Fundada em 1998 e sediada em Berlim, esta organização intergovernamental congrega 35 nações membros e observadores de diversos continentes. Seu propósito primordial é fomentar a educação, a pesquisa e a preservação da memória do Holocausto – o genocídio perpetrado pelo regime nazista durante a Segunda Guerra Mundial, que vitimou cerca de seis milhões de judeus. Além disso, a entidade atua no combate ao antissemitismo e formas correlatas de discriminação.
O Brasil aderiu como observador em 2021, durante a administração de Jair Bolsonaro, o que implicava participação em plenárias e, após três anos, uma contribuição anual de 10 mil euros.
Motivos da saída
Quanto aos motivos da saída, o Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, não forneceu explicações oficiais detalhadas, mantendo uma postura reservada. Segundo o Estadão, fontes internas indicaram que a adesão em 2021 foi considerada inadequada e realizada sem debates internos amplos, alinhando-se a uma política externa anterior.
Um dia antes do Ministério das Relações Exteriores de Israel anunciar a saída do Brasil da Aliança, o governo brasileiro aderiu formalmente ao processo iniciado pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça, acusando Israel de genocídio em Gaza.
A reação de Israel sobre a saída do Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto foi veemente. O Ministério das Relações Exteriores israelense qualificou a medida como uma "falha moral profunda", argumentando que o Brasil abandona o consenso internacional contra o antissemitismo em um momento crítico, quando Israel defende sua existência contra ataques terroristas sistêmicos. A Organização dos Estados Americanos (OEA), por meio de seu comissário para o combate ao antissemitismo, também expressou críticas, alertando para o enfraquecimento global na luta contra o ódio.
O senador Carlos Viana, presidente do grupo parlamentar Brasil-Israel, afirmou que a ausência de posicionamento firme do governo Lula em relação a aliados do Hamas, como o Irã, representa uma exploração política que isola o Brasil internacionalmente. Outras vozes oposicionistas, como os deputados Gustavo Gayer e Mendonça Filho, classificaram a saída como um desrespeito à memória do Holocausto.
Para eles, a decisão está inserindo o país em uma narrativa potencialmente negacionista, o que transcende meras alterações administrativas e reflete escolhas ideológicas.