Na maior conferência de Bitcoin do mundo, o governo Trump deu seu recado: a Casa Branca agora joga ao lado das criptomoedas. O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, subiu ao palco em Las Vegas nesta quarta-feira (21) para anunciar que, sob a nova gestão, o Bitcoin tem apoio institucional.

“Com o presidente Trump, as criptomoedas finalmente têm um defensor na Casa Branca”, disse Vance, diante da plateia.

O governo Trump, que no passado já olhou com desconfiança para o universo dos criptoativos, agora abraça o setor com força. A gestão republicana tem se movimentado para flexibilizar regulamentações, incentivar investimentos e trazer legitimidade ao mercado.

“Queremos que os americanos saibam que as criptomoedas, especialmente o Bitcoin, são parte da economia real. Vieram para ficar”, garantiu Vance.

Ele mesmo já revelou possuir entre R$1,4 milhão e R$2,85 milhões em Bitcoin, segundo documentos de 2024.

Embora o discurso tenha sido repleto de acenos, o vice-presidente também lançou uma advertência:

“Embora o Bitcoin seja digital, nenhum de vocês é. Se vocês não se envolverem na política, a política vai ignorar essa indústria”.

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Criptomoedas como proteção contra governos e inflação

Sem esconder sua visão crítica em relação à política tradicional, Vance defendeu as criptomoedas como “proteção contra as políticas ruins de Washington, independentemente do partido no poder”.

E continuou: “É uma proteção contra a inflação vertiginosa, que corroeu a poupança dos americanos. E também contra um setor privado que cada vez mais discrimina consumidores por suas convicções.”

Nesse sentido, Vance pediu ao Congresso que aprove a chamada Lei GENIUS, projeto que cria um marco regulatório para as stablecoins, criptomoedas atreladas a moedas fiduciárias como o dólar.

“Não acreditamos que as stablecoins ameacem o dólar. Pelo contrário, elas podem multiplicar o poder da nossa economia”, afirmou.

O evento contou também com a presença dos filhos de Donald Trump

Donald Jr. e Eric Trump, que participaram de painéis sobre o crescimento de modelos de negócio baseados em Bitcoin. Os dois  têm investimentos diretos no setor.

Enquanto isso, o atual chefe da Casa Branca também virou garoto-propaganda do setor. Após chamá-las de “golpe” em seu primeiro mandato, Trump agora promete impulsionar o mercado cripto e revogar regulamentações aprovadas sob a gestão Biden.

A guinada tem sido acompanhada por interesses financeiros diretos. Um relatório recente indica que cerca de R$16,5 bilhões do patrimônio de Trump estão ligados a criptomoedas.

A Trump Media and Technology Group, controladora da Truth Social, anunciou que pretende captar R$14,25 bilhões para aplicar em Bitcoin.

Além disso, o presidente e seus filhos participam de empreendimentos como corretoras de criptoativos e empresas de mineração digital. A “Trump Coin”, uma moeda meme lançada neste ano, virou símbolo dessa nova fase.

Democratas chegaram a pressionar por limites à atuação de políticos com investimentos na área

A Lei GENIUS, que começou como uma proposta bipartidária, perdeu apoio democrata após denúncias de possível conflito de interesses envolvendo Trump.

Mesmo assim, o projeto foi aprovado no Senado neste mês. A Casa Branca nega qualquer irregularidade: “Os bens do presidente Trump estão sob gestão de seus filhos, por meio de um fundo independente”.

O discurso de JD Vance e a movimentação do governo Trump apontam para uma transformação significativa na forma como os Estados Unidos lidam com o setor cripto.

De um tema secundário, as criptomoedas agora caminham para o centro do poder com promessas de menos regulação, mais investimento e maior proteção contra o que os republicanos chamam de “autoritarismo digital”.

Para os entusiastas, é a chegada da legitimidade. Para os críticos, o risco de mistura entre negócios privados e decisões públicas. O fato é que, com Trump e Vance no comando, o Bitcoin ganhou um novo e poderoso palco: a Casa Branca.

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