No universo de J.R.R Tolkien, as palantíri são pedras videntes que permitem ver eventos que estão ocorrendo em tempo real. Ao total são sete pedras que também se comunicam entre si e tem o poder de mostrar diversas coisas e eventos ao redor do mundo.
Inspirados nesta história, Alex Karp, Stephen Cohen. Joe Lonsdale e Peter Thiel fundaram em 2004 a Palantir Technologies, uma empresa de análise de dados (“data-mining”) de escala governamental e corporativa.
Hoje, a Palantir possui contratos com negócios como a Wendy’s e instituições como o Departamento da Defesa do Governo dos Estados Unidos e o Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido. A Palantir é uma das 20 empresas mais ricas no mundo, e um dos gigantes tecnológicos das últimas décadas.
Segundo a própria empresa, sua missão é “desenhar tecnologia que ajude às instituições a proteger a liberdade”, mas em anos mais recentes, críticas surgiram relacionadas ao potencial perigo que a Palantir representa para a liberdade de expressão, assim como aos direitos civis e à privacidade das pessoas.
Palantir é fundada por Peter Thiel, cofundador da plataforma de pagamentos Paypal. O nascimento da Palantir ocorreu nos Estados Unidos após ataques de 11 de setembro, motivado pelo desejo de amplificar a tecnologia antifraude que tinha desenvolvido para PayPal e utilizá-la como tecnologia de segurança e antiterrorismo.
Para a fundação, Thiel buscou a ajuda de seu companheiro de quarto na Universidade de Stanford, Alex Karp (atual CEO da empresa), e de seu ex-sócio na Clarium Capital, Stephen Cohen (atual presidente). Thiel trabalha como presidente do Conselho Administrativo da Palantir.
Além disso, a Palantir nasceu com a ajuda financeira da In-Q-Tel, o braço de investimentos da CIA. In-Q-Tel é uma empresa bancada pela CIA para desenvolver tecnologia de informação que ajude à Agência em seus trabalhos de inteligência.
Palantir e a Inteligência Artificial
A Palantir conseguiu atingir um novo patamar após desenvolver seu próprio sistema de IA, apoiado em seus dois softwares de segurança e gestão, Gotham e Foundry. Ambos têm como objetivo o “encanamento de dados”: conectam fontes, descartam informações que consideram irrelevantes, catalogam, hierarquizam e sistematizam as informações.
Este sistema gerou para a Palantir uma explosão de receita, levando-a à posição 19 das empresas mais ricas do mundo, segundo a própria NASDAQ. As ações da Palantir aumentaram 2800% desde 2023 e a empresa alcançou um valor de mercado superior a US$443 bilhões (R$2,359 trilhões).
Palantir atingiu este nível graças a contratos bilionários, especialmente com o Departamento da Defesa dos EUA. Atualmente, a empresa soma quase US$12,5 bilhões(aproximadamente R$66,4 bilhões) em 4 projetos do Exército norte-americano.
Outras operações de alto nível da Palantir com o governo norte-americano é o contrato “ImmigrationOS” com o ICE, o órgão responsável pela imigração nos EUA.
A Palantir é uma ameaça à liberdade de expressão?
O foco das atividades da Palantir é a segurança, e tem desenvolvido uma íntima relação com o governo dos EUA. Para alguns empresários do Vale do Silício como Paul Graham, a Palantir está construindo um “Estado policial”.
Ex-funcionários da empresa tecnológica publicaram uma carta denunciando o risco da Palantir.
“As Big Tech, incluindo a Palantir, são cada vez mais cúmplices, normalizando o autoritarismo sob o pretexto de uma “revolução” liderada por oligarcas. Devemos resistir a este trend”, disse a carta.
Em um texto publicado pelo New York Times intitulado “Does Palantir See Too Much?” (Será que a Palantir vê demais?) Ben Wizner da União Americana das Liberdades Civis (ACLU, pelas siglas em inglês) disse que “o software da Palantir é um mecanismo pelo qual o governo pode nos vigiar mais de perto”.
Jay Stanley, analista da ACLU, propôs um cenário mais escuro:
"Palantir pode provocar “um verdadeiro pesadelo totalitário, monitorando as atividades de norte-americanos inocentes a uma escala massiva”, disse.
Para diversos especialistas, muita segurança apaga a liberdade, e o foco de segurança da Palantir representa um risco às liberdades dos cidadãos. Segundo eles, o monitoramento é um perigo que potencializa a censura de uma rede de instituições privadas e públicas. Decidimos investigar este complexo e trazer informações pouco conhecidas pelo público, compiladas no documentário “God Complex”, a primeira produção lançada nos EUA da Brasil Paralelo. Assista agora o trailer: