Psicologia
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O que está por trás do Project December? A IA que afirma “reviver” mortos

Microsoft também teria desenvolvido uma IA que usuários poderiam usar para reviver seres falecidos, mas pausou o projeto por ser “perturbador”

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
12/11/2025 16:47
OpenAI

O desenvolvimento das inteligências artificiais atingiu a “pós-vida” e algumas empresas tecnológicas oferecem a possibilidade de pessoas falarem com seus “seres amados falecidos”. 

Uma delas é Project December. Criada em 2020 pelo desenvolvedor americano Jason Rohrer, oferece a qualquer usuário a chance de conversar, com uma simulação digital de quem quiser, esteja vivo ou morto.

Por US$10 (R$50 reais), é possível “reviver” a voz de alguém que já se foi, reproduzindo maneirismos, estilo de escrita e até traços de personalidade.

O projeto nasceu quase por acaso, durante a fuga de Rohrer dos incêndios florestais na Califórnia. Longe do trabalho com videogames, ele decidiu experimentar com os primeiros modelos de linguagem da OpenAI, como o GPT-2, e descobriu uma maneira de “enganar” a interface para permitir conversas abertas com a IA. 

Assim surgiu o Project December.

O que você vai encontrar neste artigo?

O que é o Project December?

O sistema permite que qualquer pessoa crie um chatbot personalizado. Basta inserir breves descrições, frases típicas ou trechos de conversas antigas para que o programa gere uma simulação convincente. 

A tecnologia utiliza modelos de linguagem avançados, capazes de produzir respostas com fluência humana e manter diálogos emocionalmente complexos.

O caso mais famoso foi o de Joshua Barbeau, um escritor que usou o Project December para criar uma versão virtual de sua noiva, Jessica, morta em 2012. 

Alimentando o sistema com mensagens antigas e informações pessoais, ele conseguiu dialogar com uma simulação dela.

Quando o chatbot pediu uma descrição da Jessica, Barbeau escreveu: 

“JESSICA COURTNEY PEREIRA nasceu em 28 de setembro de 1989, e faleceu em 11 de dezembro de 2012. Ela era uma Libra ambidestra de espírito livre, que acreditava em todo tipo de coisa supersticiosa, e que uma coincidência era só uma conexão muito complexa de entender. Ela amava seu namorado, JOSHUA JAMES BARBEAU, muito mesmo. Essa conversa ocorre entre Joshua, devastado pela dor, e o fantasma de Jessica”.

Muitos chamaram o programa de “necromancia digital” (um tipo de invocação dos mortos por vias digitais). Outros o viram como um novo tipo de terapia emocional. 

Com a viralização do caso de Joshua, a OpenAI, dona da tecnologia de linguagem usada por Rohrer, exigiu que o desenvolvedor colocasse restrições no projeto, alegando riscos éticos e psicológicos. 

“Acabo de receber a sentença de morte de Samantha da OpenAI por e-mail”, escreveu ele, referindo-se ao principal personagem da plataforma.

O desenvolvedor então desconectou o Project December da OpenAI e passou a operar o sistema com outro provedor, o AI21 Labs, de Israel. 

Mesmo assim, enfrentou pressões para impor filtros e monitoramento nas conversas. Rohrer rejeitou novamente: “Quem conversa com uma IA espera privacidade”, argumentou.

Project December conta com mais de 3 mil usuários, mas não é o primeiro esforço em reviver pessoas falecidas . O gigante tecnológico Microsoft patenteou um “chatbot” de pessoas mortas. 

O chatbot poderia ser modelado a partir de uma “entidade passada ou presente… como um amigo, um parente, um conhecido, uma celebridade, um personagem fictício, uma figura histórica”, de acordo com o documento registrado no Escritório de Patentes e Marcas dos EUA.

Contudo, Project December não é o único chatbot “pós-vida”. Outras IA como Replika, HereAfter AI e Seance AI oferecem a mesma experiência

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