Durante a 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, um incidente envolvendo Donald Trump e uma escada rolante interrompida deu origem a uma investigação oficial do Serviço Secreto dos EUA, com suspeitas de sabotagem.
Ao subir com a primeira-dama, Melânia, a escada rolante parou abruptamente. Embora tratado com humor pelo presidente, o episódio ganhou contornos mais sérios após reportagens apontarem que funcionários da ONU haviam feito “piadas” sobre desligar escadas e elevadores.
O propósito destas ações seria fazer um protesto simbólico aos cortes orçamentários promovidos pelo governo Trump.
A Casa Branca alegou que não foi apenas a escada rolante, mas vários eventos durante a cerimônia que levantaram suspeitas no Serviço Secreto. Para a Secretária de Imprensa do governo, Karoline Leavitt, tudo faz parte de uma conspiração para sabotar o presidente.
Este não é o único caso que envolve um desencontro entre o governo de Donald Trump e a ONU, órgão que é alvo de críticas e políticas do republicano há anos.
Em 2016, o recém-eleito presidente Donald Trump criticou a ONU através do X após o órgão ter emitido uma política contra o assentamento de forças israelenses em territórios palestinos.
“A ONU tem um grande potencial, mas agora é somente um clube para que pessoas se reúnam, conversem e passem um bom tempo. Que triste!”, disse Trump.
O presidente sinalizou em outro tuíte que as coisas mudariam depois de assumir o cargo: “Em relação à ONU, as coisas serão diferentes depois de 20 de janeiro”, fazendo referência à data em que tomaria posse.
Após ter anunciado que a abordagem no relacionamento com a ONU mudaria, Trump cortou o financiamento da Agência de Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) em 2017.
O Departamento do Estado afirmou que a UNFPA apoia e realiza abortos e esterilizações forçadas na China.
A dimensão do corte foi de quase US$33 milhões (aproximadamente R$ 225.393.457,41)
Segundo a BBC, o Departamento do Estado disse que “essa determinação foi feita com base no fato de que as políticas de planejamento familiar da China ainda envolvem o uso de aborto coercitivo e esterilização involuntária, e o UNFPA faz parcerias em atividades de planejamento familiar com a agência do governo chinês responsável por essas políticas coercitivas”.
Em junho de 2018, os Estados Unidos formalizaram sua saída do Conselho de Direitos Humanos da ONU (UNHRC), decisão anunciada pela então embaixadora Nikki Haley e pelo secretário de Estado Mike Pompeo.
A justificativa foi o “viés crônico contra Israel” e a presença de países violadores de direitos humanos entre os membros do conselho.
Sob o governo Trump, os Estados Unidos consideraram o Conselho de Direitos Humanos um “poço de preconceito político” hipócrita e egoísta.
Em agosto de 2018, o governo Trump anunciou o fim do apoio financeiro à UNRWA, a principal agência da ONU dedicada aos refugiados palestinos. A decisão impactou cerca de 5 milhões de pessoas que dependem da organização para acesso a escolas, atendimento médico e serviços sociais.
O Departamento de Estado classificou a agência como “irremediavelmente falha” e afirmou que os EUA não continuariam arcando com “uma parcela desproporcional do ônus financeiro”.
Nesse momento, os Estados Unidos eram os maiores financiadores da UNRWA. Um terço do seu orçamento anual de $1.1 bilhões vinha do governo norte-americano (aproximadamente 333.3 milhões de dólares, 1.7 bilhões de reais).
No dia 1º de janeiro de 2019, os Estados Unidos formalizaram sua saída da UNESCO, a agência da ONU para educação, ciência e cultura.
A decisão coroou um processo iniciado em 2017, quando os Estados Unidos acusaram a organização de alimentar um “viés anti-Israel” em um comunicado feito pelo Departamento de Estado.
“Esta decisão não foi tomada levemente e reflete as preocupações dos Estados Unidos com os crescentes atrasos na UNESCO, a necessidade de uma reforma fundamental na organização e o preconceito anti Israel persistente na UNESCO”.
O governo Trump exigia reformas estruturais e criticava as antigas resoluções da entidade sobre Jerusalém e Palestina.
Durante a pandemia de coronavírus, o presidente Donald Trump intensificou suas críticas à Organização Mundial da Saúde (OMS), órgão da ONU especializado em saúde, acusando-a de estar “do lado da China”.
Em outra ocasião, Trump criticou as inconsistências dos estudos da OMS sobre as características do vírus.
“Até meados de janeiro, (a OMS) repetia a ideia de que não havia transmissão de pessoa para pessoa, apesar de evidências claras do contrário”.
Em abril de 2020, Trump suspendeu temporariamente os repasses financeiros dos EUA, que era o maior doador da entidade da ONU. Em julho, anunciou oficialmente a saída dos Estados Unidos da OMS, alegando que a organização falhou em agir com transparência.
O ano de 2025 tem se mostrado como o de maior tensão entre o governo dos Estados Unidos e a ONU. O presidente Donald Trump anunciou este mês o afastamento dos EUA do Conselho de Direitos Humanos da ONU. O afastamento do Conselho de Direitos Humanos repete decisão tomada durante seu primeiro mandato, em 2018. Os Estados Unidos não ocupam uma cadeira no Conselho desde 2024.
Além disso, Trump estendeu a suspensão de financiamento à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA). Como expansão da política, também determinou uma revisão de tratados e instituições internacionais consideradas, segundo ele, promotoras de ideias contrárias aos interesses dos EUA.
Segundo dados oficiais, os EUA respondem por 22% do orçamento regular da ONU e 27% do orçamento de missões de paz. O total devido no momento gira em torno de 2,8 bilhões de dólares (quase 15 bilhões de reais).
Durante seu discurso na Assembleia Geral, Trump criticou a própria ONU por “promover uma agenda globalista de migração” e afirmou que programas da entidade estariam financiando uma “invasão” de imigrantes nos países ocidentais.
Neste mesmo evento, uma “tripla sabotagem” está sendo considerada pela administração Trump, e investigada pelo seu serviço secreto: uma suposta sabotagem na escada, no teleprompter e no sistema de áudio.
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