Um vídeo documental chamado “Adultização” foi postado no YouTube na última sexta-feira, 8 de agosto. Mesmo sem uma thumbnail ou título apelativo, em apenas quatro dias, o conteúdo rompeu a marca de 27 milhões de visualizações. Print com thumb do vídeo com zoom na capa, depois zoom na quantidade de views.
Ao longo de 50 minutos, o influenciador Felca abandonou o humor que o consagrou para conduzir uma investigação séria e urgente:
Expor um sistema de sexualização infantil e adultização de menores nas redes sociais, mostrando como plataformas e algoritmos não apenas toleram, mas acabam impulsionando e ampliando o alcance desse conteúdo.
Mas quem é Felca e por que ele resolveu abordar este tema?
Veja um panorama completo.
Felipe Bressanim Pereira, mais conhecido como Felca, é natural de Londrina, Paraná, e começou sua trajetória online em 2012 como streamer de jogos.
Em 2017, consolidou o canal “Felca” no YouTube, que rapidamente cresceu para milhões de inscritos com vídeos de comédia e comentários sobre cultura pop. Ilustrar com vídeos do Felca
Conhecido pelo tom irônico e autodepreciativo, Felca acumulou mais de 5 milhões de inscritos no YouTube e quase 15 milhões de seguidores no Instagram. Prints dos inscritos do YT e seguidores do Insta do Felca
Em maio de 2023, um vídeo em que zombava da maquiagem da influenciadora Virgínia Fonseca viralizou e ultrapassou 19 milhões de visualizações.
Em maio de 2025, Felca começou a utilizar seu alcance para tratar de temas mais relevantes. Um deles aborda o vício em jogos de azar e a influência de apostas online, como o jogo do tigrinho e as bets esportivas.
E na semana passada, seu vídeo sobre adultização tornou-se o conteúdo mais assistido do seu canal.
Com histórico pessoal de luta contra a ansiedade e a depressão, ele assumiu uma postura de ajudar quem passa por dificuldades.
Ao analisar o caso da sexualização infantil, ele prometeu enfrentar as consequências de “mexer nesse vespeiro".
E sobre o que fala o vídeo viral do Felca?
O vídeo “Adultização” foi estruturado como um dossiê. Felca apresentou gravações, prints e trechos de investigações já em curso.
O material percorre um caminho que começa na “exposição por like”, passa pela chamada “adultização” de crianças e chega a casos graves de exploração, inclusive com indícios de participação de responsáveis.
As denúncias são feitas em fases:
Muitos pais não percebem os riscos da exposição infantil nas redes sociais. Simples fotos e vídeos de crianças na piscina ou na praia com a família podem acabar sendo usadas para alimentar perversões sexuais.
Redes de abusadores passam a consumir e compartilhar, em grupos online, essas fotos e vídeos inofensivos aos olhos dos pais.
Segundo Felca, esses grupos driblam a moderação das plataformas usando códigos, como GIFs em inglês, que são mais difíceis de rastrear por sistemas automatizados.
Um exemplo é o termo “trade”, que significa “troca”. Segundo ele, indica que o usuário possui material infantil e quer negociar em privado.
Outro gif muito utilizado é o “Link in Bio”, indicando que esses perfis contém links para grupos de Telegram onde conteúdos de Pornografia Infantil são postados sem moderação.
O youtuber alerta que perfis infantis com grande número de seguidores, mesmo com conteúdo aparentemente inocente, acabam servindo de ponto de encontro para criminosos.
Ele responsabiliza não apenas os criadores de conteúdo, mas também os pais que permitem ou incentivam a exposição dos filhos e as plataformas que fazem vistas grossas e lucram com a audiência.
Para entender mais sobre como proteger seus filhos de abusadores, assista aos dois episódios do podcast Conversa Paralela sobre o tema, postados aqui no canal da Brasil Paralelo.
Vitória Reis e Victoria Marconi comentam sobre abuso sexual infantil, com dicas úteis para preservar a inocência das crianças:
A Delegada Sheila mostra como abusadores agem online e o que os pais precisam fazer para proteger os menores de idade na internet:
Assista de graça aos dois episódios nos links acima
Entre os exemplos iniciais, Felca cita o canal “Bel para Meninas”, em que a mãe teria induzido a filha desde pequena a situações desconfortáveis (inclusive enjoo) para aumentar o engajamento.
Bel Peres, hoje com 18 anos, respondeu ao vídeo de Felca. A menina defende seus pais, dizendo que se eles não a apoiassem na carreira digital, seria uma desempregada sem vocação
O ponto central da polêmica é a sexualização de menores em uma espécie de reality show. Uma das envolvidas é Kamylinha, que teria começado a gravar vídeos com apenas 12 anos de idade.
Segundo a denúncia, Kamylinha passou por processo de crescente sexualização, incluindo implante de silicone, shows com coreografias sexualizadas e festas com álcool na presença de adultos.
Após a repercussão do vídeo, as contas de Hytalo e Kamylinha no instagram foram derrubadas. Em sua defesa, Hytalo nega as acusações e afirma que todos os jovens eram emancipados.
O Ministério Público da Paraíba já investigava Hytalo por uma denúncia anônima de possíveis práticas de exploração de crianças e adolescentes. Ele também era investigado por um suposto esquema de aliciamento de menores e abuso sexual.
As denúncias citam ainda outro caso, que Felca destaca como sendo o mais grave. Trata-se de Caroliny Dreher, que começou a postar vídeos aos 11 anos e teve conteúdo sexual explícito produzido e vendido pela própria mãe.
Aos 14 anos, segundo a denúncia, conteúdos foram comercializados em plataformas para maiores de 18 anos sob supervisão da mãe. Parte desse material vazou para fóruns de pedofilia. Pessoas próximas relataram que a adolescente foi afastada da mãe e está com a avó.
Para mostrar o papel das plataformas, Felca criou uma conta do zero e interagiu apenas com vídeos que mostravam crianças.
Em pouco tempo, os algoritmos passaram a recomendar conteúdos que levavam a comunidades onde material sensível circulava.
A crítica central: as plataformas têm tecnologia para coibir a circulação desse material, mas não agem na velocidade necessária.
O vídeo do Felca sobre a adultização das crianças mobilizou milhões de brasileiros de diferentes campos políticos. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, postou dizendo que vai pautar nesta semana projetos sobre proteção de crianças nas redes sociais.
Érika Hilton agradeceu ao youtuber e disse que reforçou a denúncia contra a exploração de menores na Polícia Federal.
Nikolas Ferreira postou dizendo que Felca “mexeu no vespeiro” e pede para que Deus o abençoe nessa jornada.
Felipe Neto, outrora investigado pelo Ministério Público por supostamente infringir o Estatuto da Criança e do Adolescente, postou que o conteúdo precisa ser assistido por todos.
Lideranças de esquerda como Guilherme Boulos utilizaram suas redes sociais para promover o vídeo e retomar o assunto da regulação das plataformas.
Porém, internautas lembraram que o político psolista votou contra o projeto de Lei 1.112/2023, que previa aumento da pena para crimes hediondos, incluindo estupro de vulnerável.
Internautas relembraram também o caso da Ilha de Marajó, quando a ex-Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, expôs uma rede de aliciadores e não teve o apoio necessário da mídia e da classe política.
Segundo uma investigação global publicada na revista The Lancet, uma em cada seis meninas no Brasil já sofreu algum tipo de abuso sexual. O levantamento, realizado entre 1990 e 2023, analisou dados de 204 países.
Em 2024, o Brasil passou a ocupar o 5º lugar no ranking mundial de denúncias online, segundo a organização InHope, que reúne informações de 55 canais de denúncia de crimes na internet em todo o mundo.
A adultização infantil é resultado de um ecossistema digital movido pelo lucro do engajamento — mesmo que isso custe a integridade de menores.
A cultura pop, incluindo músicas com letras sexualizadas e coreografias repetidas por crianças, atua como combustível para o problema.
Se você quer entender mais sobre como a música influencia comportamentos, molda culturas e até interfere na formação de valores desde a infância, esse é o tema da trilogia documental A Primeira Arte, produzida com exclusividade pela Brasil Paralelo.
São 3 episódios para compreender o poder dessa linguagem universal.
A obra investiga por que somos uma espécie auditiva, como as relações harmônicas afetam nossas emoções e quais são os efeitos das músicas que consumimos diariamente.
Com apresentação do pianista Alvaro Siviero e depoimentos de grandes nomes da música internacional, a série é um mergulho profundo no universo sonoro que nos acompanha desde o ventre materno.
Assista para descobrir como melodias, ritmos e letras são capazes de inspirar, unir ou até influenciar comportamentos em massa — e por que compreender isso é fundamental para proteger nossas crianças nos dias de hoje.
Tornando-se membro da Brasil Paralelo você assiste mais conteúdos relacionados a trilogia A Primeira Arte e a mais de 100 produções originais exclusivas em nosso streaming.
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