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Palantir: a Big Tech acusada de atacar a liberdade de expressão

Palantir é a empresa por trás dos sistemas de dados do Exército dos EUA. Entenda como ela age e por que preocupa

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
30/9/2025 17:27
Shutterstock/PJ McDonnell

No universo de J.R.R Tolkien, as palantíri são pedras videntes que permitem ver eventos que estão ocorrendo em tempo real. Ao total são sete pedras que também se comunicam entre si e tem o poder de mostrar diversas coisas e eventos ao redor do mundo. 

Inspirados nesta história, Alex Karp, Stephen Cohen. Joe Lonsdale e Peter Thiel fundaram em 2004 a Palantir Technologies, uma empresa de análise de dados (“data-mining”) de escala governamental e corporativa. 

Hoje, a Palantir possui contratos com negócios como a Wendy’s e instituições como o Departamento da Defesa do Governo dos Estados Unidos e o Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido. A Palantir é uma das 20 empresas mais ricas no mundo, e um dos gigantes tecnológicos das últimas décadas.

Segundo a própria empresa, sua missão é “desenhar tecnologia que ajude às instituições a proteger a liberdade”, mas em anos mais recentes, críticas surgiram relacionadas ao potencial perigo que a Palantir representa para a liberdade de expressão, assim como aos direitos civis e à privacidade das pessoas.

O que você vai encontrar neste artigo?

Como nasceu a Palantir? 

Palantir é fundada por Peter Thiel, cofundador da plataforma de pagamentos Paypal. O nascimento da Palantir ocorreu nos Estados Unidos após ataques de 11 de setembro, motivado pelo desejo de amplificar a tecnologia antifraude que tinha desenvolvido para PayPal e utilizá-la como tecnologia de segurança e antiterrorismo.

Para a fundação, Thiel buscou a ajuda de seu companheiro de quarto na Universidade de Stanford, Alex Karp (atual CEO da empresa), e de seu ex-sócio na Clarium Capital, Stephen Cohen (atual presidente). Thiel trabalha como presidente do Conselho Administrativo da Palantir.

Além disso, a Palantir nasceu com a ajuda financeira da In-Q-Tel, o braço de investimentos da CIA. In-Q-Tel é uma empresa bancada pela CIA para desenvolver tecnologia de informação que ajude à Agência em seus trabalhos de inteligência.

Palantir e a Inteligência Artificial

A Palantir conseguiu atingir um novo patamar após desenvolver seu próprio sistema de IA, apoiado em seus dois softwares de segurança e gestão, Gotham e Foundry. Ambos têm como objetivo o “encanamento de dados”: conectam fontes, descartam informações que consideram irrelevantes, catalogam, hierarquizam e sistematizam as informações.

Este sistema gerou para a Palantir uma explosão de receita, levando-a à posição 19 das empresas mais ricas do mundo, segundo a própria NASDAQ. As ações da Palantir aumentaram 2800% desde 2023 e a empresa alcançou um valor de mercado superior a US$443 bilhões (R$2,359 trilhões)

Palantir atingiu este nível graças a contratos bilionários, especialmente com o Departamento da Defesa dos EUA. Atualmente, a empresa soma quase US$12,5 bilhões (aproximadamente R$66,4 bilhões) em 4 projetos do Exército norte-americano.

Outras operações de alto nível da Palantir com o governo norte-americano é o contrato “ImmigrationOS” com o ICE, o órgão responsável pela imigração nos EUA.

A Palantir é uma ameaça à liberdade de expressão?

O foco das atividades da Palantir é a segurança, e tem desenvolvido uma íntima relação com o governo dos EUA. Para alguns empresários do Vale do Silício como Paul Graham, a Palantir está construindo um “Estado policial”.

Ex-funcionários da empresa tecnológica publicaram uma carta denunciando o risco da Palantir.

“As Big Tech, incluindo a Palantir, são cada vez mais cúmplices, normalizando o autoritarismo sob o pretexto de uma “revolução” liderada por oligarcas. Devemos resistir a este trend”, disse a carta.

Em um texto publicado pelo New York Times intitulado “Does Palantir See Too Much?” (Será que a Palantir vê demais?) Ben Wizner da União Americana das Liberdades Civis (ACLU, pelas siglas em inglês) disse que “o software da Palantir é um mecanismo pelo qual o governo pode nos vigiar mais de perto”. 

Jay Stanley, analista da ACLU, propôs um cenário mais escuro:

"Palantir pode provocar “um verdadeiro pesadelo totalitário, monitorando as atividades de norte-americanos inocentes a uma escala massiva”, disse.

Para diversos especialistas, muita segurança apaga a liberdade, e o foco de segurança da Palantir representa um risco às liberdades dos cidadãos. Segundo eles, o monitoramento é um perigo que potencializa a censura de uma rede de instituições privadas e públicas. Decidimos investigar este complexo e trazer informações pouco conhecidas pelo público, compiladas no documentário “God Complex”, a primeira produção lançada nos EUA da Brasil Paralelo. Assista agora o trailer:

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