O novo cangaço
Danni Ferreira
A Humana Comédia
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O novo cangaço

Por 
Danni Ferreira
27/6/2022
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Essa história nos leva ao sertão nordestino, entre os anos 1922 e 1938.

Mas se você pensa que o que vou contar é apenas coisa do passado, sinto dizer, está enganado.

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O novo cangaço

O tempo passou, a barbárie do crime continua e o heroísmo às avessas, também conhecido como bandidolatria, existe até hoje.

Não mais só no sertão do nordeste, mas nesse Brasil inteiro, de norte a sul. 

"Olê mulher rendeira
Olê mulher rendá
Tu me ensina a fazer renda
Que eu te ensino a namorar"

Virgulino Ferreira da Silva era chamado de Lampião.

Além de compositor dessa famosa e aparentemente inocente música, Lampião era também o "Rei do Cangaço".

Quando ele e seu bando chegavam nas vilas cantando, era a certeza de que uma dessas duas coisas aconteceria: muita festa ou muito sangue. 

Se o povo lhes negasse dinheiro e comida, faziam sua festa particular: raptavam crianças, estupravam mulheres, torturavam e matavam sem piedade. Fazendas inteiras eram queimadas junto com seus rebanhos.

Lampião dominou o Nordeste a ponto de quase formar um império.

Ele e seus bandoleiros cometeram incontáveis atrocidades.

“Sangravam” pessoas, apunhalando-as entre a clavícula e o pescoço. 

Arrancavam olhos, orelhas e línguas.

Marcavam rostos de mulheres com ferro quente.

Castravam os homens à faca,

O que provocava gargalhadas gerais entre os cangaceiros.

Lampião se divertia muito com essas coisas. 

Certa vez, minutos antes de um de seus maiores ataques, ordenou que toda a sua tropa cantasse Mulher Rendeira a plenos pulmões enquanto gritava uma ordem de morte a todos os que estivessem ali. 

E foi assim, em mais de 30 anos de matança, que o Rei do Cangaço e muitos de seus bandoleiros, todos sádicos e foras-da-lei, tornaram-se ídolos populares. 

Até hoje, os túmulos de alguns cangaceiros são locais de devoção e visitação.

A população não faz honras ao prefeito de uma das cidades invadidas, que morreu em combate.

Nem ao Coronel que liderou a resistência ao cangaço.

Mas aos cangaceiros que cantavam antes de matar. E riam depois de cantar. 

Já não estamos mais entre 1922 e 1938.

Estamos na década de 2020, porém…

Vivemos em tempos do "novo cangaço".

Cada vez mais, crimes são praticados durante a noite ou madrugada por "bandos" extremamente agressivos e fortemente armados.

Cidades do interior são sitiadas e reféns civis são usados como escudos para que o bando possa roubar principalmente bancos e grandes quantias de dinheiro.

Assim, os "novos cangaceiros" dominam as cidades e aterrorizam a população.

Assassinos circulam mais livres que cidadãos de bem. 

Bandidos têm mais benefícios e regalias que policiais. 

A mídia inverte os papéis.

Os policiais são apresentados como criminosos e os bandidos, aparentemente, se transformam em vítimas.

Esse tal "novo cangaço" e a bandidolatria são alguns dos assuntos tratados em Entre Lobos, o maior documentário sobre criminalidade e segurança pública já feito no Brasil. 

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