De um grupo de 12 pessoas, formado por ecologistas, hippies e jornalistas para uma das maiores corporações já existentes. A história do Greenpeace é permeada de escândalos ocultos. Atualmente, a ONG arrecada 1 bilhão de reais por ano e atua nas principais disputas políticas do mundo.
“Eu vi a organização que eu ajudei a criar se tornar uma força do mal. E, hoje, está ainda pior. O Greenpeace se tornou um esquema de corrupção.”
Patrick Moore, ex-presidente e cofundador do Greenpeace
Este é apenas um dos temas que o novo filme Cortina de Fumaça, da Brasil Paralelo, aborda.
Na série Face Oculta, um episódio é todo dedicado a investigar as principais polêmicas e episódios controversos do Greenpeace - toque aqui para saber mais.
O Greenpeace foi fundado a 1971, em Vancouver, no Canadá. A iniciativa partiu de 12 ativistas ambientais no porão de uma igreja, sendo formado por jornalistas, hippies e ecologistas.
O grupo surgiu a partir da primeira militância. Com o objetivo de impedir os testes nucleares dos EUA nas ilhas Amchitka, no Alaska, os 12 viajaram em um precário barco pesqueiro até a região.
A intenção desse grupo era salvaguardar o meio ambiente e lutar contra a guerra nuclear. Assim, surgiu o nome do grupo: green,para representar a luta pelo meio ambiente, e peace,a paz entre os homens.
Primeiros membros do Greenpeace.
Antes da viagem, 10 mil pessoas já haviam se reunido na fronteira do Canadá com os EUA a fim de impedir os testes nucleares.
O receio da população era de que a bomba gerasse um tsunami. Devido às falhas geográficas do local, a bomba poderia ocasionar o fenômeno, além de destruir grande parte da biodiversidade do local.
Entretanto, a manifestação não surtiu efeito e os EUA anunciaram outro teste no mesmo lugar com um poder de destruição 5 vezes maior.
Sabendo que outro protesto também não surtiria efeito, os 12 levantaram fundos através de um festival de rock elaborado por eles mesmos e partiram para o local, dispostos a entregar as próprias vidas pela causa.
Eles não conseguiram, porém, impedir a detonação. Logo no início da viagem, foram interceptados pela guarda costeira americana e não conseguiram chegar até o destino.
Contudo, após a grande repercussão do ato, os testes nucleares cessaram.
Após esta vitória, a vida dos 12 nunca mais foi a mesma.
Conquistas do grupo
Membros fundadores do Greenpeace em uma de suas ações.
Após sua primeira viagem, passaram a organizar protestos em outras frentes ambientais em diversas regiões do mundo. Grupos afiliados começaram a surgir em outros países e sua fama crescia a cada ano.
No ano de 1975, o Greenpeace elaborou a campanha que iria consolidá-los no cenário mundial.
Os ativistas decidem lutar contra a caça de baleias feita pelos japoneses e soviéticos no Oceano Pacífico.
Mais uma vez o grupo parte para a zona de conflito, dessa vez em pequenas embarcações (e em maior número).
Chegando no local, registram-se cenas históricas. Um pequeno grupo de jovens enfrentam barcos soviéticos gigantes que disparam arpões em sua direção. Eles gritam e se jogam na água, manobram os barcos para tentar ficar entre as armas e os animais, que fogem desesperados lutando para sobreviver.
Uma das primeiras ações do Greenpeace no mar.
O plano não funciona. Neste mesmo dia os navios pesqueiros carregam dezenas de baleias até os portos de seus países.
Porém, hoje se sabe que a caça de baleias estava já em declínio. Os mamíferos aquáticos eram caçados especialmente por causa do óleo que fornecia combustível para iluminação das cidades.
Com a descoberta e desenvolvimento do petróleo, uma tecnologia mais barata e eficiente, a caça às baleias se tornou desnecessária.
Contudo, como as pessoas não tinham essa informação, as imagens chocantes se espalharam pelo mundo transformando o grupo em uma esperança de salvação mundial.
A partir dessa data, o Greenpeace passou a receber quantias enormes de doações do mundo inteiro, tornando-se uma das maiores corporações existentes.
As principais conquistas iniciais do Greenpeace foram:
fim de testes nucleares dos EUA e da França;
proibição da caça de baleias em certas regiões;
proibição de despejo de lixo tóxico no oceano;
preservação de biodiversidade em algumas áreas pelo mundo.
Baleias sendo levadas por pescadores após ação do Greenpeace.
Degeneração
Após o início dos elevados ganhos de capital, o grupo mudou.
Patrick Moore foi presidente e um dos 12 fundadores do Greenpeace. Conta ele que a partir da metade dos anos 80, o foco se tornou outro. Sua entrevista pode ser conferida no documentário Cortina de Fumaça.
No início, todos eram voluntários. Com o crescimento, muitos passaram a se sustentar através do movimento ambientalista, recebendo elevado salário.
O ex-presidente da ONG explica que o que trouxe fama e influência ao Greenpeace foi o fato de serem contrários ao establishment. Era a época da contracultura, da expansão dos ideais revolucionários pelo mundo.
A partir do momento em que suas ideias passaram a ser aceitas pela maior parte da população, e seus objetivos foram atingidos, algo mudou. Para continuar gerando influência, era necessário levantar uma nova bandeira que fosse “do contra” em relação a algo estabelecido.
A expansão global e as grandes doações geraram a necessidade de um diretório internacional para continuar as atividades do movimento. Porém, Patrick era o único da direção que tinha educação formal em ciência ambiental.
Os demais membros não tinham conhecimento científico. Não sabiam o que realmente afetava a natureza, quais eram os principais problemas da fauna e da flora e não tinham condições de buscar soluções.
Na série Face Oculta, um episódio é todo dedicado a investigar as principais polêmicas e episódios controversos do Greenpeace - toque aqui para saber mais.
Patrick aponta os principais escândalos do grupo depois do início do processo de degeneração.