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Você sabe como o cinema chegou ao Brasil? Conheça a história do cinema brasileiro

História
Cinema
Brasil
História do cinema brasileiro
Redação Brasil Paralelo

O cinema surgiu oficialmente em 1895, com a invenção do aparelho chamado cinematógrafo, pelos irmãos Lumière. O aparelho propiciava a projeção de imagens animadas em uma tela ou parede.

Não demorou muito para que o invento chegasse ao Brasil. No dia 8 de julho de 1896, ocorreu a primeira sessão de cinema da história do país. Assim teve início a história do cinema brasileiro. E não parou por aí.

O que você vai encontrar neste artigo?

Onde e como surgiu o cinema brasileiro?

No dia 8 de julho de 1896, no Rio de Janeiro, na Rua do Ouvidor, ocorreu a primeira exibição de cinema da história do país. A exibição apresentou vários filmes curtos que retratavam o cotidiano da vida europeia. O evento foi patrocinado pelos irmãos italianos Paschoal Affonso e Segreto, considerados os primeiros cineastas brasileiros.

No dia 19 de junho de 1898, os irmãos realizaram as primeiras gravações em solo brasileiro, na Baía de Guanabara. Esse dia passou a ser o Dia do Cinema Brasileiro, apesar de não haver nenhuma gravação original conservada.

No ano seguinte, Paschoal Segreto realizou uma filmagem na cidade de São Paulo durante a celebração da unificação da Itália.

As quatro primeiras produções nacionais são do período entre 1897-1898. São elas:

  1. Ancoradouro de pescadores na Baía de Guanabara;
  2. Chegada do trem em Petrópolis;
  3. Bailado de crianças no colégio, no Andaraí;
  4. Uma artista trabalhando no trapézio do Politeama.

No ano de 1899, o italiano Vittorio di Maio abre a primeira sala de cinema em São Paulo. Nessa mesma época, passou a rodar filmes diversos sobre o cotidiano carioca.

Linha do tempo da história do cinema brasileiro

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Os primeiros anos da história do cinema brasileiro são marcados por vídeos documentais. Assim como na Europa, a tecnologia de filmagem foi usada para gravar e reproduzir cenas do cotidiano do país. Somente em 1908 isso iria mudar.

Antônio Leal, um cineasta luso-brasileiro, em 1908, lançará seu primeiro filme: “Os Estranguladores”, considerado o primeiro filme de ficção brasileiro, com 40 minutos de duração.

O primeiro longa-metragem brasileiro viria em 1914, “O Crime dos Banhados”, do português Francisco Santos. Com mais de duas horas de duração, o filme seguia a tendência de “Os Estranguladores” de retratar grandes crimes nacionais e adaptá-los ao cinema.

Em 1917, foi produzido “O Kaiser”, do desenhista Seth, a primeira animação brasileira. Porém, com o término da Primeira Guerra Mundial, em 1918, o cinema nacional enfrentou sua primeira crise.

O cinema brasileiro fora dominado pelas produções hollywoodianas, com maior qualidade técnica e roteiros mais bem construídos.

Outro fator que justifica esse fortalecimento americano são as baixas tarifas para a reprodução dos filmes no Brasil e os investimentos massivos por parte da indústria americana.

Nas décadas de 20 e 30 o cinema brasileiro buscava se reinventar. Assim, conseguiu alguma expansão com a publicação das revistas de cinema “Para Todos”, “Selecta” e a “Cinearte”.

E foi na década de 30 que surgiu o primeiro grande estúdio cinematográfico do Brasil, a Cinédia.

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As produções mais importantes dessa época foram: “Limite”, 1931, de Mário Peixoto; “A Voz do Carnaval”, 1933, de Ademar Gonzaga e Humberto Mauro; e “Ganga Bruta”, 1933, de Humberto Mauro.

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As produções da Cinédia lembravam as de Hollywood, de roteiros românticos, grandes cenários, musicais e grandes estrelas na tela.

Exemplos disso são os filmes: “Alô, Alô, Brasil”, 1935; “Alô, Alô, Carnaval”, 1936; “Bonequinha de Seda”, 1936; e “Pureza”, 1940.

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A grande estrela da produtora nacional foi Carmen Miranda, depois do sucesso nos filmes nacionais, sua carreira a pôs nos palcos da Broadway.

No entanto, as produtoras nacionais não foram capazes de alavancar o mercado: dos 409 filmes lançados em 1942 no país, apenas um era brasileiro.

Chanchadas

Na década de 40, surge o famoso gênero da “chanchada”, filmes cômicos, que misturam humor e musicais, sendo executados com baixo orçamento. A origem do nome vem da palavra “chanchada”, que significa “besteira”.

Esse estilo se popularizou juntamente com a companhia de cinema Atlântida Cinematográfica, fundada em 18 de setembro de 1941, no Rio de Janeiro, por Moacyr Fenelon e José Carlos Burle.

Grande produtora de chanchadas, a companhia Atlântida teve como grandes nomes Oscarito, Grande Otelo e Anselmo Duarte.

Os filmes que merecem destaque são: “Moleque Tião”, 1941; “Tristezas Não Pagam Dívidas”, 1944; e “Carnaval no fogo”, 1949.

Vera Cruz

Em 1949 foi criado o estúdio Vera Cruz, baseado nos moldes do cinema americano, onde os produtores buscavam realizar produções mais sofisticadas. Mazzaropi foi o artista de maior sucesso do estúdio.

O estúdio foi um grande marco na história do cinema brasileiro, pois produziu o primeiro filme brasileiro a ganhar o festival de Cannes, “O Cangaceiro”, de 1953.

Apesar da sua importância, foi à falência por problemas administrativos em 1954. Neste mesmo ano, surge o primeiro filme brasileiro com cores, “Destino em Apuros”, de Ernesto Remani.

Vários atores do estúdio Vera Cruz foram contratados pela primeira emissora de televisão do Brasil, a Tevê Tupi, fundada em 1950.

Cinema Novo

Nos anos 60, seguindo modas europeias, surge o Cinema Novo, com pautas sociais e temáticas de cunho político. O entretenimento passa ao engajamento social e revolucionário.

O Cinema Novo, inspirado nas obras de baixo orçamento das produções neorrealistas italianas e da nouvelle vague francesa, procura retratar a realidade social brasileira.

Com o mote “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, diretores como Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos, procuraram explorar a realidade da miséria brasileira.

Na década de 1950, foram produzidos filmes considerados precursores do Cinema Novo, como “Rio 40 Graus”, de Nelson Pereira dos Santos.

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Do cinema novo destacam-se as produções do cineasta baiano Glauber Rocha: “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, 1964, e “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”, 1968.

Cinema Marginal

No final da década de 60 e início dos anos 70, surge o cinema marginal denominado também de “udigrudi”. Suas maiores produtoras foram “Boca do Lixo”, em São Paulo, e “Belair Filmes”, no Rio de Janeiro.

O título udigrudi é uma brincadeira com a corrente da contracultura norte-americana chamada “underground” que estava na moda.

  • Você sabe o que foi o movimento da contracultura? Entenda suas principais características, teóricos e consequências.

Suas produções estavam altamente alinhadas com ideologias radicais, com a contracultura, com ideias revolucionárias e com o tropicalismo brasileiro. Por isso, sofreu grande censura do Regime Militar que despontou em 1964.

  • Os principais teóricos a formularem a importância do cinema para a revolução são os pensadores da Escola de Frankfurt. Conheça suas propostas neste artigo.

Um filme de grande destaque foi “O Bandido da Luz Vermelha”, 1968, dirigido por Rogério Sganzerla.

EMBRAFILME

Em 1969 é criada a Empresa Brasileira de Filmes (EMBRAFILME) que durou até 1982. Fundada em pleno contexto da ditadura militar, o governo apresenta a ideia com o intuito de usar o cinema como uma importante ferramenta de controle estatal.

  • Um dos conceitos usados para manipular o imaginário popular por meio de obras artísticas é o da Janela de Overton. Leia este artigo e compreenda como o cinema pode contribuir para essa manipulação.

Nesse contexto, o Estado financia as produções cinematográficas, dando espaço para as produções nacionais.

Pornochanchada

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Baseada nas comédias italianas que juntavam teor humorístico com forte erotismo, surge a pornochanchada no Brasil no começo da década de 70. Os filmes, por não apresentarem engajamento político-social, escapavam da censura.

Em São Paulo, as produções de baixo custo do movimento “Boca do Lixo” realizam as pornochanchadas, conquistando grande sucesso comercial no Brasil.

Alguns exemplos famosos são: “A Viúva Virgem”, 1972, do cineasta Pedro Carlos Rovai, e “A Dama da Lotação”, 1978, de Neville de Almeida.

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Crise do cinema brasileiro

Em 1980, chega ao mercado a fita cassete, que marca o início da proliferação das videolocadoras. Neste mesmo período, o Brasil passa pelo processo de redemocratização, em meio a uma grande crise econômica que se refletiria no cinema brasileiro.

Mesmo assim, alguns filmes desse período merecem destaque:

  • “O homem que virou suco”, 1980, de João Batista de Andrade;
  • “Jango”, 1984, de Silvio Tendler;
  • “Cabra marcado para morrer”, 1984, de Eduardo Coutinho e Pixote;
  • “A lei do mais fraco”, 1980, de Hector Babenco;
  • O documentário “Ilha das Flores”, 1989, de Jorge Furtado.

Com a chegada de Fernando Collor no poder, a crise se agrava. O novo presidente extingue o Ministério da Cultura, e acaba com a EMBRAFILME, o Conselho Nacional de Cinema e a Fundação do Cinema Brasileiro, institutos importantes para o financiamento de produções nacionais.

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Cinema de retomada

Depois de alguns anos imersos em crise, o cinema brasileiro vive o período de sua retomada entre 1992 e 2003. O governo Itamar Franco criou a Secretaria de Desenvolvimento do Audiovisual, responsável pela regulamentação daquela que viria a se tornar a Lei do Audiovisual, possibilitando a produção de centenas de filmes nacionais ao longo das últimas décadas.

Um dos exemplos é o longa “Carlota Joaquina, Princesa do Brasil” (1994), de Carla Camurati, o primeiro realizado por meio desse recurso.

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A partir desse momento, a produção de filmes no país cresce e novos festivais surgem.

Nessa década destacam-se as produções: “O Quatrilho”, 1995, de Fábio Barreto, e “O Que é Isso Companheiro?”, 1997, de Bruno Barreto.

Outro importante filme é “A Central do Brasil”, de 1998, de Walter Salles, que deu a Fernanda Montenegro indicação à categoria de melhor atriz no óscar, primeira latino-americana a ser indicada para o prêmio, em uma atuação em língua portuguesa.

Pós-retomada

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Em 2001, no governo de Fernando Henrique Cardoso, surge a Agência Nacional do Cinema, para regular e fiscalizar a indústria cinematográfica brasileira.

O período da retomada é o momento que a Globo Filmes desponta como grande produtora nacional, com comédias de grandes bilheterias encenadas por famosos atores nacionais.

Alguns filmes vão concorrer em grandes festivais internacionais e disputar o prêmio óscar.

“Tropa de Elite”, de 2007, foi um dos que se transformou num verdadeiro fenômeno, cujo sucesso catapultou seu astro Wagner Moura e seu diretor José Padilha para carreiras bem-sucedidas em Hollywood.

As comédias da Globo “Se eu fosse você”, de 2006, e “Minha mãe é uma peça”, de 2013, mostram a força comercial do cinema brasileiro de retomada.

Quando surgiu a primeira sala de cinema do Brasil?

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Em 1899, o italiano Vittorio di Maio abre a primeira sala de cinema em São Paulo, onde exibe vários filmes sobre o cotidiano carioca. Foi somente no início do século XX que São Paulo tem sua primeira sala de cinema permanente, chamada de Bijou Theatre. Foi inaugurada no ano de 1907, ficava na Rua São João e possuía capacidade de 400 lugares.

O endereço do cinema já era conhecido como um ponto de diversão da cidade, em 1898 funcionava um boliche que, mais tarde, foi transformado em um teatro, o Éden Teatro.

O edifício foi adaptado por Francisco Serrador e Antônio Gadotti, empresários que transformaram o antigo teatro e, em 16 de novembro de 1907, ofereceram ao público o primeiro espaço cinematográfico da cidade.

O espaço ainda guardava algumas curiosidades, como 15 ventiladores e um pequeno bar no interior.

Um dos problemas iniciais da produção do cinema no país era a falta de eletricidade, que foi somente resolvida em 1907 com a implantação da Usina Ribeirão de Lages, no Rio de Janeiro.

Após esse evento, os números de salas cresceram consideravelmente na cidade do Rio de Janeiro, chegando a ter cerca de 20 salas de exibição.

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Qual a situação do cinema brasileiro?

Segundo dados da Agência Nacional do Cinema (ANCINE), na última década foram lançados cerca de 650 documentários. A média de pessoas que assistiram a cada um desses documentários é de 5.600 pessoas. E o total de pessoas que viram todos esses filmes na última década foi de 3 milhões e 700 mil.

Além disso, o meio digital proporcionou uma facilitação para o cinema brasileiro em termos de produção e custos.

Em 2013, no governo Dilma Rousseff, regulamentou-se a lei 12.485, que obriga canais de assinatura a exibir, em horário nobre, filmes nacionais e produções independentes.

  • O Partido dos Trabalhadores de Dilma Rousseff faz parte de uma organização que tem enorme influência nos rumos da política latinoamericana. Conheça o que é o Foro de São Paulo.

As plataformas de streaming como Netflix e Amazon Prime continuam em negociações para oferecer conteúdo audiovisual brasileiro.

O cinema brasileiro bateu recorde em 2013, com mais de 127 longas-metragens que chegaram às telas, 9 dos quais granjearam mais de 1 milhão de espectadores, enquanto 88 foram vistos por menos de 10 mil pessoas, de acordo com informações divulgadas pela Agência Nacional do Cinema.

Péssimos dados que expõem o percurso que tomou a história do cinema brasileiro.

A realidade que os dados apontam é de que o cinema nacional ainda desperta pouco interesse, principalmente por tratar temas distantes do imaginário popular, e é totalmente dependente de incentivos do Estado para se manter vivo.

Incentivos estes como a Lei Rouanet, criada em 1991, que destina verbas da União Federal para projetos de fomento da cultura, incluindo o cinema.

Um dos filmes contemplados foi “Rita Cadillac: a Lady do Povo”, 2010, de Tony Ventura. Arrecadou 510 mil reais por meio da lei de incentivo. Sua bilheteria, no entanto, foi de R$26.515,10, arrecadados com os 2.891 espectadores.

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Basicamente, os impostos do contribuinte são destinados a filmes que pouco despertam interesse. Eis a lista de produções malogradas:

  1. “Chega de Fiu Fiu”, 2018, público 1.048 pessoas;
  2. “Espero tua (re)volta”, 2019, público 2.834 pessoas;
  3. “Meu corpo é político”, 2017, público 2308 pessoas.

Os mais de 650 documentários lançados no Brasil nos últimos 10 anos têm uma média de público de 5.600 pessoas.

Somente o documentário “Pátria Educadora”, produzido em 2020, pela Brasil Paralelo, ultrapassa em público os últimos 650 filmes da Ancine. Em apenas um ano, o número de visualizações chega aos 5 milhões. Isso tudo sem gastar 1 centavo do dinheiro público.

As maiores bilheterias brasileiras

Anos 1970:

  1. Dona Flor e Seus Dois Maridos, 1976, de Bruno Barreto;
  2. A Dama do Lotação, 1978, de Neville de Almeida;
  3. O Trapalhão nas Minas do Rei Salomão, 1977, de J. B. Tanko;
  4. Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia, 1977, de Hector Babenco;
  5. Os Trapalhões na Guerra dos Planetas, 1978, de Adriano Stuart.

Anos 1980:

  1. Os Saltimbancos Trapalhões, 1981, de J. B. Tanko;
  2. Os Trapalhões na Serra Pelada, 1982, de J. B. Tanko.

Anos 1990:

  1. Lua de Cristal, 1990, de Tizuka Yamasaki.

Anos 2000:

  1. Se Eu Fosse Você 2, 2009, de Daniel Filho;
  2. Dois Filhos de Francisco, 2005, de Breno Silveira;
  3. Carandiru, 2003, de Hector Babenco.

Anos 2010:

  1. Os Dez Mandamentos — O Filme, 2016, de A. Avancini;
  2. Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro, 2010, de José Padilha;
  3. Minha Mãe é Uma Peça 2, 2016, de César Rodrigues;
  4. De Pernas pro Ar 2, 2012, de Roberto Santucci;
  5. Nosso Lar, 2010, de Wagner de Assis.

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