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História
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O discurso de Martin Luther King! “Eu Tenho um Sonho” na íntegra e com análise

Veja o discurso de Martin Luther King completo. Eu Tenho um Sonho (I Have a Dream) na íntegra, com análise e desdobramentos.

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
31/8/2021 16:04

Naquele dia, mais de 250 mil pessoas o ouviram. Martin Luther King nunca defendeu a violência lutando pelos direitos civis dos negros nos EUA. Seu discurso mais emblemático chama-se I Have a Dream (“Eu Tenho um Sonho”), que será analisado na íntegra.

O contexto no qual ele está inserido é o da violência racial nos Estados Unidos, e este foi um dos temas abordados na trilogia O FIM DAS NAÇÕES, que mostra como os acontecimentos nos EUA influenciam o mundo inteiro.

Entenda o que é o Século Americano e por que deveríamos nos preocupar com o documentário O Fim Das Nações.

O que você vai encontrar neste artigo?

Quem foi Martin Luther King?

Martin Luther King Jr. foi um pastor e ativista norte-americano. Lutou contra a discriminação racial nos Estados Unidos da América e tornou-se um dos mais importantes líderes do movimento pelos direitos civis dos negros.

Em 1964, foi o homem mais jovem a receber o Prêmio Nobel da Paz, aos 35 anos.

Martin Luther King nasceu em 15 de janeiro de 1929, na cidade de Atlanta, Geórgia, Estados Unidos. Seu pai e seu avô eram pastores na Igreja Batista. Ele seguiu o mesmo caminho.

Em 1951, formou-se em Teologia na Universidade de Boston. Em 1954, tornou-se pastor. Exercendo sua função, foi responsável pela igreja na cidade de Montgomery, Alabama. Além disso, integrou a “Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor”.

Sua esposa chamava-se Coretta Scott King e com ela teve quatro filhos:

  1. Yolanda King;
  2. Martin Luther King III;
  3. Dexter Scott King;
  4. Bernice King.

O que Martin Luther King fez?

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Foto de Martin Luther King.

Martin Luther King lutou para que os negros tivessem os mesmos direitos civis dos brancos. Fez isso nos Estados Unidos da América, mas se tornou um ícone mundial.

Desde jovem, notou que em todo o território, principalmente nos estados do Sul, a segregação social e racial era uma realidade a ser enfrentada.

Seu modo era pacífico e sua resistência era firme. Os discursos de Martin Luther King não promoviam a violência e eram muito eloquentes, assim tornaram-se muito famosos. Suas palavras continuam a inspirar pessoas ainda hoje.

O primeiro movimento que obteve êxito em território americano foi em Montgomery, onde ele era pastor. Um protesto começou depois que a costureira negra Rosa Parks foi detida e multada por assentar-se nos lugares destinados os brancos no ônibus.

Martin Luther King apoiou o boicote aos ônibus. Gradativamente, milhares de negros deram prejuízo às empresas de ônibus, porque passaram a caminhar quilômetros para o trabalho. Foram 382 dias até que, em 13 de novembro de 1956, a Suprema Corte aboliu a segregação racial nos ônibus.

No dia 21 de novembro do mesmo ano, Martin Luther King ao lado de um sacerdote branco, Glen Smiley, assentou-se nos primeiros lugares de um ônibus.

Luther King também foi o fundador da Conferência da Liderança Cristã do Sul e organizou várias campanhas pelos direitos civis negros. Ele esteve presente em passeatas, greves, fez grandes discursos, que ainda veremos na íntegra, e muito mais.

Em 1960, foi ele quem obteve acesso de negros a ambientes onde antes eram proibidos de estar, tais como: lanchonetes, bibliotecas e parques públicos.

I Have a Dream – Discurso de Martin Luther King na íntegra

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Foto do dia do famoso discurso I Have a Dream, de Martin Luther King.

Um dos discursos mais conhecidos de Martin Luther King chama-se I Have a Dream. Ocorreu no dia 28 de agosto de 1963 para mais de 250 mil pessoas reunidas na Marcha sobre Washington.

O ato havia sido convocado por organizações religiosas, sindicatos e movimentos populares. A intenção era uma só: igualdade nos direitos civis da população negra dos Estados Unidos.

Várias leis regionais (leis Jim Crow) ainda previam a segregação, proibindo os negros de frequentarem os mesmos espaços que os brancos.

Em pé, nos degraus do Lincoln Memorial, ele discursou:

“Estou contente de me reunir hoje com vocês nesta que será conhecida como a maior demonstração pela liberdade na história de nossa nação.
Há dez décadas, um grande americano, sob cuja sombra simbólica nos encontramos hoje, assinou a Proclamação da Emancipação. Esse magnífico decreto surgiu como um grande farol de esperança para milhões de escravos negros que arderam nas chamas da árida injustiça. Ele surgiu como uma aurora de júbilo para pôr fim à longa noite de cativeiro.
Mas cem anos depois, o negro ainda não é livre. Cem anos depois, a vida do negro ainda está tristemente debilitada pelas algemas da segregação e pelos grilhões da discriminação.
Cem anos depois, o negro vive isolado numa ilha de pobreza em meio a um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos depois, o negro ainda vive abandonado nos recantos da sociedade na América, exilado em sua própria terra. Assim, hoje viemos aqui para representar a nossa vergonhosa condição.
De uma certa forma, vimos à capital da nação para descontar um cheque. Quando os arquitetos da nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e da Declaração da Independência (sim), eles estavam assinando uma nota promissória da qual todos os americanos seriam herdeiros. A nota era uma promessa de que todos os homens, sim, negros e brancos igualmente, teriam garantidos os ‘direitos inalienáveis à vida, à liberdade e à busca da felicidade’.
É óbvio neste momento que, no que diz respeito a seus cidadãos de cor, a América não pagou essa promessa. Em vez de honrar a sagrada obrigação, a América entregou à população negra um cheque ruim, um cheque que voltou com o carimbo de ‘sem fundos’.
No entanto, recusamos a acreditar que o banco da justiça esteja falido. Recusamos a acreditar que não haja fundos suficientes nos grandes cofres de oportunidade desta nação. E, assim, viemos descontar esse cheque, um cheque que nos garantirá, sob demanda, as riquezas da liberdade e a segurança da justiça.
Viemos também a este glorioso local para lembrar a América da urgência feroz do momento. Não é hora de se comprometer com o luxo do comedimento ou de tomar o tranquilizante do gradualismo. Agora é hora de concretizar as promessas da democracia (sim, Senhor).
Agora é hora de deixar o vale sombrio e desolado da segregação pelo caminho ensolarado da justiça racial. Agora é hora de conduzir a nossa nação da areia movediça da injustiça racial para a sólida rocha da fraternidade. Agora é hora de tornar a justiça uma realidade para todos os filhos de Deus.
Seria fatal para a nação ignorar a urgência do momento. Este verão sufocante do legítimo descontentamento dos negros não passará até que haja um outono revigorante de liberdade e igualdade. O ano de 1963 não é um fim, mas um começo. E aqueles que agora esperam que o negro se acomode e se contente terão uma grande surpresa se a nação voltar a negociar como de costume.
E não haverá descanso nem tranquilidade na América até que se conceda ao negro a sua cidadania. As tempestades da revolta continuarão a balançar os alicerces da nossa nação, até que floresça a luminosa manhã da justiça.
Mas há algo que devo dizer a meu povo, diante da entrada reconfortante do Palácio da Justiça: ao longo do processo de conquista do nosso merecido lugar, não podemos nos condenar com atos criminosos. Não devemos saciar a nossa sede de liberdade bebendo da taça da amargura e do ódio. Devemos sempre conduzir a nossa luta no mais alto nível de dignidade e disciplina.
Não podemos permitir que o nosso protesto degenere em violência física. Vezes sem fim, devemos nos elevar às majestosas alturas para confrontar a força física com a força da alma.
A nova e maravilhosa militância que engolfou a comunidade negra não deve nos levar a desconfiar de todos os homens brancos, pois muitos de nossos irmãos brancos, como se torna evidente com a sua presença aqui hoje, compreenderam que o seu destino está ligado ao nosso.
Eles compreenderam que a sua liberdade está atada à nossa, de forma inextricável. Não podemos caminhar sozinhos. E, enquanto caminhamos, devemos prometer que sempre marcharemos adiante. Não podemos voltar.
Há quem pergunte aos devotos dos direitos civis: ‘Quando ficarão satisfeitos?’ (Nunca). Não ficaremos satisfeitos enquanto o negro for vítima dos inenarráveis horrores da brutalidade policial. Não ficaremos satisfeitos enquanto os nossos corpos, pesados pela fadiga da viagem, não obtiverem hospitalidade nos hotéis das rodovias e das cidades.
Não ficaremos satisfeitos enquanto a única mobilidade social a que um negro possa aspirar seja deixar o seu gueto por um outro maior. Não ficaremos satisfeitos enquanto os nossos filhos forem despidos de sua personalidade e tiverem a sua dignidade roubada por cartazes com os dizeres ‘só para brancos’.
Não ficaremos satisfeitos enquanto o negro do Mississippi não puder votar e o negro de Nova York acreditar que não há por que votar. Não e não. Não estamos satisfeitos e nem ficaremos satisfeitos até que ‘a justiça jorre como uma fonte; e a equidade, como uma poderosa correnteza’.
Não ignoro que alguns de vocês enfrentaram inúmeros desafios e adversidades para chegar até aqui (sim, Senhor). Alguns de vocês recentemente abandonaram estreitas celas de prisão. Alguns de vocês vieram de regiões onde a busca por liberdade deixou-os abatidos pelas tempestades da perseguição e abalados pelos ventos da brutalidade policial.
Vocês são os veteranos do sofrimento profícuo. Continuem a lutar com a fé de que o sofrimento imerecido é redentor. Voltem para o Mississippi, voltem para o Alabama, voltem para a Carolina do Sul, voltem para a Geórgia, voltem para a Louisiana, voltem para os cortiços e para os guetos das cidades do Norte, conscientes de que, de algum modo, essa situação pode e será transformada (sim). Não afundemos no vale do desespero.
E digo-lhes hoje, meus amigos, mesmo diante das dificuldades de hoje e de amanhã, ainda tenho um sonho, um sonho profundamente enraizado no sonho americano.
Eu tenho um sonho de que um dia esta nação se erguerá e experimentará o verdadeiro significado de sua crença: ‘Acreditamos que essas verdades são evidentes, que todos os homens são criados iguais’ (sim).
Eu tenho um sonho de que um dia, nas encostas vermelhas da Geórgia, os filhos dos antigos escravos sentarão ao lado dos filhos dos antigos senhores, à mesa da fraternidade.
Eu tenho um sonho de que um dia até mesmo o estado do Mississippi, um estado sufocado pelo calor da injustiça, sufocado pelo calor da opressão, será um oásis de liberdade e justiça.
Eu tenho um sonho de que os meus quatro filhos pequenos viverão um dia numa nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo conteúdo de seu caráter (Sim, Senhor). Hoje, eu tenho um sonho!
Eu tenho um sonho de que um dia, lá no Alabama, com o seu racismo vicioso, com o seu governador de cujos lábios gotejam as palavras ‘intervenção’ e ‘anulação’, um dia, bem no meio do Alabama, meninas e meninos negros darão as mãos a meninas e meninos brancos, como irmãs e irmãos. Hoje, eu tenho um sonho.
Eu tenho um sonho de que um dia todo vale será alteado (sim) e toda colina, abaixada; que o áspero será plano e o torto, direito; ‘que se revelará a glória do Senhor e, juntas, todas as criaturas a apreciarão’ (sim). Esta é a nossa esperança, e esta a fé que levarei comigo ao voltar para o Sul (sim). Com esta fé, poderemos extrair da montanha do desespero uma rocha de esperança (sim). Com esta fé, poderemos transformar os clamores dissonantes da nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade.
Com esta fé (sim, Senhor), poderemos partilhar o trabalho, partilhar a oração, partilhar a luta, partilhar a prisão e partilhar o nosso anseio por liberdade, conscientes de que um dia seremos livres. E esse será o dia, e esse será o dia em que todos os filhos de Deus poderão cantar com um renovado sentido:
O meu país eu canto. Doce terra da liberdade, a ti eu canto.
Terra em que meus pais morreram, / Terra do orgulho peregrino, / Nas encostas de todas as montanhas, que a liberdade ressoe!
E se a América estiver destinada a ser uma grande nação, isso se tornará realidade.
E, assim, que a liberdade ressoe (sim) nos picos prodigiosos de New Hampshire.
Que a liberdade ressoe nas grandiosas montanhas de Nova York.
Que a liberdade ressoe nos elevados Apalaches da Pensilvânia.
Que a liberdade ressoe nas Rochosas nevadas do Colorado.
Que a liberdade ressoe nos declives sinuosos da Califórnia (sim).
Mas não apenas isso: que a liberdade ressoe na Montanha de Pedra da Geórgia (sim).
Que a liberdade ressoe na Montanha Lookout do Tennessee (sim).
Que a liberdade ressoe em toda colina do Mississippi (sim). Nas encostas de todas as montanhas, que a liberdade ressoe!
E quando acontecer, quando ressoar a liberdade, quando a liberdade ressoar em cada vila e em cada lugarejo, em cada estado e cada cidade, anteciparemos o dia em que todos os filhos de Deus, negros e brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, juntarão as mãos e cantarão as palavras da velha canção dos negros:
Livres afinal! Livres afinal!
Graças ao Deus Todo-Poderoso, / Estamos livres afinal!”

A seguir, um trecho deste discurso feito por ele, em vídeo com reconstituição em cores:

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