Sob o comando de Xi Jinping, a China transformou o aniversário de 80 anos da vitória sobre o Japão na Segunda Guerra Mundial no maior espetáculo militar de sua história. Mais de 50 mil pessoas se reuniram na Praça Tian’anmen, em Pequim, para assistir a um show de poder que mais parecia saído de um filme: colunas de tanques avançando como muralhas de aço, mísseis erguidos em plataformas móveis e caças hipersônicos rasgando o céu com estrondos ensurdecedores.
Três brasileiros estiveram presentes na comemoração: a ex-presidente Dilma Rousseff, o assessor especial Celso Amorim e o embaixador brasileiro na China, Marcos Galvão. O objetivo era representar o Brasil na comemoração que reuniu nomes como Xi Jinping, Kim Jong-Un e Vladimir Putin.
Em entrevista coletiva, Amorim ressaltou o caráter simbólico da cerimônia: “Não é algo contra o Japão, é contra o fascismo, contra o nazismo, que estava na Europa e aqui”. A presença do ex-primeiro-ministro japonês Yukio Hatoyama reforçou essa leitura de reconciliação.
O desfile foi encerrado com a soltura de 80 mil pombas, apresentadas como mensagem de paz. Mas ao longo de 70 minutos, o que predominou foram demonstrações de força. Entre os destaques estavam:
Para especialistas, a mensagem foi clara: dissuadir os Estados Unidos, a Europa e os vizinhos da China de desafiar os interesses centrais do país.
A viagem também teve um conteúdo diplomático direto. Amorim entregou ao chanceler Wang Yi uma carta de Lula a Xi Jinping, reforçando a cooperação bilateral diante das tarifas impostas pelo governo Donald Trump.
No texto, Lula enfatiza que a relação deve ir além do comércio, incluindo investimento com transferência de produção e cooperação financeira.
Xi confirmou sua participação na videoconferência do BRICS convocada por Lula para o dia 8 de setembro. O encontro deve discutir justamente como enfrentar os tarifaços e fortalecer o multilateralismo.
“Falar em uma reforma da governança global é música para os nossos ouvidos”, afirmou Amorim, ao defender a necessidade de tornar as instituições mais representativas do Sul Global.
O desfile foi acompanhado por Vladimir Putin e Kim Jong-un, que apareceram pela primeira vez em público ao lado de Xi. A cena alimentou críticas de Washington.
Donald Trump chamou a cerimônia de “bela”, mas cobrou que o papel dos EUA na Segunda Guerra fosse lembrado, citando os 111 mil americanos mortos ou desaparecidos no Pacífico.
Em tom irônico, publicou: “Por favor, deem minhas mais calorosas saudações a Vladimir Putin e Kim Jong-un, enquanto vocês conspiram contra os Estados Unidos da América”.
O episódio expôs o paradoxo histórico: o antigo aliado de guerra hoje se tornou o rival central. Na época da luta contra o Japão, a China ainda era governada por Chiang Kai-shek, líder nacionalista e anticomunista.
O regime comunista só se instalaria em 1949, sendo reconhecido por Washington mais de 20 anos depois.
Para o Brasil, a presença no desfile carrega ambiguidades. Ao mesmo tempo em que reforça os laços com Pequim, coloca o país lado a lado de regimes autoritários em um palco usado como demonstração de força contra o Ocidente.
Amorim, procurou enquadrar a participação dentro da lógica de cooperação: “É uma economia enorme, nosso principal parceiro comercial. Essa relação se tornou mais importante”.
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