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Principais ideias de Rousseau — o pensador que baseou a Revolução Francesa

História
Revolução Francesa
ideias de Rousseau
-
Redação Brasil Paralelo

As principais ideias de Jean-Jacques Rousseau influenciaram as monarquias europeias da época, a Revolução Francesa, o pensamento de Karl Marx e ainda basearam grande parte da visão de mundo do pensamento modernista.

Rousseau, o escritor suíço, foi um dos mais importantes pensadores iluministas. Tratou sobre filosofia, política e foi compositor de música clássica.

Após a publicação de seu livro “Do Contrato Social”, o mundo nunca mais foi o mesmo.

O que você vai encontrar neste artigo?

As principais ideias de Rousseau

Rousseau era a favor da ideia de formação da sociedade através do “contrato social”. Segundo ele, os homens eram livres e bons, até que se uniram para formar sociedades e assim foram corrompidos e aprisionados pela propriedade privada. As principais teorias defendidas por Rousseau são:

  • contrato social – Rousseau fez um livro com o mesmo nome, no qual defende a filosofia política do contratualismo, explica mais adiante neste artigo;
  • estado de naturezaos homens na natureza sem a existência de sociedades;
  • pacto social – os homens decidiram se unir em povos, criando estruturas que retiram a liberdade individual;
  • a principal frase de Rousseau, que mostra parte de seu pensamento do estado de natureza – “O homem nasce livre, mas por toda parte encontra-se acorrentado”.

Qual é a principal teoria defendida por Rousseau?

Dentre suas obras, a principal teoria defendida por Rousseau foi o contrato social. Para ele, a formação das sociedades foi responsável por encerrar o bom tempo da liberdade e soberania individual que existia no estado de “bom selvagem”, o período da felicidade.

Para Rousseau, a ideia cristã de pecado original, vigente no seu tempo, estava errada. Ele rompeu com a tradição cristã.

Em sua “Carta a Beaumont”, Rousseau escreveu: “Não há perversidade original no coração humano”.

Ele fortaleceu o pensamento liberal ao afirmar que tanto a natureza humana quanto as vontades humanas são boas. Sendo assim, cada pessoa deveria viver plenamente a própria subjetividade e cumprir suas vontades sem a interferência de outras pessoas e ideias.

O escritor suíço afirmava que a natureza não pode se mover sozinha, nem realizar seus processos por si, sendo guiada pelo Criador. Dessa maneira, os sentimentos que surgem na alma humana são todos bons e devem ser vividos.

  • A ideia de que todas as vontades humanas devam ser vividas podem levar ao vício. Conheça o que é um vício e como escapar dele.

Para Rousseau, o ser humano de um passado remoto vivia em estado perfeito de realização pessoal na natureza, livre e sozinho. Então, sem se saber o porquê, o homem decidiu viver em sociedades, realizando contratos entre si.

Com o surgimento da sociedade começou a queda da humanidade, segundo ele. Deste seu pensamento, surgiu sua famosa frase:

O homem nasce bom, e a sociedade o corrompe”.

Em sua teoria, disse também que a propriedade privada causou a desigualdade e as mazelas da humanidade após a realização do contrato social.

Ele defendia a igualdade total entre todos os homens como ponto fundamental de uma boa sociedade.

Junto disso, defendeu a tese igualitarista de que todos deveriam ser tratados da mesma maneira, tanto politicamente quanto socialmente.

Na obra Discurso sobre a Origem das Desigualdades, Rousseau tratou a propriedade privada como causadora do fim da liberdade humana. Foi vista como um ato puramente egoísta e de rompimento com o mundo natural.

O iluminista afirma que, para conservar a propriedade privada, os homens passaram a formar famílias e criar normas sociais. Essas instituições visavam apenas excluir os demais que não fossem do grupo dos proprietários.

Dessa maneira, apenas por estes motivos, surgiram a moral ocidental e a busca pelo poder.

A religião, os dogmas, uma moral que vale para todos os homens, tudo isso era visto por Rousseau como parte da mesma estrutura de poder.

Para ele, essa era a origem do mal.

Rousseau era contra a educação e participação política das mulheres

Em sua obra “Emílio”, ou “Da Educação”, Rousseau afirmou que as mulheres não deveriam ter acesso às funções políticas nem aos estudos da mesma maneira que os homens. Afirmou que a natureza e a razão comprovam a inferioridade do sexo feminino.

Em um dos trechos da obra “Emílio”, na página 463 da edição da editora Bertrand Brasil, de 1992, ele diz:

“A procura de verdades abstratas e especulativas, dos princípios, dos axiomas nas ciências, tudo o que tende a generalizar as ideias não é da competência das mulheres, seus estudos devem todos voltar-se para a prática: cabe a elas fazerem a aplicação dos princípios que o homem encontrou.” (ROUSSEAU, 1992, p. 463).
  • Conheça o outro oposto, o que realmente pregava e quem foi Simone de Beauvoir, uma das principais feministas da história.

Rousseau contra as ciências e as artes

Na obra “Discurso sobre as Ciências e as Artes”, Rousseau afirma que as ciências e as artes corrompem a moralidade humana.

Uma vez que ele defendia o encontro com a natureza e o aprofundamento nos próprios sentimentos como forma de encontrar a felicidade, as ciências e as artes apenas fortaleciam as amarras civilizacionais e afastavam o ser humano de sua realização.  

  • Conheça as principais ideias opostas as de Rousseau, defendidas por um dos maiores nomes da Filosofia: Santo Agostinho.

A solução política segundo Rousseau

Para acabar com o problema advindo da vida em sociedade e da propriedade privada, Rousseau propôs a soberania popular.

De acordo com sua teoria, após o fatídico contrato social, os homens só conseguiriam viver bem se passassem a viver em países pequenos onde a vontade da maioria se cumprisse, independente do que fosse decidido, já que o homem é bom.

O Estado deveria intervir em todas as situações que a soberania popular decidisse ser necessário.

A propriedade privada deveria ser abolida ou controlada pelo Estado para que se corrigissem as principais mazelas da humanidade.

A influência de suas ideias

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Comuna de Paris. Movimentos revolucionários foram influenciados por Rousseau.

Em 1764, Rousseau foi convidado para redigir um projeto de constituição para a ilha Córsega.

Algumas partes do projeto e das principais ideias de Rousseau foram aplicadas nas instituições políticas e sociais da Córsega.

Em 1770, o rei da Polônia, Stanisław Augusto, também lhe encomendou que elaborasse um projeto de uma nova constituição para seu país. Em 1772 ele terminou as “Considerações ao Governo da Polônia”.

As reformas previstas no seu projeto foram aplicadas na Polônia do Rei Stanisław.  

Rousseau também influenciou os principais líderes da Revolução Francesa.

Robespierre, o principal líder da Revolução, era um grande admirador do escritor suíço, cuja obra tomava como fundamento de suas ações.

Segundo o pesquisador Bertrand Russell, a obra de Rousseau, Do Contrato Social, “tornou-se a bíblia da maioria dos líderes da Revolução Francesa”.

Para aplicar as ideias de Rousseau, uma grande revolta foi promovida na França no ano de 1789. Apenas neste ano, aproximadamente 144 mil pessoas foram assassinadas pelos revolucionários.

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Além das influências causadas em vida, posteriormente Rousseau influenciou os principais movimentos políticos da história da humanidade: o liberalismo e o comunismo.

  • O sistema político moderno que não é nem capitalista, nem comunista: conheça o Distributismo.

Rousseau e o liberalismo

Rousseau foi um dos principais fortalecedores do movimento liberal. Embora a ideia já existisse e se espalhasse pela Europa antes de seu nascimento, suas obras fortaleceram esta filosofia de vida.

Rousseau defendia a completa liberdade moral dos indivíduos, apenas limitada em alguns aspectos por poucas leis civis.

Em sua filosofia, ele afirmava que o ser humano só seria feliz quando realizasse as suas vontades, sejam elas quais fossem.

Para alcançar este estado de beatitude terrestre, era necessário afastar-se da moral clássica, do pensamento elaborado entre a síntese da filosofia grega clássica com o cristianismo, como explicado no artigo sobre a cultura ocidental.

Rousseau defendia que as tendências da alma humana eram todas boas, o que levou ao pensamento liberal.

Também defendia a liberdade religiosa garantida pelo Estado, uma das teses do liberalismo.

Ele fortaleceu o pensamento liberal nas instituições políticas europeias e também no imaginário popular, devido a sua grande influência política e social em seu tempo.

Além disso, ele também era contrário às instituições tradicionais da sociedade, em sintonia com o liberalismo.

Rousseau era avesso a ideia de monarquia, de hierarquia e de tradição, era contrário à ideia de família como uma instituição boa e necessária.

O pai do comunismo e da esquerda

Embora possa parecer contraditório, as principais ideias de Rousseau não apenas fortaleceram o liberalismo, mas também foram a gênese do comunismo.

A base da teoria comunista de Karl Marx e do posterior pensamento progressista está nas obras de Rousseau.

Na teoria comunista, a percepção de Rousseau sobre a origem dos males da humanidade foi adotada.  

No livro “A origem da família, da propriedade privada e do Estado”, Marx e Engels, os pais do comunismo, usam a mesma tese de Rousseau.

Os dois comunistas afirmam que o homem vivia livre e de forma pacífica antes da criação da propriedade privada.

Após o surgimento desta, os conflitos começaram e o mal surgiu entre os homens, da mesma maneira que Rousseau havia dito.

  • O que é capitalismo? Afinal, o sistema capitalista é bom ou ruim?

Ambos os comunistas, assim como Rousseau, defendem que a sociedade perfeita seria a da soberania popular, com intervenção máxima do Estado, sem a existência da propriedade privada e da família.

Dessa maneira, fica claro que Rousseau foi uma das principais bases do comunismo.

  • A Escola de Frankfurt atuou fortemente de maneira sistematizada para aplicar na cultura ocidental esse tipo de pensamento. Saiba como isso foi feito.

As principais obras de Jean-Jacques Rousseau

As principais obras de Rousseau são:

  • Do Contrato Social (1762);
  • Discurso Sobre a Origem da Desigualdade Entre os Homens (1755) ;
  • Discurso Sobre as Ciências e as Artes (1750);
  • Emílio, ou da Educação (1762);

Quem foi Jean-Jacques Rousseau? Resumo da biografia

Em síntese, Jean Jacques Rousseau foi considerado um dos principais filósofos do Iluminsmo. Foi filósofo, pedagogo, músico e teórico político. Suas principais obras tratam sobre contrato social, estado de natureza e liberdade.

Biografia

Jean Jacques Rousseau nasceu em Genebra, na Suíça, em 1712. A mãe de Rousseau morreu nove dias após o parto. Seu pai era um relojoeiro burguês. A família era calvinista.

Quando Rousseau tinha 12 anos, seu pai casou-se novamente e o abandonou com o tio materno. Aos 15 anos, não suportando o convívio com o tio, Rousseau fugiu de casa e foi acolhido pelo Padre Católico Confignon, sacerdote local responsável por resgatar os genebrinos do protestantismo.

O Padre Confignon cuidou de Rousseau por um ano até quando decidiu enviá-lo para Annecy, na França, para que ele obtivesse uma educação de maior qualidade.

O jovem Rousseau, então, foi encaminhado para os cuidados de Madame de Warens, mulher de 28 anos que o encantou. Ela cuidou de Rousseau desde os seus 16 anos, garantindo boa educação para o jovem, enviando-o para estudar em Turim, na Itália.

Mesmo sendo ela uma figura materna para Rousseau, a ponto de ele a chamar de “Maman”, os dois se tornaram amantes quando Rousseau completou 20 anos.

Contudo, pelo fato de Madame de Warens possuir vários outros amantes, Rousseau não suportou os diversos casos de sua cuidadora devido a sua intensa paixão por ela. Assim, ele mudou-se para Paris.

Um dos empregos de Rousseau na capital francesa foi como músico. Sua ópera, O Adivinho da Vila, fez sucesso em Paris.

Devido a seu destaque na primeira arte, Diderot, o criador da Enciclopédia, convidou Rousseau para escrever sobre música na primeira Enciclopédia da história.

Em Paris, também desenvolveu sua vida intelectual, sendo vencedor de concursos de ensaios teóricos sobre diversos assuntos que lhe renderam fama na cidade.  

Nesse período, conheceu sua principal amante, Thérèse Levasseur, com quem teve 5 filhos. Rousseau, negando-se a criar seus filhos, convenceu sua amante a enviar todos para o orfanato.

Curiosamente, logo após abandonar seus filhos, elaborou sua obra “Emílio”, ou Da Educação”, que ensina como educar os filhos.

Após a publicação de “Emílio”, “Do Contrato Social” e “Nova Heloísa”, o povo de Paris se revoltou contra Rousseau devido a suas ideias anti-tradicionais. Suas obras criticavam o que o povo mais valorizava em sua sociedade.

Rousseau teve que fugir de Paris e passou a morar em Motiers, sob a proteção do Rei Jorge III.

Após esse período, Rousseau foi constantemente perseguido por causa de seu pensamento revolucionário. Precisou mudar de residência diversas vezes.

No final da vida, segundo seu próprio relato escrito na obra “Os Devaneios do Caminhante Solitário”, reclamou de ter sido excluído da sociedade, criticou os homens que ele chamava de naturalmente bons e passou seus últimos dias sozinho em tom melancólico.

Principais Críticas às ideias de Rousseau

Disputatio medieval. Método de contrapor ideias para chegar na melhor conclusão.

Conservadores teceram críticas às ideias de Rousseau desde as suas publicações. Até mesmo progressistas o contestaram.

Dentre os principais críticos estão: o Magistério da Igreja Católica, o Arcebispo Christophe de Beaumont, Edmund Burke, Chesterton, Plínio Corrêa de Oliveira e Olavo de Carvalho.

Alguns iluministas também se opuseram a Rousseau. Muitos iluministas supervalorizavam a razão humana, enquanto Rousseau afirmava que as emoções eram superiores ao intelecto.

O principal crítico iluminista de Rousseau foi Voltaire, seu contemporâneo.

As principais críticas a Rousseau são:

Crítica ao método

Rousseau, no início de sua principal obra, “Do Contrato Social”, afirma o seguinte:

“O homem nasceu livre, e em toda parte se encontra sob ferros. De tal modo acredita-se o senhor dos outros, que não deixa de ser mais escravo que eles. Como é feita essa mudança? Ignoro-o. Que é que a torna legítima? Creio poder resolver esta questão.”

Apenas com esse parágrafo, ele tratou a base de todas as suas teorias.

Neste parágrafo, porém, ele admite ignorar como aconteceu o contrato social.

Este é o ponto mais importante do seu pensamento uma vez que tal sucesso é o que impediu os homens de serem felizes e trouxe o mal ao mundo.

Também é o acontecimento que explica a base de todo o contrato social. Se o contrato social não tiver ocorrido da maneira e nas circunstâncias que ele afirmara, sua teoria não se sustenta.

Uma das principais ideias de Rousseau, o contrato social, foi por ele apresentada sem argumentação racional, lógica.

Rousseau não comprovou a tese histórica de que o homem vivia livre e feliz antes da vida em sociedade, tendo perdido tudo isso por causa da propriedade privada.

Em lógica, estuda-se que se a premissa estiver errada, tudo que se sucede dela também está errado.

Para os críticos, se a proposição de que o contrato social acabou com a felicidade do homem primitivo não for verdadeira, todas as soluções e argumentos de Rousseau em todas as suas obras estão erradas. O que falta ao argumento é uma base que seja real.

Sem a base histórica, resta a Rousseau apenas sua opinião, sua suposição ou ideia.

Crítica à ideia de estado de natureza ideal

Segundo Rousseau, o homem nascia livre e vivia sozinho antes do pacto social, em um estado natural de felicidade.

Esta é a ideia do bom selvagem. O problema estaria na sociedade.

Mas os bebês já nascem fruto da união de um homem e de uma mulher, eles precisam de cuidados por muitos anos. A proteção vinda de uma família e de uma organização social são necessárias.

Ademais, o ser humano não adquire qualquer tipo de conhecimento que não seja passado por uma outra pessoa que antes já o possuía.

Se um ser humano fosse abandonado para que vivesse sozinho em busca de uma liberdade teórica, não sobreviveria no início da vida, não haveria transmissão de cultura nem de conhecimento.

Muitos críticos de Rousseau afirmam que a vida em sociedade é natural ao homem, principalmente em família, e isso é um bem para a vida humana.

A própria família não consegue sobreviver sem outras famílias, devido a necessidade de proteção dos diversos perigos do mundo selvagem e da produção de alimentos.

A realidade demonstra que existe uma necessidade de interdependência humana.

As tribos indígenas e os esquimós comprovam isso.

Estes que vivem no estado mais natural que se pode encontrar no mundo moderno, em conjunto com o que a historiografia demonstra acerca dos mais antigos humanos, possuem:

  • Hierarquia — existe um líder da tribo e líderes de outras funções menores e necessárias para a sobrevivência da comunidade.
  • Família — tradicionalmente, o homem protege as mulheres e os filhos dos animais selvagens e de outras tribos e garante o alimento. Enquanto isso, é comum as mulheres cuidarem das crianças e das necessidades do lar.

As crianças aprendem como viver com os pais e adquirem conhecimento intelectual (visão de mundo) e prático (lidar com a natureza e seus itens) com os mais velhos e sábios da tribo.

  • Conflitos — aqueles que vivem no estado natural não são bons selvagens como Rousseau afirmou. De acordo com os registros históricos, os índios e os esquimós e as sociedades mais antigas também tiveram sérios conflitos.

No Brasil pré-descobrimento, as grandes tribos dos Aimorés e dos Botocudos eram conhecidas pela violência e instinto guerreiro.

  • Conheça como foram os primeiros contatos entre portugueses e indígenas. Curiosamente, as escolas não ensinam assim.

Os tupinambás brasileiros tinham o costume de praticar o canibalismo com os adversários de sua tribo.

O código de Hamurabi, um dos ordenamentos jurídicos mais antigos que se tem comprovação histórica, afirma: “Se uma pessoa roubar o filho menor de outra, o ladrão deverá ser condenado à morte”.

Essas realidades demonstram o contrário do que foi visto nas principais ideias de Rousseau.

Os povos de diversos continentes não tinham contato entre si na Antiguidade, mas em todos os continentes, a grande maioria vivia de forma contrária às principais ideais de Rousseau.

Outras considerações possíveis são as de que o ser humano também vive em sociedade por necessidade psicológica e não apenas por sobrevivência.

Em uma pesquisa feita pela Universidade de Harvard, o estudo mais longo já feito sobre a felicidade, foi demonstrado que a maior influência na conquista de uma vida boa são os relacionamentos humanos de boa qualidade.

Críticas a moral subjetiva de Rousseau

Rousseau afirma que cada ser humano deve fazer o que lhe agrada, seguindo sua própria consciência. Nessa perspectiva, as regras baseadas em uma moral objetiva são vistas como maléficas, atrapalhando a realização da vida humana.

  • Entenda o que é o relativismo moral defendido por Rousseau e suas contradições de forma mais aprofundada.

Para ilustrar a diferença entre a ausência de uma moral e uma moral objetiva, pode-se fazer uma comparação com a moral clássica, que busca as leis naturais que levam o homem à perfeição

Uma discussão na sala de aula do professor Peter Kreeft demonstra essa questão (Retirado do livro: “É razoável crer?”, de Alfonso Aguiló. Ed. Quadrante, SP, 2007.):

“Conta Peter Kreeft, um grande escritor e professor americano, que, um dia, ao dar uma das suas aulas de ética, um aluno lhe disse que a Moral era uma coisa relativa e que ele, como professor, não tinha o direito de ‘impor-lhe os seus valores’.

“Bem — respondeu Kreeft, para iniciar um debate sobre a questão — vou aplicar à classe os seus valores e não os meus. Você diz que não há valores absolutos, e que os valores morais são subjetivos e relativos.

Como acontece que as minhas ideias pessoais são um tanto singulares sob alguns aspectos, a partir deste momento vou aplicar esta: todas as alunas estão reprovadas”.

O rapaz mostrou-se surpreendido e protestou dizendo que aquilo não era justo. Kreeft argumentou-lhe:

— Que significa para você ser justo? Porque, se a justiça é apenas o ‘meu’ valor ou o ‘seu’ valor, então não há nenhuma autoridade comum a nós dois. Eu não tenho o direito de impor-lhe o meu sentido de justiça, mas você também não pode impor-me o seu

Portanto, só se existe um valor universal chamado justiça, que prevaleça sobre nós, você pode invocá-lo para considerar injusto que eu reprove todas as alunas.

Mas, se não há valores absolutos e objetivos fora de nós, você só pode dizer que os seus valores subjetivos são diferentes dos meus, e nada mais.

No entanto, você não diz que não gosta do que eu faço, mas que é injusto. Ou seja, quando desce à prática, acredita sem a menor dúvida nos valores absolutos.”

Para grande parte dos que se opõem a um relaxamento moral, ao não aceitar os limites impostos pela natureza das coisas e pelos valores transcendentais, as tragédias podem se tornar justificáveis.

Sem um padrão moral que rege a humanidade, como condenar Hitler pelo genocídio que promoveu? Esse é um exemplo de questão levantada para contestar a moral subjetiva de Rousseau.

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A solução política de Rousseau justificaria o assassinato de Sócrates, por exemplo, já que a soberania popular foi aplicada quando os representantes do povo decidiram que ele devia morrer, mesmo o filósofo tendo comprovado sua inocência.

Dessa maneira, os críticos de Rousseau afirmam que suas ideias levam à destruição do homem e do Estado.

Crítica a posição de Rousseau a respeito de dogmas religiosos

Rousseau afirmou que o Estado deve permitir que os cidadãos professem a fé e os dogmas que desejarem, contudo, em outra parte de sua obra, ele afirma que a diversidade de dogmas particulares causa os piores conflitos da vida civil.

Rousseau, defendendo a liberdade de dogmas particulares no livro “Contrato Social”, diz:

“Ora, importa ao Estado que cada cidadão tenha uma religião que o faça amar seus deveres. Mas os dogmas dessa religião não interessam ao Estado nem a seus membros, a não ser na medida em que dizem respeito à moral e aos deveres que aquele que a professa é obrigado a cumprir em relação a outrem.

Quanto ao mais, cada um pode ter as opiniões que lhe agradar, sem que o soberano precise conhecê-las, pois, como sua competência não chega ao outro mundo, não é de sua conta o destino dos súditos na vida por vir, contanto que sejam bons cidadãos nesta”.

No livro “Profissão de fé do vigário saboiano”, Rousseau atribui as causas dos conflitos entre os homens à diversidade de dogmas particulares:

“[…] Longe de esclarecer as noções do grande Ser, vejo que os dogmas particulares os confundem; longe de enobrecê-los, os aviltam; aos mistérios inconcebíveis que o cercam, acrescentam contradições absurdas; tornam o homem orgulhoso, intolerante e cruel; em vez de estabelecer a paz na terra, trazem o ferro e o fogo.

Eu me pergunto para que serve tudo isso, sem saber me responder. Vejo nisso apenas os crimes dos homens e as misérias do gênero humano”.

Rousseau, então, afirmou que os dogmas particulares são causadores dos piores conflitos da sociedade. Contudo, se o governo deve procurar o bem comum, como ele poderá permitir em seu território a existência dessa diversidade que causa os piores males da humanidade?

Assim, as principais ideias de Rousseau entram em contradição.

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Rousseau foi avesso a posições tradicionais. Contudo, ele justifica a posição política tradicional no livro “Profissão de fé do vigário saboiano”: o postulado de uma religião única defendida pelo Estado em uma nação.

Rousseau também criticava a existência de uma religião com dogmas e defendia uma religião natural sem nenhum postulado fixo.

Peter Kreeft, no livro já mencionado, afirma o seguinte sobre o pensamento anti-dogmas religiosos:

Se se analisar com um pouco de detalhe as suas argumentações, é fácil observar — como explica Peter Kreeft — que quase todas costumam refutar-se a si próprias:

— “A verdade não é universal” (exceto esta verdade que você acaba de afirmar?).

— “Ninguém pode conhecer a verdade” (a não ser você, segundo parece).

— “A verdade é incerta” (então também é incerto o que você diz!).

— “Todas as generalizações são falsas” (esta também?).

“Você não pode ser dogmático” (com essa mesma afirmação, você mostra que é bastante dogmático).

— Não me imponha a sua verdade” (o que significa que neste momento que você me está impondo as suas verdades).

— “Não existem absolutos” (absolutamente…?).

— “A verdade é apenas uma opinião” (a sua opinião, pelo que vejo). E assim por diante.

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