a importância de ler clássicos
Danni Ferreira
A Humana Comédia
A Humana Comédia

Um mundo muito maior do que o mundo

Por 
Danni Ferreira
25/8/2022
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Já teve aquela sensação de que o mundo é tão grande, mas tão grande, que mesmo que você vivesse em férias, tivesse 365 dias livres por ano e fosse muito, mas muito rico, ainda assim seria impossível conhecer o mundo todo?

E sabe aquela pessoa que conhece um pouco da Europa, um pouco da América, deu um pulo na África e se acha a pessoa mais viajada do mundo? Ela não conhece nada.

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a importância de ler clássicos

Tem aquela cidadezinha incrível que existe naquele país que você nunca pensou em conhecer porque, afinal, como pensar em conhecer se você sequer ouviu falar?

É mais ou menos assim que eu me sinto agora, pensando sobre as possibilidades da vida humana que eu jamais vou conhecer, porque nem sei que existem.

Quando a gente pensa em “conhecer o mundo”, pensa em países e algumas cidades. Agora imagina: todos os países, todas as grandes cidades dos países, todas as pequenas cidades dos países, todos os bairros das cidades dos países, todas as ruas dos bairros das cidades dos países.

As possibilidades humanas são um mundo muito maior do que o mundo.

E o crescimento pessoal só acontece através do conhecimento real de outros seres humanos, de outras histórias.

Ninguém cresce olhando para dentro. Desde que nascemos, crescemos olhando pra fora. Pelo exemplo, pelo que vemos, pelo que ouvimos, que admiramos, que repelimos.

Não bastam, para o crescimento pessoal e para ampliar os horizontes, apenas uns amigos, colegas, parentes e mais uma meia dúzia três ou quatro.

Por mais que a gente conheça gente, só o nosso círculo social é pouco, restringe muito as possibilidades.

Por exemplo: todo adolescente quer saber quem ele é, quer ser alguém que ele ainda não sabe quem. Existem muitas coisas sobre a vida que ele não tem como aprender simplesmente na base de tentativa e erro.

Como ele pode saber até onde a vida humana pode chegar, se o que ele conhece é apenas... o que ele conhece?

Esse adolescente pode ficar adulto, depois velho, viver 102 anos e, ainda assim, não ter ideia de até onde a vida humana pode se expandir.

Imagina uma piscina de 10 mil litros. Ali cabem todas as possibilidades humanas. Mas ele só viveu 10 litros de possibilidades. O resto é um modo de ausência, algo que em sua constituição como indivíduo ficará vazio. Ele não sabe exatamente o porquê, mas sabe que sente um vazio.

Mas como ele poderia conhecer uma cidade que nunca soube que existia?

Como ele poderia querer ter essa ou aquela virtude, lidar com esse ou aquele defeito, agir de um modo diferente do que sempre age, reagir de outra forma a uma mesma situação, se ele só conhece o mundinho dele?

Como?

Lendo. 

“Um clássico é principalmente uma obra de literatura em que uma experiência, ou uma possibilidade humana permanente, ficou registrada de modo excepcionalmente claro. Algo que afeta a vida de cada indivíduo que já existiu, existe, ou venha a existir ficou ali registrado de maneira especialmente clara. 

Significa que aquela obra pode iluminar a vida de qualquer ser humano”

Os clássicos são o melhor – senão o único - meio capaz de aumentar nossas possibilidades humanas e nos livrar do horizonte estreito.

Eles nos apresentam às gerações passadas, a seres humanos que viveram há cem, duzentos, quinhentos, mil, ou dois mil anos. Não importa a época: humanos são humanos e as dores e medos e anseios e dilemas e motivações são os mesmos.

Os livros estão aí. A decisão é nossa. Podemos escolher se queremos crescer conhecendo um mundo maior do que o mundo, com milhões de vidas e histórias, ou se nos contentamos com o bairro, com uns amigos, colegas, parentes e mais uma meia dúzia de três ou quatro limitadas vidas.

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