de Nassau no Brasil Holandês.

Evaldo Cabral relata que Nassau também estudou por seis meses em Genebra, onde o rigor calvinista era moderado pela influência do teólogo Théodore de Bèze.

Em 1616, passou a estudar no Collegium Mauritianum, fundado por Maurício de Hesse-Kassel, destinado a jovens da nobreza protestante. 

No Collegium, Maurício de Nassau estudou francês e italiano, que lhe seriam úteis para compreender o português, além de História, Música e Teologia, com influências do humanismo e do calvinismo. Em 1621, iniciou sua carreira militar a serviço dos Países Baixos.

A Carreira Militar de Maurício de Nassau

Incentivado por seu tio, Conde Willem Lodewijk Van Nassau-Dillenburg, Maurício de Nassau iniciou seu treinamento militar nos Países Baixos.

Durante sua carreira militar, obteve prestígio e patentes, participando de campanhas como a Guerra dos Oitenta Anos, entre os Países Baixos e a Espanha, e a Guerra dos Trinta Anos, entre católicos e protestantes.

Em 1632, destacou-se ao liderar com sucesso o cerco de Schenkenschans, reconquistando a cidade que estava sob controle espanhol.

Esse feito aumentou seu prestígio e, junto com sua educação aristocrática e parentesco nobre, levou ao convite da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais para administrar a colônia holandesa no Brasil, com o título de Governador e Comandante-Chefe.

Evaldo Cabral de Mello relata em seu livro O Brasil Holandês:

“Todos o desejavam nesse posto porque, prático na milícia europeia, sob o príncipe de Orange, reconquistara, com sua dedicação e diligência, o que antes dele ninguém conseguira, a praça de Schenken, a qual, situada no divórcio das águas do Reno, defende a Batávia. Gozava ele por isso o favor público dos holandeses, acrescendo a esses títulos o lustre de sua família, ligada pelo sangue aos imperadores [do Sacro Império Romano Germânico] e por matrimônios aos reis, além da autoridade, da galhardia, da lealdade, da boa fortuna e de outras muitas virtudes e honras. Tudo isso exigia que ele fosse arrastado sem detença ao comando supremo e não consultado em longas deliberações. “

A Presença Holandesa no Brasil

Para entender a presença holandesa no Brasil e como Maurício de Nassau se tornou governador da colônia no nordeste, é necessário considerar o contexto da União Ibérica, que facilitou a ocupação holandesa.

  • A União Ibérica foi o início de uma crise no Brasil colônia. Entenda como foi a Colonização do Brasil desde o descobrimento até a sua independência.

Em 1578, o rei de Portugal, Dom Sebastião, desapareceu em combate no norte da África, gerando uma crise sucessória que resultou na coroação do rei de Castela como rei de Portugal, unindo os dois tronos.

Embora a Holanda tivesse boas relações com Portugal, a situação era diferente com a Espanha, com quem os holandeses estavam em conflito há anos.

Com a unificação das coroas de Portugal e Espanha, os holandeses decidiram atacar o nordeste do Brasil, buscando controlar a produção de açúcar.

Com o objetivo de fortalecer economicamente a região, abalada pelo conflito entre portugueses e holandeses, Maurício de Nassau partiu do porto de Texel, na Holanda, em 25 de outubro de 1636, com destino ao Brasil.

A Vinda de Maurício de Nassau ao Brasil

Maurício de Nassau chegou a Pernambuco em 23 de janeiro de 1637, acompanhado por 2.700 soldados e funcionários da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais.

Além das forças militares e administrativas, ele trouxe artistas e cientistas com o objetivo de estudar as terras sob seu controle e retratar o Brasil de forma artística.

Ao chegar, organizou uma expedição militar para expulsar os luso-hispano-brasileiros das áreas ao sul do Rio São Francisco, alcançando sucesso nessa empreitada. Após consolidar sua posição militar, iniciou a organização de seu governo na colônia.

Adriaan Van Der Dussen, membro do conselho do Conde de Nassau, relata a estrutura do governo de Maurício de Nassau da seguinte maneira:

“O governo do Brasil compõe-se de três conselhos, a saber: o primeiro, o Alto e Secreto Conselho, do qual é presidente S. E. João Maurício, conde de Nassau, como governador, capitão e almirante geral do Brasil, e onde são tratados os assuntos referentes ao Estado, ao governo civil e à guerra. O segundo, o Conselho Político ou Conselho de Justiça. O terceiro, os Conselhos ou Câmaras de Escabinos, em suas respectivas jurisdições [...] Os Conselhos subalternos de justiça compõem-se de escabinos anualmente escolhidos de uma lista tríplice organizada pelos eleitores de cada jurisdição. S. E. e os Altos Conselheiros escolhem cinco, que prestam juramento e aos quais se ajunta um secretário [...] Em cada jurisdição, há também um escolteto que zela pelos direitos da Companhia, fazendo inquéritos a respeito de todos os abusos e com os demais encargos que lhes são atribuídos na pátria [...] Além das Câmaras de Escabinos, há ainda, em cada jurisdição, uma Curadoria de Órfãos, composta de dois portugueses e um holandês, e de um secretário”.

O governo de Maurício de Nassau

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