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O que foi a Revolução Sexual? Principais características, teóricos e consequências

Feminismo
Filosofia
Revolução Sexual
Revolução Sexual
-
Redação Brasil Paralelo

O termo “Revolução Sexual” refere-se às revoluções sociais e culturais que ocorreram em vários países em 1960, como França, Alemanha, EUA e Brasil, por exemplo. A invenção da pílula anticoncepcional acompanhou estes avanços, facilitando o sexo sem compromisso, vivido de forma livre e diversificada.

Para esclarecer as etapas da Revolução Sexual global, tanto antes dos anos 60 como atualmente, precisamos entender como isto se relaciona com as ondas do Feminismo.

Uma das maiores estudiosas do tema é a professora Ana Caroline Campagnolo, autora do livro Feminismo: Perversão e Subversão.

Ela foi convidada para ministrar um curso sobre feminismo na Brasil Paralelo. Ao se tornar membro, você assiste a este curso e a muitos outros.

Neste curso, a professora mostra como o Feminismo e a Revolução Sexual estão diretamente ligados. Ao longo deste artigo, veremos nomes e citações dos ideólogos mais influentes sobre o assunto. Ressaltamos até mesmo que você verá citações fortes e explícitas, citadas na íntegra.

  • Para saber mais sobre as origens do feminismo e sua influência na história moderna, a Brasil Paralelo elaborou um e-book sobre Feminismo feito com base nos estudos da historiadora Ana Campagnolo. Não perca a oportunidade de conhecer as origens e os principais pensadores de um movimento que influencia o debate público de hoje.

O que você vai encontrar neste artigo?

O que foi a Revolução Sexual?

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Hippies fazendo apologia à liberdade sexual.

A Revolução Sexual foi uma forma de pensar sobre a liberdade sexual humana desafiando a moral tradicional. Atingiu seu ápice nos anos 60, embora este não tenha sido seu início. Durou até aproximadamente a década de 70.

A principal ruptura foi com as relações heterossexuais e monogâmicas (apenas entre duas pessoas).

Surgiu também a forte apologia da contracepção e a pílula do dia seguinte. A nudez em público tornou-se uma forma de protesto e expressão artística, principalmente entre os jovens hippies. Toda forma alternativa de sexualidade e o aborto também recebeu uma forte defesa.

Para David Allyn, a Revolução Sexual foi o momento em que a sociedade “saiu do armário” em relação ao sexo antes do casamento, masturbação, fantasias eróticas, pornografia e sexualidade.

Enfim, prevaleceu o entendimento de que se deveria mudar a natureza dos homens, mudar a natureza das mulheres e mudar a natureza da relação entre homens e mulheres.

As principais características da Revolução Sexual são:

  • Reforma dos costumes sexuais;
  • Fim do casamento;
  • Fim da família tradicional;
  • Fim da monogamia;
  • Aborto;
  • Propaganda do puro amor;
  • Propaganda do aborto;
  • Facilitação do divórcio;
  • Aceitação do adultério;
  • Pedofilia;
  • Incesto;
  • Ménage;
  • Zoofilia.

A relação da Revolução Sexual com o Feminismo

É comum vermos ser ensinado que a Revolução Sexual começou nos anos 60, mas na verdade, nesta década vemos o seu retorno. O verdadeiro início está entre os séculos XVIII e XIX, como veremos a seguir.

Para reforçar a ideia de que o Feminismo se confunde com a Revolução Sexual, temos esta defesa em uma das mães do movimento feminista, Kate Millet. Ela reforça esta ideia em seu livro Política Sexual.

A intenção sempre foi que a Revolução Sexual deveria ser o motor das transformações nas relações humanas, nas relações do casamento e na família.

A instrumentalização do sexo na política

A relação da Revolução Sexual com o Feminismo É comum vermos ser ensinado que a Revolução Sexual começou nos anos 60, mas na verdade, nesta década vemos o seu retorno. O verdadeiro início está entre os séculos XVIII e XIX, como veremos a seguir.  Para reforçar a ideia de que o Feminismo se confunde com a Revolução Sexual, temos esta defesa em uma das mães do movimento feminista, Kate Millet. Ela reforça esta ideia em seu livro Política Sexual.  A intenção sempre foi que a Revolução Sexual deveria ser o motor das transformações nas relações humanas, nas relações do casamento e na família.  A instrumentalização do sexo na política
Cabeça de João Batista sendo entregue a Salomé numa bandeja.

Quando falamos de sexo, podemos pensar em sua finalidade fisiológica (procriação e prazer) e sua finalidade material (troca do prazer por dinheiro, ou seja, prostituição). Mas isso não termina aí. A pretensão da Revolução Sexual era usar o sexo para um propósito político.

Vemos na Bíblia, um antigo exemplo da liberdade sexual em troca de controle político. O que percebemos quando nos relembramos da história de Salomé e João Batista?

Por fragilidade sexual, o rei concedeu poder político a uma mulher, algo que ela não teria tido se não tivesse dançado de forma sensual.

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A primeira etapa da Revolução Sexual

Em 1750 começaram a surgir os primeiros pensadores da Revolução Sexual. As pessoas começaram a pensar que se fossem sexualmente liberadas para qualquer coisa, estariam livres. Caso contrário, estariam oprimidas. Pensavam que nisto se resumia a liberdade.

Já em meados de 1789, durante a Revolução Francesa, alguns pensadores começaram a teorizar o assunto.

O anticristianismo

A Revolução Sexual é necessariamente anticristã. Para perceber como ela volta no tempo, vale destacar o exemplo da autora Cristina de Pisano. Em 1405, ela escreveu um livro para satirizar Santo Agostinho e sua obra moral, chamado O livro da Cidade das Damas.

O nome dessa obra satiriza “A Cidade de Deus” que Santo Agostinho legou à humanidade.  

Este mesmo fenômeno tem se repetido ao longo dos anos. “O Despertar do Mundo Novo” de Aldous Huxley também demonstra isso. Nele, vemos a disputa entre sexo e poder retratada.

As pautas dos direitos civis sexuais parecem simples e casuais, mas por trás delas existe um projeto político de destruição da família. Cada afirmação disso será provada com citações neste artigo.

O Movimento Iluminista

A origem de todas as ondas feministas está em pensadores homens, não em mulheres. Foram os teóricos iluministas que começaram tudo isso.

A primeira defesa feita por esses pensadores era o fim da ordem cristã. Segundo defendiam, a régua do comportamento moral não podia ser cristã.

Com a racionalização das coisas e com a ciência ganhando o status de religião, o materialismo predominou e o transcendente foi combatido e deixado de lado.

Na Revolução Francesa, a fé e a Igreja são consideradas cânceres da humanidade. A Revolução Sexual surge e cresce na França, principalmente.

Os primeiros pais da Revolução Sexual

Veremos a seguir os primeiros teóricos que publicaram teorias sexuais entre os séculos XVIII, XIX e XX. O biólogo Aldres Kinsey (1894 – 1956), por exemplo, é considerado o pai da Revolução Sexual e dos primeiros pensamentos feministas.

O que mostramos aqui é que a Revolução Sexual não começou em 1960.

Vejamos mais exemplos.

Marquês de Sade (1740-1814)

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Ilustração: Marquês de Sade flagelando mulher desnuda enquanto observadores veem a cena chocados.

É por causa de seu nome que conhecemos as palavras sádico e sadismo, por exemplo. Ele era um escritor e pornógrafo. É um dos pais do pensamento sexual revolucionário, apologista da masturbação e extremamente misógino, como vemos em uma de suas citações:

“As mulheres não são nada mais que máquinas planejadas para voluptuosidade, que só devem ser alvo da luxúria”.

Ele escrevia romances pornográficos e obscenos, além de difundir a masturbação na França. Ele foi um dos primeiros a defender que o casamento é ruim, que a vida das pessoas é uma suruba interminável e que o sexo tem que ser livre.

Veja a semelhança entre o que o Marquês de Sade defendia e o que é defendido hoje:

  • A libertação das tensões eróticas;
  • O incentivo dos vícios e não das virtudes;
  • O tratamento do sexo com indiferença;
  • A importância da sensação maior do que a da razão;
  • Materialismo, dominação, consumo, aniquilação e exaustão.

Sade fez da sodomia (sexo anal) uma pauta política por causa de seu extremo desprezo pelas mulheres.

Podemos ver os efeitos desta ideia em jargões atuais, como por exemplo: “sexo anal contra o capital”. Frase frequentemente utilizada em manifestações da extrema-esquerda.

Saindo da França, vemos os pensamentos revolucionários chegando à Inglaterra.

Gilbert Imlay (1754-1828)

Gilbert Imlay foi o primeiro marido de Mary Wollstonecraft, a primeira feminista. Ele escreveu “Os Emigrantes” em 1793. Seu livro é uma espécie de tratado da apologia ao divórcio e ao sexo generalizado. Inimigo do casamento, engravidou Mary. O que aconteceu? Ele fugiu e a abandonou.

Ela tentou o suicídio porque ele não quis ajudá-la a criar seu filho. Abandonada, ela acabou encontrando um ex-pastor calvinista que havia se tornado ateu, William Godwin, sobre o qual falaremos agora.

William Godwin (1756-1836)

Ele foi um dos pensadores da Revolução Sexual inglesa. Era contra o casamento e a monogamia, defendia o amor livre e era um dos inimigos de Edmund Burke, o principal pensador do conservadorismo.

Godwin foi o segundo marido de Mary Wollstonecraft.

Mary Wollstonecraft (1759-1797)

Mary contestava o “Duplo Padrão Moral”, no qual uma mulher não poderia fazer o mesmo que um homem sem ser mal vista. Ela dizia que homens e mulheres deveriam ser julgados pelo mesmo padrão moral. Contudo, ela culpava o cristianismo e não a moral burguesa e os padrões sociais.

Também defendia a escola como um agente de transformação social.

Algumas de suas frases:

“A instituição do casamento é um sistema fraudulento”.
“O relacionamento promíscuo entre os sexos será uma das grandes melhorias que resultarão da justiça política”.

Embora este seja seu pensamento, eles se casaram. Quando questionados, justificaram que precisavam de um meio legal para proteger financeiramente tanto Mary quanto o bebê que nasceria.

Esse ato os fez reconhecer o propósito do casamento: proteger ao invés de oprimir.

Por isso foram desacreditados.

Após a morte de Mary, Godwin recebeu um contato de um jovem poeta, que também desempenhou um papel importante entre os primeiros pensadores da Revolução Sexual.

Percy Bysshe Shelley (1792-1822)

Percy também era contra o cristianismo, contra a Igreja Católica e contra o casamento, além de ser a favor do amor livre.

No entanto, foi ele quem se casou com a filha de Godwin e Mary. Mary Shelley recebeu o nome de sua mãe e foi a autora de um livro reconhecido até hoje: Frankenstein.

Este é mais um exemplo de um casamento desfigurado pela Revolução Sexual. Eles eram subversivos, depravados e defendiam o incesto, o ménage (relação à três) e tudo o que vemos hoje. Note que isto está acontecendo entre o século XVIII e XIX.

Algumas frases de Shelley:

“A conexão dos sexos deve ser mantida só enquanto contribui para o conforto das partes e naturalmente dissolvidas”.
“A castidade é uma superstição monacal e evangélica, seria difícil conceber um sistema mais cuidadosamente hostil à felicidade humana do que o casamento”.

Foram essas pessoas, que morreram infelizes, que criaram as pautas defendidas na contemporaneidade.

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Fim da primeira etapa da Revolução Sexual

Com base no livro Libido Dominandi, vemos ainda:

“Quando Shelley (marido de Mary) morreu, a primeira Revolução Sexual morreu com ele”.
“O que se seguiu foi o repúdio à Revolução Sexual que se tornou conhecida como a era vitoriana”.

O absurdo da revolução gerou uma reação. As pessoas não estavam preparadas para aquilo e se fecharam.

“A viúva dedicou o resto de sua vida a apagar os seus experimentos sexuais da memória pública”.
“Shelley tornou-se, nas mãos de sua esposa, um anjo vitoriano e assim permaneceu por 150 anos até que a outra Revolução Sexual permitisse uma interpretação diferente da sua vida”.

Segunda Etapa da Revolução Sexual

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Hippies dançando em festa.

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O feminismo tem duas faces. Uma é aparente e bonita, é a face da igualdade, da não-violência, da empatia, do respeito e da sororidade. Esse é o lado que está na luz, que querem que você veja.

Mas o feminismo tem duas faces. E a outra face é oculta.

Conheça um lado do movimento feminista que poucos conhecem: aquele que não aparece nas redes sociais, nos discursos das artistas, nem nos programas de TV.

Todo esse conteúdo estará disponível no nosso novo documentário exclusivo para assinantes: A Face Oculta do Feminismo - toque aqui para garantir seu acesso.

Segunda Etapa da Revolução Sexual

Em 1960, com os meios de comunicação, a difusão de ideias libertárias sexuais foi facilmente propagada. A televisão, o rádio e outros meios influenciavam milhares de pessoas a partir de uma perspectiva de contracultura.

Um dos grandes gatilhos que marcaram esta fase foi a pílula anticoncepcional. Com ela, as mulheres tinham acesso fácil e seguro à contracepção. Ela foi introduzida nos Estados Unidos em 18 de agosto de 1960 e, um ano depois, na Alemanha.

Assim, o caminho do sexo sem compromisso estava livre dos inconvenientes de se ter um filho.

A Revolução Industrial do século XIX, aliada ao crescimento da ciência, tecnologia, medicina e saúde também teve sua contribuição. Houve avanços na fabricação de preservativos e nas técnicas de aborto.

Nunca antes havia sido tão fácil comprar pílulas abortivas, adquirir afrodisíacos e brinquedos sexuais. Quanto ao divórcio, estava facilitado, era legal e unilateral, bastando uma das partes consentir.

Na visão moderna, as Leis de Deus não governavam mais o mundo, mas sim a vontade humana sem restrições e tabus.

O mercado econômico descobriu no sexo um produto altamente lucrativo. Direta ou indiretamente, a sexualidade tem sido instrumentalizada comercialmente.

O mundo começou a assistir a uma exploração explícita do mercado pornográfico (filmes, revistas, objetos eróticos, tráfico negro de mulheres, prostituição infantil, motéis, sex shops, etc.).

Baby Boomers

Vemos na nova geração após a Segunda Guerra Mundial, crianças acostumadas a exigir, a não fazer concessões, com expectativas moldadas pelo conforto material.

Foram elas que receberam a formação pensada pelos ideólogos adeptos da Teoria Crítica formada na Escola de Frankfurt, além das técnicas do Marxismo Cultural, a fim de fazer a cultura ocidental ruir a partir de dentro, acabando com os valores mais importantes.

As repúblicas aproximavam jovens solteiros em alojamentos compartilhados. Este novo arranjo permitia experimentos com promiscuidade, fornecia uma alternativa para o modelo aceito de vida amorosa e familiar. Foram formados seminários e grupos de estudo para discutir práticas e problemas sexuais.

O destaque, neste caso da Revolução Sexual, vai para a relação com o Sagrado, rompendo com a virgindade, pureza e castidade; e com a família, destruindo noções tradicionais.

Até então, a família, a escola e a Igreja sempre haviam educado as gerações. Com a ruptura, vimos a desestruturação disto e as universidades se transformarem em centros de formação de justiceiros sociais.

Hippies

Surge a cultura crítica, que rejeita o patriotismo, o cristianismo, a família e a defesa do país, relacionando-a com a cultura totalitarista vivida no século XX. Um dos valores da contracultura era viver em liberdade, ter a vida mais barata possível (já que o dinheiro era mal).

É assim que conhecemos o movimento Hippie, envolvendo a alteração de consciência.  

Um de seus jargões mais famosos era:

“Faça amor, não faça guerra”.

Pensava-se que desta forma, relaxando e libertando-se por meio das tensões sexuais, haveria menos ódio, menos repressão e nenhuma guerra.

Psicólogos como Richard Alpert e Timothy Leary preconizavam o uso generalizado do LSD para uma transformação de consciências na sociedade. Além disso, a contracultura estava alimentando o imaginário jovem com filmes de temática social, música e teatro psicodélico.

Os jovens começaram a ser os protagonistas das lutas sociais. Era o começo da destruição dos tabus sexuais como o homossexualismo, o divórcio e a vida de solteiro.

Este foi o ambiente no qual vários grupos de ativismo político foram formados, entre eles o Youth International Party (YIP), os famosos Yippies. Eles desempenhariam um papel de destaque durante a convenção dos Democratas. Com a sua principal tática: a confusão.

Os Yippies casaram a política com o espetáculo teatral, e criaram a fórmula do protesto como evento performático 36 que vemos até hoje.

Wilhelm Reich (1897-1957)

Reich era médico, psicanalista e cientista natural, além de ex-colaborador de Freud. Ele é mais um dos considerados inspiradores da Revolução Sexual e dos protestos de maio de 68 na França.

Ele acreditava que o corpo respondia à repressão de forma física, tensionando a musculatura. Com o passar do tempo, segundo dizia, isso gerava dores crônicas e doenças. Ao contrário de Freud, ele pensava que esta tensão precisava mais do que uma resolução verbal.

Assim, ele resolveu romper a neutralidade entre profissional e paciente na psicanálise. Sua ideia foi a vegetoterapia, ou seja, massagear seus pacientes nus ou seminus para dissolver o que ele chamava de “armadura muscular” ou “armadura de caráter”.

Para ele, esta tensão muscular impedia que o indivíduo alcançasse o orgasmo completo.

Para Reich, a energia sexual reprimida causava muitos males à sociedade, como por exemplo, o nazismo.

Nas sessões bem-sucedidas, ele relatava que via ondas de prazer (reflexo orgásmico) atravessando o corpo do paciente.

Através das relações sexuais, ele entendia que uma pessoa se tornava realmente livre, o que transformaria as sociedades e o mundo. Por isso, criou várias clínicas sexuais e advogou a favor do sexo, inclusive entre adolescentes. Um de seus livros foi A Função do Orgasmo.

Apesar de ter impulsionado a Revolução Sexual, em 1930 ele foi expulso da Sociedade Psicanalítica de Viena.

Maio de 68

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Pichações de protesto em muro durante o Maio de 68 na França, na Universidade de Nanterre.

Em 2 de maio de 1968, estudantes franceses protestaram contra a divisão de dormitórios femininos e masculinos na Universidade de Nanterre. A partir deste incentivo, outros estudantes universitários franceses e grupos políticos contrários às tradições morais resolveram unir-se às causas da libertação sexual.

As atitudes masculinas em relação às mulheres começaram a ser criticadas, e a dinâmica sexual assumiu um caráter competitivo. A noção milenar de que homens e mulheres se complementavam foi esquecida.

Este é apenas um exemplo de manchetes que foram vistas nos jornais franceses:

“Gozem sem impedimentos” (Jouissez sans entraves)

Com a televisão, o que estava acontecendo ali passou a ser visto e imitado em outros lugares do mundo.

Em pouco tempo, tudo agravou-se a ponto de haver confronto entre estudantes e policiais. Os estudantes exigiam a renúncia do presidente conservador Charles Gaulle. Assim, Paris passou por inúmeros confrontos.

Não houve conquista efetiva, mas a mudança de comportamento nas artes, na filosofia e nas relações afetivas ganharam mais espaço. No cinema, na literatura, na música e na televisão, via-se cada vez mais o sexo naturalizado, menos como um tabu e mais como um despertar da liberdade.

Feministas e eugenistas

Para entender melhor esta etapa, é preciso relembrar algumas outras feministas, mesmo as da primeira onda.

Marie Stopes

Ouviu-se falar sobre o controle de natalidade pela primeira vez em 1914. Quem falou foi Marie Stopes por meio de um boletim, um tipo de folheto jornalístico. Especificamente este que menciona o controle de natalidade se chama “A Mulher Rebelde”.

Outro termo encontrado é “controle de nascimentos”. O que se entende por isso? Já se falava em impedir o nascimento, algo além da concepção.

Ela também participou da sociedade eugenista. Chegou a escreveu outro folhetim chamado “O Valor Eugênico da Propaganda do Controle de Natalidade”, em 1921.

Ela foi simplesmente a primeira feminista nos EUA e defendia a ideia de pessoas bem nascidas:

“A eugenia é sugerida pelas mais diversas mentes como o caminho mais adequado e definitivo para a solução de problemas raciais, políticos e sociais. O problema mais urgente é como limitar e desencorajar o excesso de fertilidade daquele que é mental e fisicamente deficiente”.

A intenção era resolver problemas sociais e políticos, escolhendo quem deveria nascer ou morrer. A defesa do aborto e dos métodos contraceptivos era uma forma de purificar a sociedade.

Ela abriu a primeira clínica de aborto no Brooklin. Durou 10 dias e foi fechada, Marie Stopes foi presa, tornando-se assim mais conhecida.

Em 1920 ela publica A Mulher e a Nova Raça. Em 1921 fundou a Liga Americana para Controle de Nascimentos. Isto ainda na primeira onda do movimento feminista.

Ela também sugeria que pessoas deficientes fossem descartadas.

A Revolução Sexual está totalmente alinhada com a segunda onda do feminismo. Segundo Ana Campagnolo:

“Inúmeras evidências confirmam que a revolução feminista é uma e a mesma coisa que a Revolução sexual e que esse caráter não é inerente apenas à segunda onda. Diferentemente do que se pensa, desde as suas primeiras manifestações, o movimento é marcado por líderes que defendiam e viviam em moldes libertinos e sexualmente subversivos”.

Uma ideia fortemente presente na Revolução Sexual é libertar a mulher da escravidão biológica, ou seja, de seu próprio corpo.

Margaret Sanger (1879-1866)

Agora podemos falar de outra abortista e eugenista que colaborou com a Revolução Sexual: Margaret Sanger.

Em 1960 temos o marco de início da segunda onda e da Revolução Sexual com a pílula anticoncepcional. Mas o que notamos até agora?

A luta dos teóricos e dessas mulheres nada tem a ver com a centralidade dos direitos civis e jurídicos, mas sim com o sexo. Sanger confirma:

“As mulheres não devem pedir direitos. Somente têm necessidade de reivindicar o poder […] este poder não deverá estar na busca fútil de independência econômica e a imitar os homens na ocupação da indústria e dos negócios […] o poder da mulher pode se fazer sentir somente quando ela rejeita a tarefa de dar à luz crianças não desejadas”.

Em 1971, Jacques Lacan escreveu a seguinte frase: “A mulher não existe”. Com isso, ele quis dizer que a feminilidade é uma invenção, uma mística.

O fim da Revolução Sexual e da segunda onda do Feminismo veio em 1990 com a onda da ideologia de gênero.

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Teoria da Corporificação de Simone de Beauvoir

Para esta autora, o corpo do homem significa uma liberdade ostensiva, enquanto a mulher vive uma escravidão biológica. Também notamos o anticristianismo em Beauvoir:

“A virgindade de Maria tem principalmente um valor negativo, pois pela primeira vez na história da humanidade, a mãe se ajoelha diante do próprio filho e reconhece livremente a própria inferioridade”.

Esta era mais uma construção machista, segundo ela.

Não querendo ser mãe ou esposa por isto representar escravidão sexual e opressão, a essas mulheres restou serem amantes.

Kinsey

Apelidado de Pai da Revolução Sexual, o autor publicou obras que tiveram muita repercussão ao abordar as relações sexuais humanas.

Em uma matéria da Revista Abril chamada “Kinsey fala sobre sexo”, vemos:

“Falando em termos biológicos, não existe, na minha opinião, nenhuma relação sexual que eu considere anormal […] Levar a cabo qualquer tipo de atividade sexual é libertar-se do condicionamento cultural que a sociedade impõe, e que leva a fazer distinções entre o que é bem ou mal, entre o lícito e o ilícito, entre o normal e o anormal, entre o aceitável e o inaceitável na nossa sociedade”.

Porém, Kinsey foi desmascarado pela pesquisadora Judith Reisman no livro Kinsey, Sex and Fraud. O que ela mostrou?

Primeiro, que todas as pesquisas de Kinsey para falar de sexo tinham amostragens duvidosas. Ele contratou apenas criminosos, pedófilos e prostitutas para respondê-lo

O resultado de seu trabalho foi vendido como se estivesse falando do comportamento sexual de pessoas normais. Foi este autor que criou uma escala do homossexualismo em 6 graus, na qual todos os homens possuem certo grau de homossexualidade. Ele abordou também a sexualidade das crianças.

Entre as pessoas que ele pesquisou estava um pedófilo que havia molestado mais de 800 crianças e bebês.

Shulamith Firestone

Na página 261 do livro da Professora Ana Campagnolo, vemos algumas falas de Shulamith Firestone:

“A total integração das mulheres e das crianças em todos os níveis da sociedade. Todas aquelas instituições que segregam os sexos ou separam as crianças da sociedade adulta […] devem ser destruídas. E, se as distinções culturais entre homens e mulheres e entre adultos e crianças forem destruídas, nós não precisaremos mais da repressão sexual que mantém essas classes diferenciadas, sendo pela primeira vez possível a liberdade sexual natural”.
“Assim, chegaremos à liberdade sexual para que todas as mulheres e crianças possam usar sua sexualidade como quiserem […] serão permitidas e satisfeitas todas as formas de sexualidade. A mente plenamente sexuada tornar-se-ia universal”.

Consequências da Revolução Sexual

Mas a liberdade que a Revolução Sexual trouxe não foi gratuita. Houve glamorização do uso de drogas. Muitos morreram de overdose, tornaram-se dependentes, tiveram ataques psicóticos, deixaram filhos órfãos com pais vivos e pais vivos com filhos mortos.

O sexo foi desnaturalizado e desviado de sua função natural e as consequências foram casamentos destruídos, abortos, vícios de drogas e masturbação, pornografia e muitos relatos de tentativas de suicídio.

Acrescente-se a isto a desvalorização da mulher e depressão agravada por inúmeros relacionamentos infelizes, sem fidelidade, sem amor verdadeiro. A propagação de doenças sexualmente transmissíveis tem sido acelerada e também uma maior busca pelo aborto, devido a gravidezes precoces.

Se você se interessou pelo conteúdo, saiba que há muito mais no curso de Feminismo da Professora Ana Campagnolo. Ao tornar-se membro da Brasil Paralelo, você poderá assistir a este e a muitos outros, com temas de história, arte, filosofia, economia e muito mais.

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