Economista com pós-graduação em mercado de capitais pela Universitat Autònoma de Barcelona. Com 17 anos de experiência no mercado financeiro, gerencia sua própria empresa de investimentos desde 2012. Também é professor de graduação no Brasil e pós-graduação na Espanha, lecionando macroeconomia. É também criador do canal "Minuto do Musa" e da BM Educa, focada em educação financeira.
10 de dezembro de 2023, primeiro dia do governo de Javier Milei na Argentina, sendo o primeiro presidente liberal libertário na história. O nível de desconfiança era imenso e, acima de tudo, a mídia, desacostumada a um discurso duro de frente ao establishment, se mostrava receosa do que poderia vir.
A falta de conhecimento nas teses muito bem pautadas pela Escola Austríaca de Economia e autores renomados como Mises e Hayek (prêmio Nobel em 1974) embasam tudo que o presidente argentino tem feito.
O centro das ações é um só: equilíbrio fiscal e responsabilidade com as contas públicas para produzir superávit e a mensagem de responsabilidade aos investidores, conseguindo reduzir a taxa de juros e levar sustentabilidade à dívida e a consequente atração de capital.
Vamos a alguns dados sobre a situação econômica na Argentina:
O governo controlava o câmbio oficial e o mantinha de forma TÃO ARTIFICIAL que escolhia quais importadores teriam acesso aos dólares subsidiados, levando à escassez da moeda e à consequente inadimplência nas importações.
Quem eram os poucos privilegiados? Os amigos do rei, mais próximos ao governo, como sempre. O resto pagava o câmbio real das ruas, o valor verdadeiro do câmbio que o mercado atribuía.
Essa falta de dólares minou as reservas da moeda do BCRA que em termos BRUTOS, tinha caído de $45 bilhões de dólares para algo em torno de $20 bilhões. Assim, as reservas reais (tirando os passivos) chegaram a $15 bilhões de dólares NEGATIVAS. Passado um ano apenas, as reservas BRUTAS voltaram a $30 bilhões e as líquidas, ainda em campo negativo, estão bem menores conforme imagem abaixo.
Não podemos deixar de mencionar que os juros caíram de 133% ao ano para 32%. Sem a moeda desvalorizar e, portanto, passando maior confiança aos agentes econômicos, locais e estrangeiros.
Outro ponto importante é que o déficit fiscal de 4,4% em 2023 se converteu em SUPERÁVIT de 0,5% DO PIB em 2024. Portanto, em apenas um ano o governo fez um ajuste de 5% do PIB e estamos falando de déficit fiscal (incluindo juros) e não apenas déficit primário. No Brasil, o déficit fiscal nominal é de 10% do PIB.
Outro ponto que não podemos deixar de mencionar é a quantidade de pesos que eram impressos com o único objetivo de pagar os juros da dívida e era em montantes incríveis a 10% do PIB. Nesse momento já não se imprime mais pesos para monetização da dívida e esse déficit caiu a meros 2%. Sendo assim, vemos um ajuste total de mais de 13% do PIB em apenas um ano.
Não podemos deixar de lembrar que a causa central da inflação é a necessidade de imprimir moeda para conseguir honrar os compromissos da dívida e com o aumento de sua oferta, sem a correspondente demanda, seu valor cai de forma intensa e isso é inflação. Financiar seus déficits com criação de moeda é caminho único para a convivência da hiperinflação.
Em meio a todas essas mudanças e geração de confiança podemos olhar o índice que mede o risco país. Ele mede nada menos do que a diferença que o título de 10 anos de um país paga com relação ao título com vencimento de 10 anos dos EUA.
Exemplo: se o risco país é de 2000 pontos, significa que este país paga 20% a mais de juros do que os correspondentes títulos americanos. No gráfico, vemos claramente a queda desse índice na Argentina pós Milei e consequentemente o montante que o país precisa pagar em juros para atrair capital caiu drasticamente.
Resposta óbvia a tudo isso é um maior financiamento ao setor privado que simplesmente cresceu de forma exponencial. Há um ano esse tipo de financiamento era da ordem de $3,7 bilhões de dólares e agora supera os $8,5 bilhões. Analisando assim, em apenas um ano multiplicou por mais de 2,3 vezes e vale lembrar também que financiamento privado é a base para o crescimento da economia e com o detalhe que agora, os juros são livres e não mais tabelados. Os bancos puderam começar a voltar a fazer a função que lhes cabe: financiar pessoas e empresas e não mais servir apenas como instrumento para comprar título público e monetizar o BCRA. Espiral virtuosa em ação.
Mas aqueles críticos ao sistema de Milei falam que a economia vem contraindo e que a pobreza aumentou. Aqui, vamos apresentar dados também para a conclusão de cada um. Antes, vamos enfatizar que uma pessoa viciada em algum tipo de droga por décadas não consegue, após deixar o vício em uma semana, se tornar um atleta de ponta. Isso é possível após um tempo de foco, determinação, disciplina, mudança de hábito e incorporação deles no seu novo dia a dia. A droga a que me refiro é a produção de déficit e seu devido financiamento pela impressão de moedas. Assim, o PIB caiu no 1° trimestre de 2024 a uma taxa de 2,2% e no 2° tri/24 a queda foi de 1,7%, queda já menor do que a anterior. Agora no 3° trimestre de 2024 a projeção de crescimento real já é de 2%. A se concretizar, o primeiro ponto criticado pela mídia convencional já cai por terra. Em poucos dias saberemos.
O segundo ponto é sobre a pobreza que no primeiro semestre sim, havia subido e chegou a incríveis 54% de algo em torno de 45% no começo do governo Milei. Não deixe de lembrar das dores e dificuldades do começo de uma vida sem drogas para se tornar um atleta logo na sequência. Os últimos dados publicados pelo INDEC apresentam a evolução da pobreza até meio desse ano, mas já estamos fechando o segundo semestre. Como estão os dados atuais? Dados estimados do 2° semestre mostram uma clara indicação de uma fortíssima redução da taxa de pobreza. São estimativas publicadas pela UCA, da observatória da dívida social argentina. Ao que indicam, as taxas já são mais baixas do que quando Milei assumiu. Saiu de 45% a 54% e agora está por volta de 44%. Já a indigência que havia subido de 14% a 20,3%, estaria agora em 11,6%.
E a popularidade do libertário em meio a todos os cortes têm sofrido? Vamos recorrer aos dados publicados. Apresenta uma das maiores confianças depositadas pela população na história da Argentina para o primeiro ano de um governo. Crescimento de 10% em novembro.
O indicador de medida de confiança no governo está quase 6% acima do que foi Macri no período e quase 32% acima do de seu antecessor, Alberto Fernández.
Algumas medidas ainda estão a caminho da execução do prometido em campanha, como a total dolarização da economia e assim o fechamento do Banco Central e o fim da brecha cambial, mas ele sempre diz que não abre mão dessas ações e que serão executadas. De fato, como conseguimos ver nos dados acima, fica claro que as ações tomadas estão levando a essas ações. Inclusive foi aprovado nesta semana o plano para facilitar as compras em dólares, para gerar livre concorrência de moedas, seguindo mais uma tese do brilhante economista Hayek que explica tão bem em seu livro intitulado "Desestatização do dinheiro: Uma análise da teoria e prática das moedas simultâneas".
Assim caminha para uma livre concorrência de moedas e uma dolarização chamada de endógena onde é congelada a base monetária em pesos e se estimula e permite negociações em outras moedas. Poderíamos mencionar muitos outros feitos importantes com consequências positivas imediatas e de médio prazo, como liberação dos preços de aluguel que já levou à diminuição no número de imóveis vacantes na província de Buenos Aires, a livre pactuação de índices de correção de aluguel entre locatário e inquilino, instauração da meritocracia aos servidores públicos, fechamento do órgão que arrecadava impostos e sua substituição pela ARCA com 30% menos funcionários públicos e trazendo o teto do salário de seus diretores ao de juízes, retirando a insanidade regra que permitia que estes funcionários recebessem um percentual da arrecadação nacional etc.
E enquanto finalizo esta coluna foi anunciado por Milei uma reforma tributária para diminuir os impostos nacionais em 90% e devolvendo a arrecadação e poder às províncias e retirando a centralização nacional.
Assim, coloca as províncias para concorrer em taxas para atração de indústrias e empresas, exatamente como deveria funcionar o mercado privado.
O mais importante em meio a tudo isso é movimentar a janela de Overton para as ideias da liberdade e que a maioria das pessoas percebam que todos temos a ganhar ao seguirmos nessa linha. Vemos o FMI e a revista de centro-esquerda The Economist colocá-lo em sua capa para enaltecê-lo e dizer que está sendo um exemplo para o mundo. É a Escola Austríaca com suas ideias de liberdade ganhando espaço pelo mundo. Por fim, a luta começa a dar resultados.
Obrigado Milei, obrigado Argentina. Aqui, infelizmente, seguimos na direção completamente oposta, mas torcemos e vibramos por vocês.
Viva la libertad!! Seguimos
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