A educação é um dos principais argumentos dos políticos durante a corrida eleitoral.
“Precisamos destinar mais verba para a educação.” - eles sempre dizem. Mas por que esse sistema é tão importante para a manutenção do Estado?
Já parou para pensar que a escola tal qual a conhecemos se assemelha a uma indústria ou prisão?
Indivíduos uniformizados são trancados em diferentes salas para ficarem obedientes. O local tem muros altos e horários rígidos. São submetidos a acordarem cedo e é preciso pedir permissão para sair e ir ao banheiro. Em determinada hora do dia, toca um sino e é permitido por um tempo descerem ao pátio para tomarem sol e comerem um lanche.
Todos recebem o mesmo tratamento, durante o mesmo intervalo de tempo, são testados da mesma maneira, como se fossem todos iguais.
Ainda que qualquer cientista afirme que não há cérebro humano igual a outro, essa máxima parece pouco importar sob a ótica educacional.
“Se você julgar um peixe por sua habilidade de subir em árvores, ele passará toda a sua vida acreditando que é estúpido.”
Começo este breve diálogo entre nós com a célebre frase erroneamente atribuída a Albert Einstein - não há registros de que ele a proferiu, mas isso é apenas curiosidade.
Aquietai vosso coração, pequeno gafanhoto. Esse não é mais um daqueles textos de LinkedIn que questiona a importância de certos conhecimentos transmitidos em sala de aula em detrimento de outros. Não pretendo criar um cabo de guerra entre os defensores do sistema X ou Y, nem criticar as bizarrices que surgem pelo caminho.
Prometo neste breve período que estivermos juntos não opinar sobre a real necessidade do seu filho - que não dá a mínima para botânica – aprender que o Reino das Plantas é composto por Briófitas, Pteridófitas, Gimnospermas e Angiospermas.E claro, também vamos deixar o pobre Bháskara - que só é lembrado na hora da prova de matemática - de fora dessa, ok?
Isto posto, eu lhe pergunto: alguma vez já parou pra pensar na sua educação e na dos seus filhos?
Por último, e não menos importante, por que diabos eu devo me importar com isso?
Foi em 28 de outubro de 1717 que Frederico Guilherme I, rei da Prússia, instituiu a obrigatoriedade do ensino primário no seu país, obrigando que as crianças ficassem de 5 a 12 anos na escola. Inclusive, na mesma época, o déspota esclarecido (influenciado por ideais iluministas) impediu por lei a contratação de qualquer criança que não houvesse concluído o ensino obrigatório.
Em 1806, a Prússia, sob o comando de Frederico Guilherme III, é derrotada por Napoleão. Os soldados prussianos eram muito individualistas e pensavam por conta própria ao invés de obedecerem às ordens de comando, o que levou os governantes a repensarem sua estratégia, reformulando o ensino obrigatório para não incorrerem no erro novamente.
O novo sistema também ensinava as habilidades necessárias para uma nação em processo de industrialização, como ler, escrever, e fazer cálculos. Porém, o objetivo por trás era, na verdade, a educação baseada no senso de dever, disciplina, respeito à autoridade e obediência ao comando. Uma forma de incutir obediência social, lealdade à Coroa (leia-se Estado), e treinar jovens para o exército através de doutrinação obrigatória.
Sob forte influência do filósofo Fichte, que proferiu as seguintes frases que transcrevo abaixo, o governo instituía um modelo que pré-definia O QUÊ a criança devia aprender, COMO se devia pensar o assunto e por QUANTO TEMPO a criança devia estudar determinado tema.
“A escola deve moldar a pessoa, moldar de tal forma que ela não queira outra coisa senão aquilo que o sistema deseja que ela queira.”
“O objetivo da educação é destruir o livre arbítrio, de modo que, pelo resto de suas vidas, os alunos sejam incapazes de pensar ou agir de forma diferente da vontade do educador.” - Johann Gottlieb Fichte
Não preciso dizer que foi um sucesso e que o modelo rapidamente foi copiado para os demais países, certo?
Em 1810, o ministro decretou a necessidade de um exame estatal e certificação de todos os professores, que precisariam ser formados pelo Estado.
Anos depois, escolas privadas começaram a ser permitidas, mas eram obrigadas a terem o mesmo padrão de instrução das escolas do governo. Através dessas regulações, o Estado foi capaz de impor seu controle sobre todas as escolas do país, públicas e privadas.
Te lembra algo?
Faremos um breve exercício visual.
Olhe para estas imagens lado a lado:
Notou algo estranho? Pois é...
Por que será que repetimos esse modelo há séculos?
As semelhanças são tantas que, se pudéssemos viajar no tempo e trazer um professor do século passado para ministrar uma aula hoje em dia - tirando as diferenças óbvias do avanço tecnológico - não é muito difícil imaginar que o docente facilmente se adaptaria à nossa realidade escolar.
Antes de entrar para a Brasil Paralelo, eu estudei Design Gráfico numa universidade privada.
Sim, privada, o que deveria oferecer maior autonomia para as instituições montarem sua própria grade curricular, correto?
Não exatamente.
Se chegou até aqui, já deve ter notado o tamanho do caroço nesse angu, mas ainda deve estar se perguntando o que toda essa ladainha tem a ver com seus filhos e onde entra a doutrinação no meio disso.
Certo dia, abri meu e-mail e havia um comunicado oficial da faculdade com o seguinte recado:
Como você já pode imaginar, a exibição do filme “Branco sai, Preto fica”, de Ardiley Queirós, cuja sinopse “Tiros em um baile de black music em Brasília ferem dois homens, que ficam marcados para sempre. Um terceiro vem do futuro para investigar o acontecido e provar que a culpa é da sociedade repressiva.” não tem absolutamente NADA a ver com a ementa do meu curso.
Nenhum dos dois homens feridos no tal baile de black music vão me ensinar a fazer uma composição no Photoshop, ou a montar uma vinheta no Adobe Premiere; quanto mais o terceiro, que veio do futuro e nem imagina o que está acontecendo...
Eu não ignoro que o racismo exista e deva ser combatido - ainda que eu discorde da forma como a questão é tratada hoje - porém, eu não destinei meu suado dinheiro para assistir isso.
Eu não esperava ao pagar e assinar meu contrato que esse tipo de conteúdo seria imposto em sala de aula.
E eu não quero ser obrigado a ouvir - ainda que pela melhor justificativa do mundo - algo que eu não concordei em participar.
Levei falta.
Por que isso acontece? É bem simples.
Existe uma agência criada pelo governo Getúlio Vargas chamada Ministério da Educação, o MEC.
Ele regula, além da educação estatal, o ensino privado.
Tudo precisa passar pelos braços do MEC.
Agora, se a educação que seus filhos recebem é toda controlada por funcionários públicos, que operam dentro das normas estabelecidas por um sistema estatal, não é surpresa nenhuma que eles cresçam acreditando que:
Muito mais do que a criatividade pouco incentivada, escolas matam a sua liberdade de pensar por conta própria.
E vamos criando um sistema de ensino público cujo objetivo principal é a socialização dos nossos filhos.
A obediência, a conformidade do rebanho, a submissão à autoridade do sistema e do professor são mais importantes do que a inteligência, a curiosidade ou a criatividade.
Os que se deixam moldar são recompensados com boas notas. Aqueles que não submetem a sua vontade aos detentores do poder, são frequentemente esmagados e tratados como maus elementos.
Se isto fosse verdade, não veríamos tantos gênios, empreendedores e bilionários que se destacaram em suas áreas, mas eram péssimos alunos.
Detalhe: o sistema compulsório estatal foi o combustível para a usina totalitária. Na base do totalitarismo e educação obrigatória está a ideia de que as crianças pertencem ao Estado mais do que a seus pais.
Um dos principais promotores desta ideia na Europa foi o Marquês de Sade, que insistiu que as crianças são de propriedade do Estado.
Você sabia que não é permitido educar seu filho em casa sem que ele esteja na rede regular de ensino e que a falta de frequência é compreendida como negligência dos pais?
O Ministério da Educação, por exemplo, considera o homeschooling (educação domiciliar) ilegal e inconstitucional.
Se você tem mais de 18 anos, certamente já vota, afinal, é obrigatório (como muita coisa nesse país).
Não parece minimamente estranho lhe ser permitido definir o futuro do seu país, e eleger uma figura que mandará em todo território brasileiro pelos próximos anos ao mesmo tempo que lhe é proibido ensinar seu próprio filho em casa?
Pense nisso uns segundos.
Por que burocratas confiam que você é capaz de decidir os rumos da nação ao passo que presumem que você é incapaz de educar sua própria criança?
Afinal, por que eu devo ser obrigado a pôr meu filho numa escola? Por que o funcionalismo público pode determinar o que meu filho irá estudar e eu não? Que autoridade ética e autonomia eles têm pra decidir isso?
Ok, eu já entendi tudo isso, mas o que posso fazer?
O Primeiro passo é educar seu filho além do sistema de ensino.
Não aceite tudo o que vem da escola: faça suas próprias pesquisas e estudos, a internet é uma ferramenta poderosa e facilitadora.
Incentive a criatividade e o questionamento: saber o porquê de estar estudando tal matéria é importante para a compreensão e o interesse. Além de ser muito melhor do que responder simplesmente “porque vai cair na prova”.
Caminhe em direção à liberdade, lutando por menos interferência estatal na educação dos seus filhos.
Lembre-se: o problema não é combater a doutrinação de esquerda ou direita presente nas universidades e centros acadêmicos; o problema é ser obrigado a submeter seu filho a receber conteúdo ideológico, seja enaltecendo Marx ou elogiando o Regime Militar.
Se você quiser colocar seu filho no “Colégio Amigos de Che Guevara” que prega abertamente o marxismo, ótimo! Seja feliz no seu mundinho, só não me obrigue a fazer o mesmo com minha filha.
Felizmente hoje, milhares de famílias escolhem o ensino doméstico, ainda que tenham receio de serem denunciadas.
A aprendizagem já está vastamente disponível na internet. Iniciativas como a Khan Academy estão ganhando cada vez mais força. Para quem não conhece, a Khan Academy é uma ONG educacional criada e sustentada por Salman Khan com a missão de fornecer educação de alta qualidade para qualquer um, em qualquer lugar, a qualquer hora.
Eles oferecem uma coleção grátis de vídeo-aulas de matemática, medicina e saúde, economia e finanças, física, química, biologia, ciência da computação, entre outras matérias. Tudo voluntário, mediante doações da iniciativa privada.
Incontáveis outras formas de estudar gratuitamente surgem dia após dia, como o Google Scholar, a Microsoft Academy, a Harvard Online Learning, a Learncafe, a Codecademy, o Duolingo, além de milhões de verbetes do Wikipedia e mais de um bilhão de horas de tutoriais no YouTube.
Obviamente, se faz necessário lembrar que não é porque uma informação está na internet que ela automaticamente se torna verdadeira. Sempre é importante analisar o conteúdo antes de tirar conclusões precipitadas, como tudo na vida.
A esperança é que, com a proliferação destas alternativas descentralizadas, seguir um caminho para uma educação cada vez mais livre se tornou possível.