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História
3
min de leitura

Conheça a história da família que andou 3 mil quilômetros para escapar da Coreia do Norte

A família aguentou o frio de -30 graus e viajou com cápsulas de veneno na boca caso fossem capturados

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
17/11/2025 12:18
BBC

Dentro da ditadura mais fechada do mundo, uma família decidiu fugir, ainda que pudesse acabar em morte ou prisão. 

“Mesmo que fosse para morrer, eu precisava sair de lá”. Foi com esse pensamento que a senhora Park, junto ao filho Andy, iniciou uma das fugas mais dramáticas da Coreia do Norte

Sob um regime que pune a deserção com prisão, tortura ou execução, os dois caminharam por 3 mil quilômetros até alcançarem a liberdade. 

A jornada dos Park foi acompanhada por jornalistas em 2014, e revelou a realidade de um dos maiores regimes totalitários no mundo.

O que você vai encontrar neste artigo?

A história da família Park

Tudo começa quando as duas filhas mais velhas conseguiram escapar para a Coreia do Sul. Nesse momento, a senhora Park decidiu seguir o mesmo caminho. 

Em 2014, ela e Andy cruzaram o rio que separa a Coreia do Norte da China, um ato considerado traição. Durante dias, vagaram pelas montanhas, enfrentando o frio de -30 °C e a fome.

Em meio aos perigos da natureza, Park chegou a pedir que o filho a deixasse morrer, mas Andy recusou: “Como eu vou te abandonar em um lugar tão remoto?”, respondeu ele. 

Depois de três dias, foram acolhidos por camponeses chineses que arriscaram suas próprias vidas para ajudá-los. Com os pés necrosados, mãe e filho seguiram viagem em direção ao Laos, escondidos em veículos e caminhando por trilhas isoladas.

Carregavam cápsulas de veneno nos dentes, um último recurso caso fossem capturados pela polícia chinesa, que costuma deportar desertores de volta à Coreia do Norte, onde são condenados à morte.

Quando finalmente chegaram ao Laos, descobriram que a senhora Park precisaria amputar todos os dedos dos pés. Mesmo assim, ela considerou aquilo uma vitória: “Tenho sorte de estar viva”, disse.

Hoje, já adaptada à vida em Seul, Park ainda carrega as marcas da fuga. O filho, Andy, tornou-se artista, retratando nas telas as duas Coreias e a cicatriz que divide uma mesma nação.

Como é a vida na Coreia do Norte?

A Coreia do Norte combina repressão interna absoluta com uma postura militar agressiva no exterior

O país vive isolado e empobrecido, comandado por Kim Jong Un, herdeiro de um regime que já manteve entre 80 mil e 120 mil presos políticos e eliminou opositores, incluindo o próprio meio-irmão do líder. 

Enquanto o regime ameaça Japão, Coreia do Sul e até os Estados Unidos com mísseis balísticos e testes nucleares, a população enfrenta censura total, vigilância permanente e fome crônica.

A fronteira com o Sul é uma das mais militarizadas do planeta: de um lado, 1,2 milhão de soldados norte-coreanos; do outro, tropas sul-coreanas e 29 mil militares americanos

Dentro do país, mobilidade é praticamente proibida, acesso à informação é crime e possuir conteúdo estrangeiro pode levar à execução pública.

O programa nuclear sustenta o isolamento estratégico do regime, enquanto a economia colapsa e a fome avança. 

Desde a pandemia, o fechamento quase total das fronteiras aprofundou a miséria e reduziu as chances de fuga a quase zero

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