Eleições 2024: segundo debate aborda exorcismo com carteira de trabalho, criança trans e críticas a Nunes

Política econômica

A seguir, Datena e Nunes se enfrentaram. Ao responder à  pergunta de um dos jornalistas sobre questões econômicas, o candidato do PSDB afirmou que a atual gestão privilegia os ricos, em detrimento dos mais pobres. Sobre o que pretende fazer, declarou: 

Datena: O nosso objetivo é transformar a periferia num centro atrativo para empregos. Como isso? Territórios de emprego. Dar às empresas incentivo fiscal isenção de IPTU para se instalarem em áreas pequenas. 

• A ideia do candidato é que as empresas se instalem em construções mistas, isto é, que tenham espaços comerciais e residenciais no mesmo imóvel. Para ter direito à isenção, 20% dos funcionários da empresa deverão morar na região. 

Já o atual mandatário declarou que sua gestão já realiza tal incentivo, com destaque para as empresas de telemarketing, a fim de que os postos de trabalho também cheguem nessas áreas. 

Smart Cities

Perguntados sobre Smart Cities (Cidades Inteligentes), Pablo Marçal (PRTB) e Guilherme Boulos (PSOL) acabaram deixando de lado as propostas para a capital paulista e partiram para ataques pessoais. Boulos começou respondendo a pergunta dizendo que pretende seguir exemplos internacionais. 

Boulos: Eu tive a oportunidade de visitar várias cidades do mundo nesse processo e tive acesso a várias tecnologias de cidades inteligentes, sobretudo na área da sustentabilidade. Precisamos desenvolver técnicas melhores de reciclagem dos resíduos. Hoje, 98% dos resíduos são enterrados na cidade de São Paulo. Pretendo também eletrificar a frota de ônibus na cidade de São Paulo. A nossa meta é chegar a 50% de frota elétrica.  

 O empresário rebateu o candidato do PSOL:

Marçal: A cidade de São Paulo tem poucos semáforos que têm aquela cor amarela em volta, os são semáforos inteligentes. A gente precisa ampliar isso para todos os semáforos. A gente consegue melhorar a mobilidade e tirar esse atraso. Eu conheço Shanghai, conheço Dubai, conheço as grandes cidades no mundo que começaram a desenvolver uma construção civil diferente mais limpa. Eu propus também o meio de transporte mais seguro pro povo, que é o teleférico elevado na horizontal, e não adianta rir que você também vai andar. É o que nós vamos fazer. Eu propus criar um Marco aqui para essa cidade, construindo o maior edifício do mundo para mostrar que a construção civil vai ser liderada pela cidade de São Paulo. 

Ataques pessoais    

Terminada a primeira parte do bloco, Boulos atacou Marçal. O psolista afirmou que o candidato teria dito que deixaria a campanha caso ele provasse que o rival foi condenado por roubo. Marçal respondeu a provocação: 

Pablo Marçal: Em primeiro lugar, mais uma vez você tá me confundindo com o quadrilheiro chamado Luís Inácio Lula da Silva, com as pessoas que você tanto apoia chamado José Genoíno, José sei lá…. Como é que chama esse? Dirceu. Dilma Rousseff.” 

O candidato do PRTB prosseguiu:

Marçal: Você, que é o PT Kids nessa prefeitura de São Paulo, é só uma demonstração, no país inteiro, de um PT do pessoal que é uma grande merda nessa nação. Isso aqui é a história da esquerda. A esquerda já não presta, você imagina a história da esquerda. Não tem condenação. Isso aí foi prescrito. Eu trabalhei para um cara consertando computadores, se você quiser saber os detalhes já gravei isso há anos no YouTube. Você pode assistir. Agora, a grande verdade é: por quê você não pediu sua música no Fantástico, já que você foi preso três vezes? Conta aí pra sociedade paulistana.

O professor de filosofia rebateu:

Guilherme Boulos: Marçal, você é um mentiroso compulsivo. É viciado em Mentir. Eu acho que você veio para o debate para as pessoas perceberem a sua pilha para tumultuar. Você é o padre Kelmo dessa eleição, é isso que você é. Você veio para tumultuar. Você é uma caricatura.

Nesse momento, a mediadora entrou na discussão, pois a plateia se manifestou:

“Gente, desculpe. Interrompo candidato. Eu, pela última vez. A gente tá em uma plateia aqui de adultos e a gente pede uma vez mais para vocês respeitarem esse ambiente de debate sem as manifestações, conforme está combinado em relação às regras do debate. Me perdoe interromper aqui, uma vez mais, mas eh não não tinha como não fazer essa observação”.    

A discussão foi retomada pelo empresário e ex-coach:

Pablo Marçal: Eu sou o padre Kelmon, eu vou exorcizar o demônio com a carteira de trabalho, que nunca trabalhou. Um grande vagabundo nessa nação. Aceito sim exorcizar. Você nunca vai ser prefeito de São Paulo enquanto tiver homem aqui nessa cidade.

Marçal também chamou Boulos de “candidato trans”. O psolista respondeu, chamando-o de rebaixado.

A discussão seguiu até o fim do tempo. Quando terminou, os candidatos retornaram a seus lugares. Nesse momento, Boulos deu um tapa na carteira de trabalho que estava nas mãos de Marçal. 

Hormônios em crianças 

Ao ser questionada sobre questões ambientais, Marina Helena (NOVO) respondeu a uma acusação de Nunes sobre Fake News. Em um bloco anterior, o prefeito alegou que a candidata promoveria Fake News. Ela falou sobre a questão do uso de bloqueadores de hormônios em crianças.  

“Já que eu não tive o direito de resposta eu vou começar falando eu não faço Fake News convido todos a vocês a entrarem no meu Instagram Marina Helena BR lá vocês vão ver esse documento que eu citei na íntegra E aí vocês vão poder avaliar por si mesmos. Lá está escrito sim a recomendação que pode ser considerado o uso de bloqueio hormonal da puberdade em meninos e meninas trans a partir de 8, 9 anos de idade. Você vá lá e confira com seus próprios olhos.  

Meio Ambiente: 

Sobre o tema ambiental, foi perguntado a Marina Helena (NOVO) e Guilherme Boulo (PSOL) que os candidatos pensam em fazer para evitar tragédias como a do Rio Grande do Sul. Marina propôs a retirar as pessoas de áreas de risco, bem como realizar um trabalho conjunto de órgãos governamentais para que a situação não seja superada

Boulos, por sua vez, citou as chamadas “cidades esponja”. O candidato explicou que se trata de construir casas com materiais capazes de absorver água, citando exemplos no exterior. 

Segurança Pública        

Tábata Amaral (PSD) e Boulos (PSOL) discutiram sobre a forma como a polícia trata o cidadão. Alegou que a PM trata de forma diferente com mora em áreas nobres de quem mora na periferia da cidade. Citou que a prefeitura tem controle sobre a Guarda Civil Metropolitana e a questionou sobre como garante que isso não acontecerá, caso seja eleita.

Tábata Amaral: Nós precisamos fortalecer o trabalho da GCM que tem hoje 7.000 guardas no efetivo. Eu tenho o compromisso, inclusive, de chamar 1.000 guardas que já foram concursados, mas ainda não estão atuando. É importante entender que sem um trabalho feito com o governo do estado, com a Polícia Civil, com a Polícia Militar, a gente não dá conta do recado. Só para vocês terem uma ideia, o maior número de chamados que a PM responde hoje é por ruído. É porque a lei do silêncio não está sendo fiscalizada. A polícia civil vem mapeando há muito tempo quais são os hotéis e estabelecimentos que estão alimentando a Cracolândia. Por que a prefeitura não fechou nenhum desses estabelecimentos? Uma coisa que eu proponho é que a gente tenha um centro de comando controle e segurança em que a prefeita sente mensalmente com o comando da GCM, com o comandante da Polícia Militar e com o delegado Geral da Polícia Civil, para que a gente possa coordenar e atuar conjuntamente.

Guilherme Boulos: Tem razão, é preciso ter integração entre as forças. Por isso eu já disse que uma das primeiras medidas que eu vou tomar, se eleito prefeito de São Paulo, é propor ao Governador Tarcísio, ao presidente Lula, ao Ministro da Justiça Lewandowski, uma mesa de diálogo para uma solução integrada do problema da segurança em São Paulo. 

No bloco final, os seis candidatos presentes realizaram suas considerações finais, não deixando de se alfinetar durante o diálogo. 

Esse foi o segundo debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo. A sabatina ocorreu no teatro Armando Álvares Penteado, na capital paulista.