Prazeres destemperados criam vontades desordenadas; vontades desordenadas provocam inteligências obscurecidas; inteligências obscurecidas cedem ao corpo e ignoram a alma.
Sócrates compara os desejos de uma pessoa destemperada a uma peneira:
“Uma vida de desejos e vontades destemperadas que não podem ser saciados jamais”.
Fui (e hoje ainda luto desesperadamente para não ser) uma pessoa com muita dificuldade de dizer não às minhas vontades.
Eu também achava que o prazer era a essência da felicidade. Claro, com a inteligência obscurecida, não vemos que é o exato oposto: quanto mais vivemos apenas para momentos “cheios de prazer”, mais cheios de vazio vamos viver.
Passei anos trocando o que era bom e moral pelo que eu achava que me “fazia bem”, mas que afinal só me deixava mais perdida.
São Francisco de Sales diz:
“Nascemos para buscar a felicidade. Por isso, nosso pobre coração, ao correr atrás das criaturas, corre ansioso, crendo poder satisfazer seus desejos; mas apenas os alcança, comprova sua vaidade e nunca se satisfaz (…)”
Hoje sei que o prazer momentâneo é ilusório, que tapa um furinho aqui, mas destapa outro ali. No fim das contas, vivendo assim você acaba virando a tal da peneira de Sócrates: por mais que encha, é questão de (pouco) tempo pra ficar de novo vazia e ter que achar outro prazer pra (tentar) encher novamente.